O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou
nesta quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal o afastamento do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do cargo de deputado
federal e, consequentemente, das funções na presidência da Casa. O
pedido foi protocolado no gabinete do ministro Teori Zavascki, relator
da Operação Lava Jato na Corte, e deve ser analisado em plenário pelos
11 ministros do tribunal.
A informação foi antecipada ontem pelo
Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, e pelo
portal estadão.com.br. Não há previsão de quando o pedido de afastamento será levado
por Zavascki para análise pelo plenário. Esta quinta-feira é o último
dia de trabalho do Judiciário do ano, quando entra em recesso e só
retorna em fevereiro.
Janot lista uma série de eventos que indicam “crimes de
natureza grave”, com o uso do cargo a favor do deputado, integração de
organização criminosa e tentativa de obstrução de investigações
criminais. O deputado peemedebista é suspeito, por exemplo, de
apresentar emendas em onze medidas provisórias de interesse de
empreiteiras e bancos, de ameaçar o relator do Conselho de Ética que o
investiga e de usar a CPI da Petrobrás para “constranger e intimidar
testemunhas” de supostos crimes de corrupção cometidos por ele.
“O Eduardo Cunha tem adotado, há muito, posicionamentos
absolutamente incompatíveis com o devido processo legal, valendo-se de
sua prerrogativa de presidente da Câmara dos Deputados unicamente com o
propósito de autoproteção mediante ações espúrias para evitar a apuração
de sua conduta, tanto na esfera penal como na esfera política”,
escreveu Janot na peça de 183 páginas.
De acordo com o procurador-geral, o objetivo da medida é
garantir a ordem pública para evitar nova prática de crimes e manter o
“regular andamento” da investigação. Janot diz que o afastamento não é a
medida mais drástica que poderia ser tomada – mais grave seria um
pedido de prisão preventiva que, segundo Janot, foi descartada em “um
primeiro momento”.
Segundo a Procuradoria, as ações de Cunha para interferir na
investigação e no processo de apuração interna no Conselho de Ética da
Casa são “evidentes e incontestáveis”. Janot aponta uso da atividade parlamentar para fins ilícitos,
como a venda de medidas provisórias para beneficiar, por exemplo, o BTG
Pactual. O peemedebista era um “longa manus” dos bancos, escreveu o
procurador-geral. Mensagens de celular captadas mostram ainda conversas
do deputado com executivos da OAS para negociar a apresentação de
emendas de interesse da empreiteira.
Em troca, segundo os
investigadores, Cunha teria cobrado pagamentos de R$ 1,5 milhão e R$ 400
mil. “Graves fatos, concretos e recentes, impõem o afastamento de
Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados, visto que vem
utilizando essa relevante função em benefício próprio e de seu grupo
criminoso com a finalidade de obstruir e tumultuar as investigações”,
afirmou o procurador. De acordo com ele, Cunha conta com o auxílio de
outros parlamentares para realizar as manobras, usando seu poder como
presidente da Câmara.
Argumentos. A operação feita nesta semana
pela Polícia Federal a pedido da Procuradoria ajudou a embasar o pedido
de Janot. Entre os elementos recolhidos nas buscas estão documentos
relativos a interesses de Cunha no exterior, como papéis dos bancos
Julius Baer e do Merril Lynch. Os investigadores encontraram ainda no
bolso do paletó de Cunha o boletim ocorrência em que o deputado Fausto
Pinato, ex-relator do processo instaurado no Conselho de Ética, relata
crime de ameaça. Para a Procuradoria o “interesse incomum” de Cunha pelo
documento reforça a suspeita em torno da atuação do peemedebista para
pressionar o então relator do processo.
Entre o material obtido nas buscas, os investigadores também
encontraram no quarto do deputado uma folha com informações sobre a
aquisição do campo de Benin pela Petrobrás, operação que teria gerado
pagamento feito em uma das contas encontradas na Suíça.
3 comentários
e o renan e a dilma cade;;;;....pois é, queremos saber, por que só o cunha, tem que sair os tres
ReplySe Eduardo Cunha não tem condições, porque dilma; renam teriam? Esse Janot já está sendo ridículo demais nessa sua sanha em defesa da dilmandioca. Essa sua perseguição sem trégua vai acabar facilitando para o Cunha e sua defesa.
ReplyCel
ReplyO Janot queria dar o golpe do impeachment no Supremo. Ao constatar que seu plano não deu certo, tirou da pasta uma petição de 180 fls, feita no "intervalo" pedindo o afastamento do Cunha. Na véspera tinha ordenado a busca e apreensão x Cunha. Os atos tem uma cadência ensaiada. Causa-me espécie o descaramento do Janot. Só falta pintar a estrela do PT na testa.
Esther