Kassab: esperteza demais engole o dono.

Não será tão fácil para Gilberto Kassab, que hoje é o dono do PSD, atropelando as lideranças que o ajudaram a construir o partido, obrigar os seus membros a aderirem ao governo Dilma. O que é bom para o Kassab, pode não ser bom para grande parte do PSD. Basta olhar as situações regionais.

 

Comecemos pelo Senado, onde a legenda possui apenas dois nomes. Kátia Abreu, do Tocantins, mesmo que como presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) cultive boas relações institucionais com o governo, é aliada do governo tucano de Siqueira Campos. Capaz de mobilizar ampla base, está sendo sondada pelo PMDB e pelo PSB. Sérgio Petecão, do Acre, já flerta abertamente com o PSB de Eduardo Campos, haja vista que o seu estado é comandando pelos Vianna, do PT.

 

Em caso de adesão ao governo Dilma, Kassab perde, na mesma hora, um´dos dois governadores de estado: Raimundo Colombo. Em Santa Catarina, não existe acordo com o PT e Colombo, junto com quatro federais, vai direto para o PSB de Eduardo Campos. Os seguidores de Jorge Bornhausen tem alergia crônica ao petismo. No Amazonas, Omar Aziz, que era vice de Eduardo Braga, do PMDB, assumindo em seu lugar em 2010 e, logo depois, se reelegendo,  não pode disputar  2014. Lá o PSD não terá cabeça de chapa para governador.

 

Em Minas Gerais, o PSD já está com Aécio, desde o racha de 2012, quando Kassab interviu no diretório regional para fazer um agrado para Dilma, mesmo sabendo que a eleição estava perdida. Resultado: perdeu meia bancada e mais o presidente regional, que saiu do partido. Em outros estados, Kassab opera como um leiloeiro, deixando de lado os fundadores do partido, em troca de maior densidade eleitoral.   

 

A verdade é que Kassab está oferecendo ao governo mais do que ele tem. E parece que o governo acordou para o fato. Os ministérios que Kassab sonhava receber de Dilma viraram um, o menor de todos, a Secretaria das Micro e Pequenas Empresas. Esperteza demais engole o dono. Parece que  a estratégia que sobrou para Kassab será cooptar deputados federais, pois são eles que garantem fundo partidário e tempo de TV. Se houver uma janela partidária, muitos entrarão por uma porta no PSD mas, por outro lado, outros tantos sairão.  Na conta final, o PSD poderá não encolher em tamanho, mas ficará sem o que tinha de melhor.