Em 1989, o PT implantou o Orçamento Participativo, OP - em Porto Alegre, a sua primeira conquista significativa em termos políticos. Inicialmente dominado por grupelhos organizados do partido, foi aprimorado e é mantido até hoje.
O OP se caracteriza por três grandes momentos: as reuniões preparatórias com a comunidade, a rodada única de discussão em cada região ou bairro e uma assembléia geral municipal. Com isso, a população conhece cada obra, debate cada solução apresentada e escolhe o que é melhor para a cidade. O OP é reconhecido, pela ONU, como uma das melhores práticas de gestão pública do mundo, implantado em cidades como Saint-Denis (França), Rosário (Argentina), Motevidéu (Uruguai), Barcelona (Espanha), Toronto (Canadá), Bruxelas (Bélgica), Belém (Pará), Santo André (SP), Aracaju (Sergipe), Blumenau (SC) e Belo Horizonte (MG). Mais do que isso: o Orçamento Participativo sempre foi uma das bandeiras do PT para chegar ao poder, carregada por todos os ditos "movimentos sociais".
A pergunta é: por que o Lula não seguiu esta mesma dinâmica para construir o PAC, Plano de Aceleração do Crescimento, no plano federal? Por um motivo muito simples: hoje o PT é um partido a serviço do capital especulativo, das grandes empreiteiras, dos coronéis nordestinos, dos políticos historicamente mais corruptos e, principalmente, da elite partidária que se aboletou dentro da máquina do estado, com a única intenção de aumentar o fundo partidário e financiar as dezenas de correntes que existem dentro do partido.
A greve de fome do Frei Cappio, apoiado pelos mesmos "movimentos sociais" que construíram o PT e o seu líder Lula é uma prova de que não são mais os mesmos. A única coisa que estão pedindo lá pelas margens do Velho Chico é que o PT retome o que ele mesmo inventou: o Orçamento Participativo. Querem debater, discutir, "que o governo federal abra um canal de diálogo com toda a sociedade sobre o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. Não sem antes retirar as tropas do Exército dos eixos Leste e Norte, onde as obras já estão paralisadas, desde a sexta-feira, por força de uma liminar concedida pelo Tribunal Regional Federal".
O que o PT oferece em troca? Um PAC totalitário, comandado pela mão de ferro da "trotskista aposentada"(definição do Financial Times), uma "gerentona" que é a próxima candidata à presidência, cujas decisões ditatoriais são postas de forma contundente, nem que custe a morte de um religioso de extrema esquerda, um militante de longa data, um dos seus, como está acontecendo com o Frei Cappio.