(Estado) A Eletrobrás tem usado recursos de um fundo do setor elétrico para
bancar dívidas contraídas por suas distribuidoras e tapar rombos
financeiros dessas estatais. A manobra considerada ilegal foi constatada
pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que analisou as práticas da
Eletrobrás na gestão dos recursos da Reserva Global de Reversão (RGR).
A RGR é um encargo do setor elétrico que tem como finalidade
financiar projetos de expansão e de melhoria dos serviços à população,
além de pagar indenizações a empresas e programas sociais de
universalização, como o Luz Para Todos.
Anualmente, empresas do setor elétrico recolhem uma taxa de até
2,5% do valor dos seus investimentos, limitada a 3% da receita anual.
Essa cota é depositada numa conta-corrente da Eletrobrás, a quem cabe
administrar os recursos. Em 2014, segundo o balanço financeiro da
estatal, os valores da RGR somaram R$ 3,866 bilhões.
‘Inadimplência’. Depois de analisar o
gerenciamento do fundo, o tribunal concluiu que o encargo tem sido
utilizado para a “renegociação de dívidas das empresas do grupo”, com a
finalidade de “descaracterizar a inadimplência, de fato, das empresas de
distribuição do sistema Eletrobrás”. Os recursos seriam usados para
bancar dívidas das seis distribuidoras da estatal, localizadas no Piauí,
Rondônia, Acre, Amazonas, Alagoas e Roraima.
Ao pagar as contas com o dinheiro da RGR e repactuar dívidas
antigas, conclui o TCU, a estatal consegue evitar a aplicação das
sanções contratuais às suas distribuidoras e permite a continuidade do
acesso aos recursos da RGR e da própria controladora. Para os auditores,
é flagrante o “desvio da finalidade original dos recursos” do fundo e
“burla” ao que está estabelecido em lei.
“O que vemos é que se trata de um fundo bilionário que tem sido
usado sem os devidos critérios legais e sem atender à sua finalidade, o
que resultou nesses problemas”, disse ao Estado o ministro do TCU
Raimundo Carreiro, relator do processo. “São empréstimos feitos para
renegociação de dívidas de empresas falidas do grupo, apenas para dar
sobrevida a elas e para permitir que acessem novos financiamentos.”
O uso criativo da RGR é investigado desde 2012, quando o TCU
determinou que todos os ex-dirigentes da estatal prestem esclarecimentos
sobre a gestão do fundo, criado em 1971. Segundo Carreiro, as
audiências estão em andamento.
Irregularidades. A aplicação dos recursos
bilionários do fundo pela Eletrobrás também é alvo de fiscalizações da
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que apontou
irregularidades e impôs punição à estatal.
No ano passado, a Aneel abriu um processo administrativo contra a
Eletrobrás, para cobrar o ressarcimento de mais de R$ 2 bilhões ao caixa
da RGR, por conta de “amortizações do saldo devedor de financiamentos
não restituídos à RGR e a apropriação dos encargos financeiros do
referido fundo durante o período de 1998 a 2011”, conforme está
registrado no próprio balanço da Eletrobrás. Esse valor teria ainda de
ser corrigido a cifras atuais.
A estatal entrou com recurso, alegando a “prescrição da pretensão
de ressarcimento” e a “inexistência de prática de ato ilícito por ela
própria e a boa-fé objetiva da administração dos recursos”. O processo
está em andamento. Perguntada sobre as ilegalidades apontadas pelo TCU
no uso do fundo, a Eletrobrás não se manifestou até o fechamento desta
edição.
O tribunal decidiu abrir um novo processo para aprofundar as
análises dos casos de inadimplência nos financiamentos concedidos pela
Eletrobrás com os recursos da RGR. A estatal terá de explicar prejuízos
contabilizados em outros empréstimos ligados ao fundo, como o que fez à
empresa Global Energia, que resultou em um prejuízo de R$ 85,3 milhões.
Plano de concessões. Os recursos bilionários do
fundo foram fundamentais para o governo levar adiante o plano de
renovação das concessões do setor elétrico, a partir de 2013. Por meio
da polêmica Lei 12.783 (antiga Medida Provisória 579), foi estabelecido
que os recursos da RGR poderiam ser usados para indenização total ou
parcial dos investimentos ligados aos bens reversíveis e ainda não
amortizados das concessionárias.
A lei isentou boa parte do setor elétrico do recolhimento anual das
cotas da RGR. Desde 2013, as empresas de distribuição estão liberadas
do pagamento. Concessionárias de geração e transmissão que concordaram
com a proposta de renovação de contrato feita pelo governo também se
livraram da conta, além de concessões de transmissão de energia feitas a
partir de setembro de 2012.
5 comentários
Depois tem gente que fala que não há motivo para impeachment?
ReplyQualquer dia desses ainda acordamos e vamos descobrir que o Brasil continental foi "desvidado" para Cuba!
ReplyGente é muito dinheiro desviado, roubado na cara dura do cidadão!
PT = Perda Total dos impostos do contribuinte.
Coronel,
ReplyINSUPORTÁVEL!!!
Brasileiros: dia 12 nas ruas! TODOS nós!! Sem exceção.
Velhos e jovens, crianças e adultos, todas as raças todos os credos, famílias inteiras! Somos todos brasileiros e precisamos dizer:
BASTA!
CHEGA!
FORA PT!
Ladrões miseráveis! Canalhas! Roubaram tudo de nós: saúde, educação, segurança e luz!!!
Flor Lilás
Aperta aí, fiscaliza, audita que encontrará outro propinoduto petista!
ReplyNosso país está jogado às traças!
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