Um dia depois de comandar a reunião que elevou a dose dos juros, o
presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse à Folha de São Paulo que a
partir de agora o "carro-chefe do crescimento deve ser o investimento", e
não o consumo, e que o BC "decidiu de forma unânime apertar" a política
monetária para reforçar "a confiança" na economia.
Tombini rebate as críticas de que a elevação dos juros de 7,5% para 8%,
decidida no mesmo dia em que foi divulgado o fraco PIB do primeiro
trimestre de 2013, pode prejudicar o crescimento. "Inflação mais baixa milita na direção de um salário real mais
preservado" e "é condição necessária para o planejamento dos
empresários, logo para o investimento", insistiu ele, numa linha oposta à
visão petista de que é possível aceitar uma inflação mais alta para não
sacrificar o crescimento.
Em março, a presidente Dilma Rousseff afirmara que não concordava com
políticas que "matavam o doente", numa referência à alta de juros contra
a inflação. Depois, teve de contemporizar, dizendo ter sido mal
interpretada. Questionado se não teme o fogo amigo depois de aumentar os juros,
Tombini afirmou que o BC tem o "integral apoio do governo Dilma".
Folha - O PIB veio fraco, abaixo do esperado, e mesmo assim o BC intensificou a alta dos juros? Por quê?
Alexandre Tombini - O Banco Central tem dito que está num
processo de combate à inflação, querendo fazer que a inflação decline e
que esse processo se prolongue no médio prazo. Para que isso se
consolide, é preciso que o Banco Central atue. Já vínhamos comunicando
que esse processo seria bastante firme e que ele ajuda a reforçar a
confiança, tanto dos consumidores, da dona de casa, quanto dos
empresários. Esse processo de combate firme à inflação é compatível com o
reforço da confiança na economia brasileira.
O que mudou da última reunião do Copom para esta, quando subiu a dose de aumento de juros?
O Banco Central iniciou o processo de aperto das condições monetárias em
abril, e, neste momento, decidiu de forma unânime apertar no combate à
inflação, o que reforça seu compromisso com uma inflação mais baixa,
tanto no curto prazo quanto em períodos mais à frente.
A inflação alta foi responsável pelo PIB fraco?
Uma inflação mais baixa milita na direção de um salário real mais
preservado e reforça a confiança de empresários, dá tranquilidade quanto
ao horizonte de planejamento.
Qual o objetivo deste novo ciclo em termos de inflação?
Uma inflação menor neste ano do que no ano passado, quando foi de 5,84%,
e no ano que vem menor do que neste ano, na direção da nossa meta. É
possível uma inflação abaixo de 5% em 2014?
É possível, certamente.
É possível, certamente.
Este ciclo trabalha com a ideia de inflação abaixo de 5%?
Trabalhamos nesse horizonte para convergência da inflação para a meta, de 4,5%.
Abaixo de 5% em 2014?
Sim.
Qual foi a reação da presidente Dilma quando o sr. falou com ela sobre o resultado da reunião do Copom?
Não vou falar sobre diálogos dentro do governo. Agora, o que posso dizer
é que o trabalho do BC é integralmente apoiado pelo governo Dilma.
Não pode haver um efeito negativo da alta dos juros sobre os investimentos?
Não, na nossa visão isso vai na direção de reforçar a confiança na economia brasileira, nos seus fundamentos.
Sua avaliação então é que, para os investimentos subirem, uma componente necessária é inflação baixa?
Inflação baixa, sob controle, é uma condição necessária para o planejamento dos empresários, logo, para o investimento.
O BC não demorou muito a subir os juros?
O BC tem dito que a comunicação é parte integrante da política
monetária. Desde janeiro iniciamos um processo de sinalizar que as
condições monetárias poderiam ser apertadas. E os mercados reagiram a
esse processo.
Quanto o PIB vai subir neste ano, depois do resultado fraco do primeiro trimestre e da alta dos juros mais forte?
Achamos que o PIB em torno de 3% é factível no Brasil neste ano neste contexto de política econômica.
Pode ser menor?
Em torno de 3%.
O BC está sozinho no combate à inflação?
Não, o objetivo do BC é o combate à inflação. Temos de fazer nosso
trabalho, em qualquer contexto, para atingir o objetivo de inflação
estabelecido pelo governo.
Quando digo sozinho, me refiro à política fiscal, que o próprio BC
tem dito que tem sido expansionista. Não seria melhor conter os gastos
públicos neste momento?
Vamos avaliar a política fiscal; é uma das variáveis que analisamos para
tomarmos decisão de política monetária. Não tomamos decisão de política
fiscal.
Há uma avaliação de que o BC, em 2012, mirava duas metas, inflação e
crescimento econômico; tolerava certa inflação para não sacrificar o
crescimento. Isso mudou?
Não, o objetivo do Banco Central sempre foi a inflação. Se você voltar
no tempo, junho do ano passado, tínhamos uma projeção de 4,7%, 4,8%. A
política estava toda apontando na direção de uma inflação na meta.Tivemos um choque externo e houve uma depreciação do câmbio, fatores que
levaram a inflação para cima, combinados com um choque de alimentos.
Estamos trabalhando, desde janeiro, com a comunicação e, desde abril,
com a política monetária para trazer a inflação de volta.
O dólar voltou a se valorizar nos últimos dias. Isso prejudica o trabalho do BC?
Temos um movimento internacional de valorização do dólar nas últimas
semanas. Vamos acompanhá-lo para ver onde se estabiliza. O câmbio é
flexível, vai refletir os fundamentos da economia. O Banco Central
intervirá sempre que necessário para reduzir a volatilidade.
O cenário internacional é inflacionário ou deflacionário neste momento para o Brasil?
É mais para neutro. Temos algum declínio no preço das commodities e esse
processo recente de valorização do dólar em relação a outras moedas.
Então, essas questões se neutralizam.
O ministro Guido Mantega disse que a alta de dólar não preocupa, pelo
contrário, é boa para as exportações. O BC tem a mesma visão?
Esse é um processo global de valorização do dólar, vamos ver onde vai
parar. O repasse do câmbio para inflação é moderado num regime de câmbio
flutuante.
Temos hoje inflação alta e crescimento baixo. Corremos o risco de ter estagflação?
A inflação está sob controle, vai declinar. A economia brasileira começa
agora uma recuperação gradual. Não caracterizaria isso como processo de
estagflação.
O consumo ficou praticamente estável, contribuindo para o fraco
desempenho do PIB. Isso significa que se esgotou o modelo de focar no
consumo o crescimento brasileiro?
O carro-chefe do crescimento deve ser o investimento. O consumo,
naturalmente, ajuda a propagar o crescimento, mas não necessariamente
vai ser o carro-chefe.
Ano que vem é de eleição presidencial. Há o temor de que a alta dos
juros prejudique a campanha da reeleição da presidente Dilma. O sr.
concorda com essa avaliação?
A política de combate à inflação vai no sentido de assegurar uma
preservação da renda real do assalariado, de dar mais confiança ao
consumidor, à dona de casa e ao próprio empresário para investir.
O sr. teme o fogo amigo neste momento de alta dos juros?
A política de combate à inflação do BC tem o integral apoio do governo Dilma, isso que é importante.
7 comentários
Ele deveria mudar o sobrenome para Trombini.
ReplyQuê vaselina... pqp
ReplyCoronel,
ReplyQue maravilha!!
Vamos bancar o Custo-PT para manter a "credibilidade" delles.
Acréscimo de aproximadamente R$ 10 bilhões nos próximos 12 meses (0,5% rolando R$ 2 Trilhões) somente em juros da dívida interna que o Lulla aumento para sustentar o "seu sucesso".
Assim até eu sou Ministro nesta m.... de país!!!
JulioK
ReplyÉ agora que a porca torce o rabo, eles estão mais perdidos que cego em tiroteio, vão agora fazer a politica que os bancos adoram e vão encher novamente os bancos de grana.
A partir de hoje quem puder comprar dólar vai lá, porque começou o efeito Orloff, na Argentina o Peso já foi prá vara, é o Peso Messi, 10 Pesos = a 1 dólar.
Aqui será o que?
1 Real = a 1 Ronaldinho?
O PT nadou de braçadas no Plano Real, agora a festa acabou, chegou a hora de mostrar competência, coisa que eles nunca tiveram.
Chupa essa Petralhas.
LA LOCA HOJE = MÔNICA VERMELHA AMANHÃ.
CEL,
ReplyO PT e seu governo chulo, juntamente com os gênios do BC, estão na situação de quem embarcou em um carro com farol quebrado, dirigido por um bêbado, à noite e com forte neblina e que entrou pela contramão de uma autoestrada de tráfego intenso.
Meu mantra:
FORA PT,
FORA CORRUPÇÃO,
FORA INCOMPETÊNCIA.
Índio Tonto/SP
Cel
ReplyO Tombini simplesmente não responde as perguntas. Parece mais perdido do que cego em tiroteio.
Esther
Em breve teremos juros a 12%. É só esperar.
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