O ex-ministro José Dirceu, 67, afirmou ontem que foi "assediado moralmente" pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, e disse que ele prometeu absolvê-lo no julgamento do mensalão. Em entrevista à Folha e ao UOL, ele diz que foi procurado pelo magistrado há cerca de dois anos, quando Fux ainda era ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e fazia campanha para ser indicado pela presidente Dilma Rousseff para integrar o STF.
O "assédio" teria durado seis meses, até Dirceu concordar em recebê-lo. Durante o encontro, o ex-ministro diz que, sem que perguntasse nada, Fux "tomou a iniciativa de dizer que ia me absolver". Segundo Dirceu, "ele, de livre e espontânea vontade, se comprometeu com terceiros, por ter conhecimento do processo, por ter convicção".
Fux votou pela condenação de Dirceu. O petista afirmou que ele "já deveria ter se declarado impedido de participar desse julgamento". Ex-homem forte do PT e do governo Lula, Dirceu foi condenado pelo STF a dez anos e dez meses de prisão. Seus advogados aguardam a publicação dos votos dos ministros, que deve ocorrer em breve, para apresentar recursos e tentar reverter a sentença.Em dezembro do ano passado, Fux admitiu à Folha que encontrara Dirceu quando estava em campanha para o STF, mas negou ter prometido sua absolvição. Ele disse que leu o processo depois e que ficou "estarrecido". Dirceu diz que o argumento de Fux é "tragicômico" e "soa ridículo, no mínimo". A seguir, os principais trechos da entrevista do ex-ministro.
Folha/UOL - Como foi seu encontro com Luiz Fux?
José Dirceu - Eu não o conhecia, eu fui assediado moralmente por ele durante mais de seis meses para recebê-lo.
José Dirceu - Eu não o conhecia, eu fui assediado moralmente por ele durante mais de seis meses para recebê-lo.
Como foi esse assédio?
Através de terceiros, que eu não vou nominar. Eu não queria [recebê-lo].
Através de terceiros, que eu não vou nominar. Eu não queria [recebê-lo].
Quem são esses terceiros?
São advogados, não são lobistas. Eu o recebi, e, sem eu perguntar nada... Porque ele [hoje] dizer para a sociedade brasileira que não sabia [na época do encontro] que eu era réu do processo do mensalão é tragicômico. Soa ridículo, no mínimo, né? Como o ministro do STJ [cargo ocupado na época por Fux] não sabe que eu sou réu no processo? E ele tomou a iniciativa de dizer que ia me absolver. Textualmente.
São advogados, não são lobistas. Eu o recebi, e, sem eu perguntar nada... Porque ele [hoje] dizer para a sociedade brasileira que não sabia [na época do encontro] que eu era réu do processo do mensalão é tragicômico. Soa ridículo, no mínimo, né? Como o ministro do STJ [cargo ocupado na época por Fux] não sabe que eu sou réu no processo? E ele tomou a iniciativa de dizer que ia me absolver. Textualmente.
Assim?
Eu disse: "Eu não quero que o sr. me absolva. Eu quero que o sr. vote nos autos. Não é porque não tem prova, não. Eu fiz contraprova porque eu sou inocente". Para fazer uma síntese do encontro, é isso.
Eu disse: "Eu não quero que o sr. me absolva. Eu quero que o sr. vote nos autos. Não é porque não tem prova, não. Eu fiz contraprova porque eu sou inocente". Para fazer uma síntese do encontro, é isso.
E o sr. acreditava que ele ia inocentá-lo? Isso pesou na nomeação dele [de Fux para o STF]? A presidente Dilma levou isso em consideração?
Não acredito que tenha pesado, não acredito que tenha pesado.
Não acredito que tenha pesado, não acredito que tenha pesado.
Na hora de discutir a nomeação dele...
Eu não participei. Porque, evidente, eu como réu tinha que tomar todos os cuidados para evitar que minha situação se agravasse, como o resultado final mostrou.
Eu não participei. Porque, evidente, eu como réu tinha que tomar todos os cuidados para evitar que minha situação se agravasse, como o resultado final mostrou.
Como é que o sr. se sentiu quando o ministro Fux votou pela sua condenação?
Depois dos 50 anos que eu tenho de experiência política, infelizmente eu já não consigo me surpreender. A única coisa que eu senti é a única coisa que me tira o sono. Nem a condenação me tira o sono porque tenho certeza que eu vou revertê-la.
Depois dos 50 anos que eu tenho de experiência política, infelizmente eu já não consigo me surpreender. A única coisa que eu senti é a única coisa que me tira o sono. Nem a condenação me tira o sono porque tenho certeza que eu vou revertê-la.
O que foi?
O comportamento do ministro Luiz Fux. Porque é um comportamento que... Ele, de livre e espontânea vontade, se comprometeu com terceiros, por ter conhecimento do processo, por ter convicção, certo? Essa é que era a questão, que ele tinha convicção e conhecimento do processo. É um comportamento quase que inacreditável.
O comportamento do ministro Luiz Fux. Porque é um comportamento que... Ele, de livre e espontânea vontade, se comprometeu com terceiros, por ter conhecimento do processo, por ter convicção, certo? Essa é que era a questão, que ele tinha convicção e conhecimento do processo. É um comportamento quase que inacreditável.
O sr. acha que cabe alguma medida no caso?
Eu acho que ele já deveria ter se declarado impedido de participar desse julgamento.
Eu acho que ele já deveria ter se declarado impedido de participar desse julgamento.
A sua defesa vai apresentar recursos [para reverter a condenação]. O sr. tem esperança?
Vai apresentar. Depois do transitado em julgado, vamos para a revisão criminal. E vou bater à porta da Comissão Internacional de Direitos Humanos. Não é que fui condenado sem provas. Não houve crime, sou inocente; me considero um condenado político. Foi um julgamento de exceção, político.
Vai apresentar. Depois do transitado em julgado, vamos para a revisão criminal. E vou bater à porta da Comissão Internacional de Direitos Humanos. Não é que fui condenado sem provas. Não houve crime, sou inocente; me considero um condenado político. Foi um julgamento de exceção, político.
Mas era um tribunal cuja maioria foi nomeada pelo ex-presidente Lula e por Dilma.
Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O que caracterizou o julgamento como político é evidência pública. Um julgamento que foi deliberadamente marcado com as eleições [municipais de 2012]. A transmissão de um julgamento como esse pela TV é algo inacreditável.
Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O que caracterizou o julgamento como político é evidência pública. Um julgamento que foi deliberadamente marcado com as eleições [municipais de 2012]. A transmissão de um julgamento como esse pela TV é algo inacreditável.
O sr. acha que os ministros ficaram com medo da TV?
É evidente que houve pressão externa sobre o Supremo. Enquanto eu suspirar, vou lutar para provar a minha inocência. Porque eu nunca tive a presunção da inocência. Eu não consigo entender por que eu fui condenado. Porque eu era ministro? Chefe da Casa Civil? Líder do PT? Mas onde estão as provas? Os recursos tiveram origem em empréstimos que as empresas do Marcos Valério fizeram em um banco e que foram repassados para o PT. E eu estava na Casa Civil, não estava na direção do PT. Não respondia pelas finanças nem pelas decisões executivas do PT.
É evidente que houve pressão externa sobre o Supremo. Enquanto eu suspirar, vou lutar para provar a minha inocência. Porque eu nunca tive a presunção da inocência. Eu não consigo entender por que eu fui condenado. Porque eu era ministro? Chefe da Casa Civil? Líder do PT? Mas onde estão as provas? Os recursos tiveram origem em empréstimos que as empresas do Marcos Valério fizeram em um banco e que foram repassados para o PT. E eu estava na Casa Civil, não estava na direção do PT. Não respondia pelas finanças nem pelas decisões executivas do PT.
Se o ex-presidente Lula não tem nada com isso, por que Marcos Valério é recebido por Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula e um de seus assessores mais próximos?
Boa pergunta para ser dirigida ao Paulo Okamotto. Eu nunca tive nenhum contato com Marcos Valério. Nem antes nem depois. E o Lula não tem nenhuma preocupação. Conheço os fatos, ele não tem nada a ver com isso. Absolutamente. A não ser que se queira, agora, dar um golpe que não conseguiram dar antes. Quer dizer, transformar o Lula em réu na Justiça brasileira. A não ser que se vá fazer esse tipo de provocação ao PT e ao país, à nação brasileira.
Clique aqui e assista ao resto da entrevista do chefe da quadrilha do Mensalão, que mostra um ladinho humano, às vésperas de ir para o fundo de uma cadeia pagar pelos seus crimes contra os cofres do país.
Boa pergunta para ser dirigida ao Paulo Okamotto. Eu nunca tive nenhum contato com Marcos Valério. Nem antes nem depois. E o Lula não tem nenhuma preocupação. Conheço os fatos, ele não tem nada a ver com isso. Absolutamente. A não ser que se queira, agora, dar um golpe que não conseguiram dar antes. Quer dizer, transformar o Lula em réu na Justiça brasileira. A não ser que se vá fazer esse tipo de provocação ao PT e ao país, à nação brasileira.
Clique aqui e assista ao resto da entrevista do chefe da quadrilha do Mensalão, que mostra um ladinho humano, às vésperas de ir para o fundo de uma cadeia pagar pelos seus crimes contra os cofres do país.
22 comentários
Coronel,
ReplyRecomeçou a patrulha do PT sobre o STF!!
Notou que elles não falam nada sobre as Juiz(as), pois estas já foram "enquadradas".
JulioK
Alguém precisa dar a ordem para algum soldado raso eliminar esse ptralha.
ReplyCondenado ele já é, agora viver ganhando o que muito TRABALHADOR não ganha é demais.
Fora ptralhas!!!
Carlos de Savoia direto do interior de SP
Coronel,
Replydesculpe, mas não acho que seja piada...
No mundo PETRALHA tudo é possível!
Flor Lilás
Cornoel, buenas!
ReplyDesnecessária a reprodução de trechos da entrevista do condenado Zé Dirceu.
Não podemos iluminar ainda mais o petralha com holofotes da mídia antipetê. Deixem-no na obscuridade política.
Estamos, ainda,paralelamente, "promovendo" uma Folha/UOL que navega na maré petralha.
Uma referência jornalística ao fato teria sido o suficiente.
Bom dia!
Gaudêncio Sette Luas
que acusação seríssima, hein?
Replynão vale um processo movido pelo ministro para dar mais algum tempo de cana para esse individuo?
eh difícil achar normal alguém fazer uma acusação pesada como essa a um ministro da mais alta corte do pais e ficar sem uma resposta incisiva...
A não ser que se vá fazer esse tipo de provocação ao PT e ao país, à nação brasileira.
ReplySeria uma ameaça?
Se o ministro Fux prometeu absorver o Zé Dirceu e não cumpriu com a palavra, então quer dizer que os demais juízes que absorveram o mensaleiro cumpriram com a promessa ?
ReplyJornalista de merda, por que não fez essa pergunta pro Zé ?
Quem nomeou o ministro do STF foi a Dilma. Ela que venha a público explicar sua escolha. Parece que o Zé na ocasião apoiou a escolha.
ReplyCoronel,
Replyquando é o Marco Valério que acusa o velhaco, por ser bandido, não tem credibilidade. Quando é o Zé Dirceu, também bandido condenado, acusando um Ministro do STF, tem crédito. Esta é a nossa imprensa comprada e canalha.
Corona, Zé Dirceu tá com 67 anos?!
ReplyXiiiii... esse vai fazer 69 na cadeia!!!!
Cel
ReplyQuem neste país acredita em Petista. Só se for tolinho.
Átila
O “homi” está raivoso !!!!
ReplyNesta entrevista, ele confessa que a escolha do Fux foi por interesses escusos, para tentar livrar sua cara, com um voto a favor.
Fux precisa urgente vir a público para desmentir esta falácia, assim como a Dilma, que também é atingida de forma indireta, para esclacer as razões que a fizeram escolher o Ministro.
Chris/SP
Nunca ví tanto sinismo num meliante só!!!!!
ReplyNão dá nem pra dizer que o bostelho é um cara de pau, porque a fuça já foi tão plastificada que a de hoje deve ser de silicone, pvc, insulfilme, qualquer matéria morta, menos um rosto humano.
Esse é perigoso! É aquele que aciona as falanges pcc, farcs, mst, une, etc. É o chefão do braço armado da esquerdalha vagabunda.
ReplyQue cartada pesada em Zé, bandido julgado e condenado !
ReplyDuas hipóteses:a)FUX absolveria se opinião publica estivesse adormecida.
Replyb) FUX não tinha noção da totalidade do processo contra o Zé e partindo das lamúrias declaração de inocência do zé, supos que poderia absolve-lo, naquelas condições.
Em vez de ir se queixar à Monica Bergamo, o Zé Dirceu deveria procurar o Procon. Se ele quiser, eu tenho um amigo lá, posso indicar...
ReplyPedro Unos
só pasquim publica entrevistas destes condenados
ReplyComo diria Mussum:
Reply'O Zé tá Fux pra cacetis!'
Cel.
ReplyMin. Fux veio a público para dizer que: "Não polemiza com réus!". Achei muito pouco.
Se o Min. Fux ficou de dar-lhe um voto de absolvição (se é que é verdade a versão do Zé) ao chegar ao STF, então significa que o Zé era culpado e precisava deste voto. Se o Min. Fux resolveu na hora “H” mudar de rota e dar-lhe uma banana, para salvar sua biografia, bem feito para o Zé. Min. Fux certamente não iria se comparar aos feitos de Toffoli e ao Lewandowishy.
Até agora a mulher tomate (deve estar plantando tomates para baratear seu custo!) não deu sinal de vida sobre o assunto. Afinal, foi ela quem nomeou o Min. Fux.
Chris/SP
ReplyUma correção Coronel... SUB CHEFE DA QUADRILHA CORONEL, SUB CHEFE, O CHEFE FALA "IPSSO", TEM NOVE DEDOS, BEBE E MENTE PRÁ CARAMBA E NO FLAMÊ TEM UMA NÊ CHAMADA ROSÊ.
Numa coisa o Zé está certo e não sejamos falsos ingênuos, pois é assim mesmo que funciona.]
ReplyE sempre foi assim, mesmo que digam o contrário ...
È um tal de procurar gente poderosa para fazer o pedido de apoio para nomeação que leva meses algumas vezes até achar o homem certo para a função certa.
E todo mundo sabe disso no meio.
E todo mundo faz cara de espanto como se fosse a primeira vez.
Não sei se as coisas se passaram exatamente como relata o Zé, mas a pressão pela barganha , muito mais do que o saber é que contempla a escolha, ainda que o postulante não queira, se achar que apenas o critério técnico é suficiente, passará toda a vida esperando ser homenageado com a indicação, escolha e nomeação.
Para muitos o poder é mais importante do que dinheiro, muito mais, e em termos reais, corrompe muito mais porque a vitaliciedade destes cargos de ministro e todo o aparato de bajulação interesseira ilude os mais carentes e os mais materialistas ...Aí é que mora o perigo de tornar-se refém de uma vaidade pueril que leve a pessoa a perder sua consciência e a afrouxar seus princípios para os limites estabelecidos nos pactos antecedentes. Triste. Muito triste a barganha que sempre permeia ao menos na esperança dos que se acreditam merecedores de favores futuros que , sabem, um dia virem a necessitar.