(Estado) A medida provisória que teria sido “comprada” no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
foi aprovada pelo Congresso sem o registro nominal de votos de
deputados e senadores. No jargão legislativo, o texto passou em votações
simbólicas, quando há uma manifestação coletiva dos parlamentares. A MP
também foi transformada em lei sem sofrer qualquer alteração desde sua
edição pelo governo, o que é raro de ocorrer.
Documentos obtidos pelo Estado
indicam que a Medida Provisória 471, editada em 2009, que prorrogava
incentivos fiscais de 2011 até 2015 em três regiões (Norte, Nordeste e
Centro-Oeste) teria sido “comprada” por meio de lobby e de corrupção
para favorecer montadoras de veículos. A Polícia Federal e o Ministério
Público vão tentar rastrear os pagamentos.
Na tramitação da medida no Congresso, o deputado de oposição
José Carlos Aleluia (DEM-BA) foi designado relator e propôs a rejeição
de todas as emendas. Ele disse ter procurado o então presidente da
Câmara, Michel Temer (PMDB), para relatar a matéria por acompanhar desde
o governo Fernando Henrique Cardoso a implementação da fábrica da Ford
na Bahia. Segundo ele, houve um acerto com o governo para não se alterar
qualquer ponto da MP. “Não percebi que havia sacanagem nenhuma. Fiz o
que interessava a Bahia, mas fico com a sensação de que o Brasil estava
sendo governado por uma quadrilha”, criticou.
Aprovação. Na Câmara, a medida foi aprovada
rapidamente e sem grande debate. Ninguém da base aliada falou. O
deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) foi o único a discutir a matéria. Ele
chegou a questionar o fato de o governo, em vez de ter um projeto de
lei, instrumento mais adequado para discutir a matéria, usar medidas
provisórias. Mas, no mérito, se posicionou a favor.
A medida chegou ao Senado formalmente no dia 22 de dezembro de
2009, mas só foi votada pelo plenário da Casa no ano seguinte, em 24 de
março de 2010. Ex-governador da Bahia que ocupou dois ministérios no
governo Dilma, Transportes e Portos, o senador César Borges (PR) relatou
a matéria na Casa. Ele destacou que a medida era “muito importante”. A
reportagem não conseguiu localizá-lo.
Durante os debates em plenário, o então senador ACM Júnior
(DEM-BA) criticou o posicionamento do PT que, na época do governo FHC,
foi contra a medida provisória que concedeu originalmente os
incentivos.
3 comentários
Coronel,
ReplySe não colocarem O MAIOR CORRUPTO DEFTEPAIF na cadeia, o CÂNCER DO BRASIL na cadeia, o Brasil não vai nem começar a reagir.
Parabéns pelos artigos e pelas matérias super-interessantes!
ReplyNão que essa não seja importante, mas vale lembra que o mensalão teve entre outros motivos a compra de votos de deputados para que o desgoverno de moluscão aprovasse a reforma da previdência que lascou a aposentadoria dos servidores públicos.
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