(Estadão) Projeções de bancos e
consultorias vão de 1,2% a 3,5% de recuo em relação ao mesmo período do ano
passado; se o número mais pessimista se confirmar, será a maior queda desde o
primeiro trimestre de 1992, no governo de Fernando Collor de Mello
As previsões econômicas para o
primeiro trimestre indicam que o desempenho da economia brasileira foi muito
pior do que o esperado. A rápida deterioração dos indicadores econômicos pode
ter levado o Produto Interno Bruto (PIB) - soma de todas as riquezas produzidas
no País - a ter a maior queda trimestral em duas décadas.
Nas projeções de bancos e
consultorias, a economia deve ter uma retração de 1,2% a 3,5% entre janeiro e
março na comparação com o mesmo período de 2014. Se o resultado mais pessimista
for confirmado, será a mais brusca queda trimestral do PIB em bases anuais
desde o primeiro trimestre de 1992. Naquela época, com o País envolvido nas
denúncias de corrupção que tirariam do poder o presidente Fernando Collor de
Mello, a economia brasileira encolheu 3,2% (ver quadro).
Na sexta-feira, 17, o diretor do
Departamento de Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI),
Alejandro Werner, disse, em Washington, que o Brasil está passando pela mais
séria desaceleração da economia desde o começo dos anos 90.
“Embora faltem alguns dados
econômicos de março, todos os indicadores mostram um comportamento bastante
negativo no primeiro trimestre”, afirma Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências
Consultoria Integrada. Ela estima uma retração de 3,5% no primeiro trimestre
ante o mesmo período de 2014.
Há uma combinação perversa que
tem levado a essa retração: a economia brasileira enfrenta um duro ajuste
fiscal, a inflação está elevada - em abril, o IPCA-15 chegou a 8,22% em 12
meses, nível mais alto desde janeiro de 2004 -, o mercado de trabalho começou a
dar sinais de piora, o investimento se tornou anêmico e o desempenho da
indústria e dos serviços piorou. O que já era ruim foi agravado pelos
desdobramentos da Operação Lava Jato, que investiga contratos da Petrobrás e
levou grandes construtoras à recuperação judicial, agravando o cenário do
emprego.
“Os problemas da Petrobrás e de
toda a cadeia da construção pesada dão um quadro dramático para a economia
brasileira no primeiro trimestre”, diz Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de
Política Econômica do Ministério da Fazenda. Na avaliação dele, a economia pode
ter recuado mais de 3% no primeiro trimestre. “Espera-se que o ajuste beneficie
as expectativas lá na frente, mas ele deixa o crescimento ainda mais deprimido
à medida que reduz o poder de compra da população com o aumento de impostos e
promove o corte de gastos.”
Serviços. O tamanho da piora
econômica pode ser mensurado pelo setor de serviços. Em fevereiro, a receita
nominal do setor cresceu apenas 0,8% na comparação com o mesmo mês de 2014,
segundo o IBGE. Foi o menor avanço registrado desde o início da série
histórica, em janeiro de 2012. “O encolhimento do setor de serviços é a grande
novidade”, diz o diretor de Pesquisas da GO Associados, Fabio Silveira. Para o
primeiro trimestre deste ano, ele projeta retração de 2,5% no PIB em relação a
igual período de 2014.
O setor de serviços costumava ter
uma inércia que atenuava a retração da atividade, mas agora não é possível
contar com esse motor para retomar o crescimento da economia brasileira. “Além da desaceleração da
indústria, estamos vendo na parte de serviços uma piora que não era comum no
passado recente. O desempenho mais negativo ocorre tanto na parte de comércio
como na de serviços ligados à indústria, transporte, e prestados à família”,
diz Rodrigo Miyamoto, economista do Itaú. O banco projeta uma retração de 1,9%
entre janeiro e março na comparação com o primeiro trimestre de 2014.
Na avaliação do diretor de
Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, o primeiro
trimestre foi marcado por uma queda acentuada do consumo das famílias e uma
forte retração dos investimentos, afetados pela construção civil e pela
produção de bens de capital. Do lado da oferta, o PIB industrial deve mostrar
estabilidade em relação ao trimestre anterior, enquanto o de setor de serviços
deve seguir o comportamento do consumo das famílias, com queda de 1%.
“Os dados recentes de atividade
apontam para uma desaceleração profunda da economia brasileira nesse primeiro
semestre”, diz Barros. Ele projeta queda do PIB de 2,1% no primeiro trimestre
em relação a igual período de 2014.
Futuro. A piora apurada no setor
de serviços ampliou a expectativa de retração da economia e turvou o cenário
para os próximos meses, segundo Thiago Biscuola, economista da RC Consultores -
a consultoria prevê uma queda de 1,2% do PIB no primeiro trimestre. “O cenário
deve piorar”, afirma
Barros acredita que a retração do
primeiro trimestre deverá ser seguida por outra mais intensa no segundo
trimestre, que, na projeção dele, deve marcar o pior momento do desempenho do
PIB no ano. A avaliação de piora no quadro
econômico no segundo trimestre é compartilhada por Silveira, da GO. “Será um
primeiro semestre doloroso.”
10 comentários
Viva a "NOVA MATRIZ ECONOMICA" da Mestre em Economia DILMA ROUSSEF.!!!
ReplyCoronel,
Replyé um verdadeiro absurdo virmos "jornalistas", inclusive os que se dizem de economia, querer atribuir a Operação Lava Jato ao colapso que vive nossa economia. Estamos vivendo o resultado de uma política incompetente, com um viés populista sem nenhum amparo estrutural para mantê-la, e com ações de aumento do custeio da máquina pública nunca visto antes. O desrespeito as regras jurídicas e econômicas que sustentam os investimentos, inclusive apregoadas e defendidas pelos nossos dirigentes (invasões do MST e de outros agrupamentos clandestinos) e subsídios aleatórios para os amigos do rei, fazem o empresariado fugir do Brasil, ficando somente o jogo de papeis na Bolsa. Estamos caminhando célere para igualarmos aos venezuelanos. Sem uma mudança no governo não vejo como sairmos desse atoleiro. Que Deus nos acuda.
gostaria de saber como essa anta vai falar algum positivo em PIB, se, além de paradas ou em férias coletivas, as indústrias estão demitindo aos montões?
Replysó a corrupção da petrobras, demitiu de uma só vez mais de 100 em todo brasil e vem por ai muito mais. o brasil vai garantir PIB só com o telemarketing ?
Estamos caminhando rumo a venezualizacao e empobrecimento do país. Estávamos saindo de país em desenvolvimento para país desenvolvido.Entrou o PT no desgoverno e voltaremos para pais pobre e sem indústria.
ReplyPedra cantada há muito tempo. Só não via quem acreditava na diuma.
ReplyDeputado Eduardo Cunha após jantar com Dilma e nomear Ministro do Turismo muda o discurso e diz que não vê motivos para o impedimento da presidenta por causa das pedaladas fiscais . Se para passar o Brasil a limpo depender dele estamos ferrados .(Globo.com)(Diário do Poder)
ReplyEla acabou com o país e fica se embonecando? O que foi que ela recém colocou nas bochechas, que parecem de plástico??
ReplyTudo que acontecer de agora até a véspera da próxima eleição presidencial, serão águas passadas. À verdade é que está tudo dominado ( supremo, imprensa, milhões de cargos comissionados...).
ReplyA melhor solução para o país é uma grave, profunda e longa crise econômica, levando a nação a um pré caos. O que irá muito provavelmente acontecer.
À partir daí talvez consigamos extirpar o pt do governo em definitivo.
MadamA satã não pedala, ela 'patala'.
ReplyPedal = mecanismo para obter com os pés movimento de rotação, logo...MadamA satã não pode pedalar, como todo pétralha só pode 'patalar'.
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