Anastasia: plano de governo de Aécio tem foco nas pessoas e modernização do país.

O plano de governo que senador e pré-candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB-MG) pretende apresentar daqui a um mês dará ênfase a questões sociais. É uma área que o PT, da presidente Dilma Rousseff, sempre usou como uma de suas principais marcas.

Aécio reuniu colaboradores que estão discutindo cerca de 35 temas para o plano. São acadêmicos e especialistas que estão divididos em oito grupos. A coordenação dos trabalhos está a cargo do ex-governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB). "O senador Aécio Neves me deu uma recomendação muito firme, a coluna vertebral é a preocupação com as pessoas, com as políticas sociais", disse Anastasia ao Valor Pro, serviço de informações em tempo real do Valor.

Sob acusações do PT de que haverá uma reversão nas políticas sociais se o PSDB voltar ao poder, Aécio avançou no Congresso projeto sobre o Bolsa Família e também já disse ser favorável à atual regra de reajuste do salário mínimo, que agrada à base sindical. Uma das mensagens que os tucanos pretendem levar ao eleitor - e que aparecerá no plano - é que Aécio tem a mesma sensibilidade e compromisso sociais atribuídos ao PT.

Anastasia explica a estratégia dizendo que quando governador de Minas (2003 a 2010), Aécio adotou uma série de programas sociais exitosos. Programas que, segundo ele, "são muito positivos e que demonstram que não é do PT o monopólio das questões sociais".

A campanha de Aécio ainda busca burilar iniciativas de outros governos estaduais do PSDB, das que estão em vigor hoje e também as que foram adotadas no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), disse Anastasia.

Aécio Neves cercou-se de vários ex-integrantes do governo FHC. Entre eles, Armínio Fraga (ex-presidente do Banco Central), José Roberto Mendonça de Barros (ex-secretário de Política Econômica), além de Edmar Bacha (um dos construtores do Plano Real). Os ex-ministros Barjas Negri (Saúde), José Carlos Carvalho (Meio Ambiente), Xico Graziano (chefe do gabinete de FHC), Rubens Barbosa (Relações Exteriores), também trabalham pela candidatura de Aécio.

A equipe é constituída também por economistas e acadêmicos de uma geração mais nova, entre os quais Mansueto Almeida (Ipea) e Samuel Pessôa (FGV), Cláudio Beato Filho (UFMG), André Medici (ex-BID). É uma receita que Aécio adotou nas disputas em Minas.

Anastasia não vê no plano de Aécio um resgate direto de políticas do governo FHC. "Naturalmente, as políticas que foram do governo FHC são positivas", disse. "A maioria delas foi incorporada pelo PT, o grosso da política econômica, a política que deu origem ao Bolsa Família. Então há continuidade."

Perguntado se o plano deve mencionar a necessidade de uma nova fase de privatizações, uma das marcas da gestão FHC, Anastasia diz que aquele modelo ficou para trás. Nas últimas eleições presidenciais, o PSDB evitou uma defesa clara das privatizações - sempre criticadas pelo PT. "A privatização foi um movimento daquele momento", disse, acrescentando que a melhoria da infraestrutura exige investimentos gigantescos que os tesouros federal, estaduais e municipais não suportam.

"Por isso a importância de melhorar as agências reguladoras, para que haja também a participação do setor privado nessa nova visão de desenvolvimento de infraestrutura. O quadro de hoje não é o da década de 90. Os anos se passaram e agora temos esses novos instrumentos", diz.

Anastasia, que era vice de Aécio, foi eleito e no mês passado deixou o cargo para disputar o Senado. Ele aparece como favorito. Entre lideranças do PSDB mineiro, é visto como futuro ministro-chefe da Casa Civil de Aécio - uma 'aberração' na definição de Anastasia.

O plano de governo de Aécio está sendo construído com base em 30 temas. Segundo o ex-governador, esses assuntos são divididos em oito grupos, onde se prepara diagnósticos para as áreas de educação, saúde, segurança, saneamento, recursos hídricos, participação cidadã e transparência, combate à pobreza, questões relativas à sustentabilidade e ao meio ambiente, turismo, transporte, econômico, social, relações internacionais, defesa nacional, práticas eficientes de gestão, previdência entre outras. O coordenador dos trabalhos diz que não revela nomes dos que ainda não foram mencionados por Aécio.

O ex-jogador Ronaldo que já manifestou apoio à candidatura do tucano talvez venha a contribuir com o plano: "É uma personalidade do esporte, do futebol, e certamente poderá ser ouvido." Os colaboradores que integram esses grupos estão concentrados em Minas, Rio e São Paulo, embora haja participantes de outros Estados. No documento não deve haver menção a metas específicas de inflação, câmbio, carga tributária, superávit primário, tampouco onde Aécio pretende fazer cortes de gastos caso eleito, diz Anastasia.

"O que vamos ter no plano são a concepção, os princípios e os programas e, vencida a eleição, vamos objetivar no caso concreto", disse. Durante a campanha, Aécio vai apresentar projetos específicos. Aécio já falou em reduzir o número de ministérios (hoje são 39) à metade, mirar um superávit primário de 3% (a meta deste ano é 1,9%). Armínio já defendeu a inflação ao centro da meta, 4,5%, para depois reduzi-la.

Anastasia diz que foi formado também um grupo com ex-integrantes do governo FHC que estão se dedicando à política industrial. Recentemente, representantes dos fabricantes de máquinas e equipamentos criticaram declarações de Aécio e Armínio ao Valor no qual ambos apontaram exageros e erros nos programas federais de subsídios a setores da economia.

Mas o objetivo, insiste ele, é que o plano não seja uma leitura restrita a economistas, acadêmicos e empresários. "O plano de governo vai se centrar nas questões relativas à preocupação imediata das pessoas. Saúde, segurança, educação, combate à pobreza, temas que dizem com mais direção às pessoas", disse Anastasia.

A inflação - que vinha numa toada de aceleração - estará entre esses temas mais sensíveis. "A manutenção do valor da moeda é um princípio que estará lá aplaudido. A questão do custo de vida é tema de preocupação imediata que afeta as pessoas em seu dia a dia e deve ser discutido, mas ainda não está formatado." Anastasia, no entanto, não vê a inflação como o tema que vai aquecer o debate eleitoral este ano. O debate, para ele, será afunilado na segurança pública.

Essa é uma área sobre a qual Aécio já se pôs num campo distinto do de Dilma e do pré-candidato do PSB, Eduardo Campos: a maioridade penal. Ele apoia um projeto do senador por São Paulo Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) que dá a possibilidade de o juiz condenar jovens a partir dos 16 anos que cometem crimes graves a penas tão longas quanto a de maiores de idade.

"Não vou antecipar nada porque ainda estamos redigindo. Mas o núcleo duro na questão é o combate à impunidade. A impunidade é a raiz. A polícia se desestimula, a sociedade se revolta. E aí começa a justiça com as próprias mãos", diz.

O grupo de Aécio defende mudança de legislação. "Há de haver uma reforma legislativa", diz Anastasia. Para mudar o quê? "Tornar o processo mais objetivo. Há muita discussão sobre o papel do inquérito. Temos grandes nomes que podem contribuir." Um potencial alvo das mudanças é uma lei federal de 2011 que, nas palavras do político mineiro, deu certa fragilidade às instituições policiais. Refere-se à Lei 12.403: "Trata do processo penal que não prende as pessoas em determinadas circunstâncias e facilita um pouco a impunidade."

Anastasia recusa a ideia de que Aécio será um candidato para agradar setores conservadores. "Em primeiro lugar, a preocupação que ele me dirigiu e eu tenho repetido isso a todos é a preocupação com as pessoas, principalmente com os mais desfavorecidos". (Valor Econômico)

9 comentários

Quero saber do futuro presidente Aécio como serão tratadas as nossas FFAA. Que estão sucateadas e são humilhadas e mal pagas isso é notório e sabido. FHC tem sua parcela de culpa.
Fala Aécio, por enquanto a tropa ainda é de brasileiros pela Nação brasileira.
Se trouxeram "médicos" quem os impedira de trazerem mercenários?
Para aliviar a penúria das FFAA que Aécio se inspire nos países democráticos e civilizados, os isente do imposto de renda. Pessoas comprometidas 24h com o País tem que ter tratamento diferenciado, é uma questão de lógica.
Nunca vi em nenhum país do mundo a forma desrespeitosa que vemos nossos governantes para com as FFAA. O descaso e o bombardeiro continuo de denegri-las de todas as formas possíveis e imaginável é chocante
Não sou militar, mas me indigna, ver homens que impediram sermos uma Cuba serem exemplarmente punidos.

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Não gosto desta linha de ação. Sabemos que o PT soube muito bem aproveitar os bem feitos do governo FHC e amarrou os mais pobres num curral infinito. Dizer que vai fazer mais que eles (PT) não faz com que os brasileirinhos de cabeça curta troquem de lado, pois para eles é melhor um nas mãos do que dois voando. Na minha opinião o plano prioritário é o de resgatar o Brasil, para a sua grandeza, eliminar as distorções existentes e garantir a continuidade dos programas sociais existentes (como no caso do Bolsa Família) melhorando-os quando isto for possível.

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A eleição de Aécio representa a moralização da administração pública,o fim da roubalheira endêmica,a volta do controle da inflação,a retomada do desenvolvimento e a colocação da escória da política no seu devo lugar,que é bem longe do poder.

Túlio Xavier

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"Sensibilidade e compromisso sociais atribuídos ao PT"??? Isso é o mesmo que passar atestado de maus antecedentes, ou de burrice, para todos os brasileiros. Esse partideco não passa de uma máfia muito da sem vergonha, e a máscara delles já caiu.

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Um erro do Valor: Rubens Barbosa nunca foi ministro das Relações Exteriores.

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Cel
Não há como um candidato a presidente se eleger neste País sem dar continuidade às políticas sociais populistas já implantadas, o que é péssimo mas inevitável. O caminho escolhido pelo Aécio vai de encontro a isto, no que faz muito bem. Uma pena ter de ser forçosamente assim.
Esther

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Precisamos salvar o Brasil, precisamos colocar o PSDB na presidência e tirar a bandida terrorista de Brasilia


Gabriel-DF

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Eu, particularmente, detesto esse trelelê social de kits, bolsas e vales. Para mim, exacerba o corpo mole e torna uma turba de encostados em uma estridente multidão que só sabe exigir mais e mais. Peguei asco dos 'necessitados', que vejo como âncoras sanguessugas. Gostaria imensamente que a conduta do Aécio fosse em outra direção, criando condições para investimentos e criação de empregos, para que essa gente se sustentasse e à sua imensa prole.

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Peço vênia mais uma vez para repetir a sugestão para que o PSDB se torne um partido legal defensor dos aposentados, uma classe tão esquecida, descartada e humilhada, por estes três últimos presidentes, que literalmente viraram as costas para os previdenciários. Castigam-nos sem dó e sem piedade!

Notamos que até agora nenhum partido político deu mostras de se interessar pelo fim do massacre que vem sendo feito ao aposentados, uma ferramenta poderosa para ser estrategicamente explorada, para quem tiver visão política privilegiada, por tratar-se da categoria mais injustiçada e prejudicada da classe dos trabalhadores brasileiros.

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