Rose: eu sou Erenice amanhã.

Diante de tantos grandes crimes que deve ter testemunhado, Rose, a protegida do homem, teve lá os seus motivos para ficar desesperada, no primeiro momento. Afinal de contas, o que é uma cirurgia plástica, um cruzeiro com show do Bruno e Marrone e a indicação de alguns mequetrefes para agências reguladoras, diante de reuniões do andar de cima que ela agendou com grandes empresários, onde rolava de tudo, desde BNDES de bilhões em troca de doações de campanha até as mais vis tramas dos aloprados e mensaleiros? Quantos porres do chefe ela não camuflou? Quantas caixas e mais caixas de compras secretas e corporativas ela não desembaraçou nas viagens internacionais? Quantos telefonemas entre aquele que não sabia e aquele que quer o julgamento do julgamento ela não assistiu? Testemunha privilegiada das maiores falcatruas já perpetradas na história deste país, Rose jamais imaginaria que estava grampeada, vigiada e que cairia só por causa de uma cirugia plástica, de um cruzeiro com o Bruno e Marrone e da indicação de alguns mequetrefes... Mas no Partido do Mensalão toda a desgraça dura pouco. Por lá o silêncio vale ouro. Literalmente. E Rose sabe disso melhor do que ninguém. O desespero vai passar e as coisas todas irão para o seu devido lugar. A sofisticada organização criminosa é pra lá de organizada. Não é, Erenice?