Que ajuste fiscal é esse?

Coluna de Aécio Neves (PSDB-MG) na Folha de São Paulo de hoje, intitulada "Contramão".

Na semana passada, o Brasil perdeu o grau de investimento, pelos sucessivos erros de política econômica dos governos Lula e Dilma. 

Como se sabe, de 2003 até 2008, o governo do PT se caracterizou pela continuidade da política econômica do governo FHC. Nesse período, o maior crescimento da economia mundial, o boom de commodities e a melhora da produtividade, fruto de reformas iniciadas no final de década de 1980, nos levaram a conquistar o grau de investimento no auge da crise financeira internacional em 2008. 

A partir dali, o presidente Lula começou a implementar o programa econômico do PT, que partiu da premissa de que o governo é onipotente e decide quem serão os vencedores; que taxa de juros poderia ser fixada por decreto; que o aumento da dívida pública e a concessão exagerada de subsídios levariam a um maior crescimento; que o controle de tarifas públicas poderia conter a inflação e que o gigantismo do Estado era a única forma de aumentar oferta de serviços de educação e saúde. 

O resultado foi que, a partir de 2011, a produtividade parou de crescer, o buraco das contas externas mais do que dobrou –um superavit primário que era de R$ 128 bilhões em 2011 transformou-se em um deficit de R$ 32,5 bilhões, em 2014 e a dívida bruta do Brasil cresceu em mais de R$ 500 bilhões decorrente de empréstimos para bancos públicos e da concessão indiscriminada de subsídios. 

O Brasil, já neste ano, será o país emergente com maior endividamento bruto e com a maior conta de juros e, mesmo assim, a presidente Dilma mandou para o Congresso uma proposta orçamentária que prevê deficit primário de mais R$ 30 bilhões e um drástico crescimento da despesa. 

Que ajuste fiscal é esse? 

Ao final, a perda do grau de investimento não chegou a ser uma surpresa diante da avalanche de erros, agravada pelo maior escândalo de corrupção da história do Brasil, a Lava Jato, e a incapacidade política deste governo de planejar o futuro e de apresentar um caminho minimamente confiável para a superação da crise. 

Recuperar o grau de investimento exige credibilidade para negociar com o Congresso e com a sociedade um ajuste fiscal estrutural e uma ampla agenda de reformas que aumente a produtividade e acelere o crescimento do país. Falta a este governo competência, credibilidade e apoio político para essa tarefa. 

Em resumo: em 2008, no auge da crise, o Brasil recebe o selo de bom pagador, fruto das reformas do governo FHC e até ali mantidas em grande parte pelo governo Lula. Agora, enquanto o mundo se recupera e as principais economias voltam a crescer, o Brasil vê sua nota de crédito ser rebaixada. Obra de responsabilidade exclusiva do PT e seus governantes.

4 comentários

Produção, qual o valor do depósito lá no Novo Banco da China? 10, 20 ou 30 bilhões?

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Dilma, pega de volta os U$ 10 bilhões que foram emprestados ao FMI pelo Lula.

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O Metamorfose Ambulante acabou de afirmar que o grau de investimento não quer dizer nada. Antes, queria dizer muito, nas suas próprias palavras. O cara pensa que é malandro, mas babacas mesmo são aqueles que lhe dão ouvidos.

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O maior erro desses governos petistas foi o de buscar nos quadros do partido as pessoas para conduzir as politicas economicas, sociais, saude,educação e infaestrutura. Nos primeiros anos do governo buscou-se nos quadros do PSDB Henrique Meirelles para dar continuidade do plano real de ITAMAR/FHC, com isso o Brasil atingiu em 2008 o grau de investimento e confiança. Resolveram em colocar petistas e aliados para comandar a economia e o resultado é esta crise que estamos vivendo no Brasil.

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