(Veja) Quando era presidente, Fernando Henrique Cardoso cultivou a fama de
exterminador de crises, que, dizia-se, sempre saíam do Palácio do
Planalto menores do que entravam. De Dilma Rousseff, fala-se exatamente o
oposto. Centralizadora e avessa a negociações, a presidente semeou um
quadro de recessão econômica e de derrotas no Congresso. Rejeitada por
nove em cada dez brasileiros, ela também perde apoiadores no grupo de
políticos e empresários que ditam o rumo do país. Até o ex-presidente
Lula, seu mentor, lhe faz críticas cada vez mais contundentes.
Com
apenas seis meses de segundo mandato, Dilma está só, não exerce o poder
na plenitude nem consegue mobilizar a tropa governista. De quebra, é
acossada por investigações que podem destituí-la do cargo - entre elas, a
Operação Lava-Jato, que esquadrinha o maior esquema de corrupção da
história do país. Diante de uma conjuntura assim, a maioria dos
governantes optaria por mais diálogo, sensatez e pés no chão. Dilma não.
Ela reage à crise com argumentações destrambelhadas, otimismo exagerado
e erros primários de avaliação. Pior: como de costume, alimenta a
agenda negativa.
Na semana passada, a presidente, contrariando o mais elementar dos
manuais de política, fisgou a isca dos adversários e abordou novamente
em público a possibilidade de enfrentar um processo de impeachment. "Eu
não vou cair, isso é moleza", desafiou em entrevista ao jornal Folha de
S.Paulo, na qual chamou setores da oposição de golpistas. A resposta foi
imediata: "Tudo o que contraria o PT é golpe", ironizou o senador Aécio
Neves (PSDB). Nos regimes democráticos, a destituição de um mandatário
depende de provas, do aval das instituições e do apoio da opinião
pública.
Em sua defesa, Dilma alega que
jamais se locupletou de dinheiro sujo. Falta a essa versão o respaldo
inequívoco dos fatos. VEJA teve acesso a mais um testemunho de que
propina cobrada em troca de contratos - desta vez, no setor elétrico, a
menina dos olhos de Dilma - abasteceu os cofres do PT em pleno ano
eleitoral. Os operadores da transação criminosa foram o onipresente João
Vaccari Neto, então tesoureiro do partido, e Valter Luiz Cardeal,
diretor da Eletrobras, o "homem da Dilma" na estatal e um dos poucos
quadros da administração com livre acesso ao gabinete presidencial.
O relato desse novo caso de desvio de verba pública para financiar o
projeto de poder petista consta do acordo de delação premiada firmado
entre o engenheiro Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, e o
Ministério Público Federal. Num de seus depoimentos, Pessoa contou que
em setembro do ano passado o consórcio Una 3 - formado por Andrade
Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e UTC Engenharia - fechou um
contrato para tocar parte das obras da Usina de Angra 3. A assinatura do
contrato, estimado em 2,9 bilhões de reais, foi precedida de uma
intensa negociação. A Eletrobras pediu um desconto de 10% no valor
cobrado pelo consórcio, que aceitou um abatimento de 6%.
A diferença não
resultou em economia para os cofres públicos. Pelo contrário, aguçou o
apetite dos petistas. Tão logo formalizado o desconto de 6%, Cardeal
chamou executivos do consórcio Una 3 para uma conversa que fugiu aos
esperados padrões técnicos do setor elétrico. Faltava pouco para o
primeiro turno da sucessão presidencial. O "homem da Dilma" foi curto e
grosso: as empresas deveriam doar ao PT a diferença entre o desconto
pedido pela Eletrobras e o desconto aceito por elas. A máquina pública
era mais uma vez usada para bancar o partido em mais um engenhoso ardil
para esconder a fraude.
A conversa de Cardeal foi com Walmir Pinheiro, diretor financeiro da
empresa, escalado para tratar dos detalhes da operação. Depois dela,
Vaccari telefonou para o próprio Ricardo Pessoa e cobrou o "pixuleco".
"Quando soube que a UTC havia assinado Angra 3, João Vaccari
imediatamente procurou para questionar a parte que seria destinada ao PT
- o que foi feito pela empresa", relatou o empreiteiro. Aos
investigadores, Pessoa fez questão de ressaltar que, segundo seu
executivo, foi Cardeal quem alertou Vaccari sobre a diferença de 4
pontos percentuais entre o desconto pedido pela Eletrobras e o concedido
pelas construtoras (R$ 116 milhões). Perguntado sobre o que sabia a respeito de Cardeal,
Pessoa afirmou: "É pessoa próxima da senhora presidenta da República,
Dilma Rousseff".
9 comentários
Hospitais sucateados, falta de medicamentos, seres humanos tratados pior que gado, crianças e idosos desassistidos, aposentados com salario de fome... E a quadrilha se locupletando. Esta turma tem que cair. Esta demorando muito, mas vai cair.
ReplyCoronel,
Replye a bichinha assim como o velhaco não sabiam de nada.
Já que o terceiro parágrafo diz: " Nos regimes democráticos, a destituição de um mandatário depende de provas, do aval das instituições e do apoio da opinião pública."
ReplyApoio da opinião pública, somos NÓS, a POPULAÇÃO!
Então, dia 16/AGOSTO todos na RUA!
Chris/SP
Coronel.
ReplyO P.C Farias......... O PT foi lá e fez.........
E o Brasilzão como é que fica ? Fora PT !
Replyvaccari deve ser multimilionario.............
ReplyQuando me falaram na faculdade que havia Angra 3, até achei engraçado! Achei que Angra nem funcionava mais! Se funciona, não gostaria de morar lá perto!
ReplyEste governo da nojo mesmo. Enquanto isso nós eh que pagamos a conta no aumento na conta de energia. E o próprio Fantástico dominfo passado mostrou que a culoa nem eh de Sao Pedro, mas sim da má gestão do governo. Este governo eh asqueroso. Fora Dilma!
ReplyDilma e Lula não vão escapar !
ReplyGabriel-DF