Coluna de Aécio Neves, presidente do PSDB, publicada hoje, na Folha, intitulada " A não presidente":
O arremedo de reforma ministerial que acaba de ser anunciado expõe ao
limite máximo a constrangedora fragilidade da presidente da República e
tem como principal efeito o adensamento da desqualificação da sua gestão
à frente do país.
No momento em que o Brasil precisava de um gesto de desprendimento e
coragem para fazer mais do que uma reforma, uma revolução gerencial, com
intervenções profundas na estrutura governamental e a introdução de
mecanismos inovadores em busca de eficiência e resultados, além de uma
imperativa limpeza ética, o que se viu foi uma reforma marcada pela
covardia e pela farta distribuição de nacos de poder, como se fossem
mercadorias entregues àqueles que, de alguma forma, ameaçavam a
permanência da presidente no cargo.
Ou alguém em sã consciência pode acreditar que a escolha dos novos
ministros – para ficar apenas nas duas pastas mais relevantes – teve
como objetivo melhorar a qualidade da saúde pública oferecida aos
brasileiros ou colocar de pé a falaciosa "pátria educadora"?
A lógica da reforma não foi servir ao Brasil, mas, uma vez mais, atender
às conveniências e aos interesses nada republicanos do governo e do PT.
A verdade é que a presidente capitulou e jogou pela janela o pouco de
autoridade que lhe restava.
Com o país mergulhado em crises cada vez mais graves, meses de
discussões foram consumidos nos gabinetes de Brasília com o único
propósito de evitar o encontro de contas com a Justiça de uma presidente
eleita através de manobras sob drástica suspeição e pressionada por
sucessivas denúncias de que o dinheiro da corrupção alimentou o caixa de
sua campanha eleitoral.
Está chegando a hora de esclarecer com rigor tudo o que aconteceu. Os
órgãos de controle do país saberão cumprir com independência, e sob o
olhar atento da sociedade brasileira, o papel que deles se espera.
Porque ninguém pode estar acima da lei, em especial quem deveria dar o
exemplo – a presidente da República.
Se antes tínhamos uma presidente frágil, acossada pela crise econômica
que seu próprio governo criou; pelos seus efeitos sociais que atingem de
forma avassaladora principalmente os mais pobres, com o desemprego
alarmante, juros escorchantes e inflação crescente; e por uma crise
moral sem precedentes, com denúncias que chegam cada vez mais próximas
do seu governo e do seu antecessor, resta agora uma "não presidente"
que, para continuar no Palácio da Alvorada e frequentando o escritório
do Planalto, parece ter abdicado das suas responsabilidades
constitucionais.
A sensação que nos resta está expressa na frase proferida pelo
ex-presidente Fernando Henrique: "A presidente já não governa mais. Ela é
governada".
Até quando?
4 comentários
Covardão! Se borra todo.
ReplyData venia, Senador, "adensamento da desqualificação" é phoda! Tentemos falar ao homem da rua, sem tanto beletrismo.
ReplyCel
ReplyAté quando a oposição permitir, Aécio.
Esther
Ela faz isso porque no congresso e no senado tem um monte de vendidos(tem preço)!Vendem atá a mãe!Ainda não entenderam que os brasileiros estão acordando!Vão precisar de votos pra voltar!
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