Deputado diz que é tratado "como moleque" pelo governo Dilma. E que o Parlamento "vive de cócoras para o Executivo".

Deputado quer mais do que foto. Quer emendas.

O deputado federal César Hallum (PRB-TO) não pertence, como ele mesmo diz, ao "alto clero" do Congresso Nacional. Seu Estado, o Tocantins, tem apenas oito representantes na Câmara. Seu partido, o PRB, é representado na equipe ministerial com a pasta da Pesca. Pertence, portanto, àquela massa de deputados da base aliada da presidente Dilma Rousseff que costuma apoiar sem barulho as propostas enviadas pelo governo federal quase sempre sem ser muito notado.

Mas nesta sexta-feira, 28, na véspera do feriadão do carnaval, com o plenário da Casa esvaziadíssimo, Hallum protagonizou um dos discursos mais sinceros e contundentes em termos de queixas ao tratamento dado por Dilma e seus ministros aos aliados. "Todos estamos fazendo um esforço muito grande para poder ajudar a presidente Dilma para que o Brasil possa crescer. Mas eu estou observando que lá pela SRI (Secretaria de Relações Institucionais) e por outros ministérios fazem tudo para não deixar apoiar a presidente Dilma, nos jogam fora. Fazem da gente gato e sapato."

Hallum resolveu fazer barulho porque se disse, literalmente, cansado de "ser tratado como moleque" pelo governo federal.

Num jogo sem hipocrisia, deputados apoiam o governo e, em troca, querem a liberação de recursos para suas emendas parlamentares. Com isso, fazem suas políticas paroquiais e aumentam as chances de serem reeleitos. É o movimento de sempre, de toma lá, dá cá.

Os parlamentares reclamam, porém, que o governo parou de fazer a sua parte. Ou faz apenas depois de enorme insistência do congressista. Por causa disso, surgiu o chamado "blocão parlamentar", que se proclama independente e que, em tese, se dispõe a votar contra projetos de interesse do governo. Pelo tom do deputado Hallum, a paciência de alguns acabou.

"Vou dar um exemplo simples do Ministério da Agricultura. Coloquei R$ 500 mil numa emenda para estradas vicinais no município de Aragominas, no Tocantins. Quando chegou lá pelo dia 15 de dezembro, me chamaram: ‘Olha, o município vai perder a emenda. Vamos trocar o município’. Eu corri e atendi o município de Carrasco Bonito. Coloquei a emenda de R$ 500 mil para Carrasco Bonito. Foi feita a proposta, foi apresentado o projeto. E diziam: ‘está empenhado, empenhado e empenhado. Então, tudo bem. Quando chegou no dia 31 de dezembro, não empenharam. Mas não estava o limite aqui? É. Mas o dinheiro sumiu. Eu não sei onde ele está. Vai à SRI. Não, já mandei o limite para lá. Chego lá: Não, aqui não chegou. Eu volto para lá, igual besta. Tratam a gente como moleque", disse Hallum.

Sem meias palavras, o deputado continuou sua narrativa pela busca da verba perdida e o jogo de empurra ao qual disse ter sido submetido. "Ontem (quinta-feira, 27), estive no Ministério da Agricultura. Vamos abrir o jogo, porque disse à ministra Ideli (Salvati, de Relações Institucionais) em um dia aqui, na reunião dos partidos da base: ‘ministra, se a senhora disse que mandou o limite para lá e o ministro pegou o dinheiro e deu para quem ele quis lá do Estado dele, beneficiou parlamentar da bancada dele, isso não é certo. Isso é, no mínimo, desonesto ou então é incompetência, e nem desonestidade e nem incompetência servem para administrar. Então, se acham que o ministro fez errado, demitam o ministro. Mas, se o governo não demite o ministro, é porque está concordando com isso."

‘Credibilidade’. O deputado do PRB reclamou também que está perdendo a credibilidade com sua base eleitoral. "Pois bem, hoje o prefeito de Carrasco Bonito acha que eu estou mentindo para ele, que não coloquei a emenda para ele. E nós parlamentares estamos ficando mal na nossa base por conta dessas coisas aqui", afirmou. "Estão dizendo assim: vocês estão querendo, mas nós não queremos vocês. Vão embora, vão para o outro lado. Eu estou entendendo assim."

No discurso, Hallum também disse não temer retaliações. "Vejo aqui a turma falar: César, você vai falar isso e você vai ficar marcado, porque eles vão te perseguir de agora para frente. Mais? Eu já não recebo nada!", disse. "A gente também não é filho sem pai, não. Tem quem quer! Agora, eu quero ter uma relação boa com o governo, e estou vendo os ministros do governo Dilma querendo destruir a nossa relação. A gente vota o orçamento impositivo, e eles, da forma mais descarada, no maior desrespeito, vão lá, cortam 25% das emendas e não dão nem satisfação. É como se nós não existíssemos. Esta Casa não pode viver de cócoras para o Poder Executivo, porque aí é o fim do Parlamento brasileiro", encerrou.(Estadão)

16 comentários

BEM FEITO! Há! Há! Há! Há! Os que aind insistem em lamber bota dessa anta, vão levar o mesmo, um pé na tarraqueta! Há! Há! Há! Há!

Reply

Caro deputado,

coloca a pauta-bomba pra votar.

Reply

Por causa destes é que o Brasil virou esta baderna.

Reply

Cel

O deputado só faltou dizer que estava no chuveiro do vestiário e que se abaixou para pegar o sabonete.

Átila

Reply

Tá indignado??? Bem feito!

Por que não falou com o plenário lotado??? Falou para as cadeiras!

É um idiota útil e só agora percebeu que era usado e facilmente descartado.


Chris/SP


Reply

Mas esse deputado queria o quê? Os brasileiros decentes vêm sendo chutados há quase 12 anos por essa gangue. Para esses deputados 'franciscanos', está tudo bem e a Dilma é um anjo se repassar a eles o rico dinheirinho das emendas. Os brasileiros que vivem morrendo de trabalhar que se expludam. Só quando ele(s) tem seus interesses contrariados é que o governo é ruim. Eh, Brasil que não toma jeito...

Reply

Ficaria muito surpreso se fosse a primeira vez que isso acontece. Quem é que não tem preço nesta casa ?
blocão não é sinônimo de rebeldia ou coisa assemelhada, simplesmente é momento de negociação de valores nem sempre publicáveis. Anda bem que o sol nasce todo dia e eu tenho esperança de dias melhores. Se Deus quiser, um dia a turma do bolsa isso, bolsa aquilo, entenderá que o Brasil é do povo todo, votando livremente, sem atrelamentos, em A ou B.
"O homem que se vende, o mínimo que se dê por êle, é sempre bem pago, por muito mais que êle valha".

Reply

Bem feito! O povão cagou e os parlamentares sentaram em cima, agora aguenta e vai ficar pior ainda.

Reply

MAS, OS 3 PODERES JÁ ESTÃO DOMINADOS DEPUTADO. O SENHOR OU: DESCOBRIU MUITO TARDE OU É UM INOCENTE ÚTIL. VOTA EM AÉCIO. O PT SÓ TEM 32% DOS VOTOS. A SOBRA NÃO É DELES. VAMOS APRENDER A VOTAR DEPUTADO.

Reply

Pois, pra mim, ele está sendo tratado até bem demais. Devia ser chutado nos fundilhos de Brasília até o Tocantins, por se juntar com essa escória do PT!!!

Reply

Oi Daniel,

vi um post seu em abril de 2013 falando sobre a maquina de lavar Consul Maré, a minha esta com o mesmo problema vc pode entrar em contato por e-mail para me ajudar? pois pretendo fazer a manutenção dela eu mesmo, Obrigado!

meu email coloquei na URL
mas quando vc ver pode deletar meu comentario

andre_burity@hotmail.com

Reply

Coronel,

que é isso???

Flor Lilás

Reply

Ele merece!

Reply

Coronel,

quando perguntei o que é isso me referi ao idiota de
1 de março de 2014 16:44 usando o Coturno para idiotias!!!

Flor Lilás

Reply

CEL,

É deputado, quando você e seus pares passarem a agir como HOMENS de BRIO e verdadeiros representantes do povo com certeza não mais serão tratados como moleques.

Índio Tonto/SP

Reply

Está experimentando do veneno que oferecem aos eleitores! É pouco, é nada para esse sectário!

Reply