Valor: A Cemig está entre as elétricas que
poderão perder capacidade de investimento e de fornecimento de energia
caso a MP 579 seja aprovada da forma que está?
Aécio Neves: Todos nós, independentemente de
filiação partidária e de tendência política, somos favoráveis à
diminuição das contas de luz. Essa é uma questão das poucas que unem
todos os brasileiros. Mas diferentemente do PT, nós do PSDB já
praticamos isso. Minas Gerais é o Estado que tem a maior parcela de
pessoas isentas de ICMS [na conta de luz]. Metade das famílias de Minas
são isentas porque consomem até 90 MGW. Faço esse preâmbulo porque essa
discussão começa a ser colocada de forma indevida, como se nós não
quiséssemos a diminuição da tarifas. Queremos, sim, e achamos que o
governo tem espaço ainda maior para diminuir ainda mais das tarifas.
Valor: Mas o senhor tem usado termos como intervencionismo, quebra de contratos...
Aécio: O que nós condenamos é o intervencionismo e a
ausência de diálogo do governo com os Estados e com as companhias de
energia e, no caso da Cemig em especial, a quebra de contrato temos
três hidrelétricas. Ao longo dos últimos anos, até abril deste ano, 126
usinas tiveram seus contratos de concessão renovados pela primeira
vez. O que nós queremos para as hidrelétricas mineiras é o mesmo
tratamento. Não há por que você permitir que uma hidrelétrica de Furnas
tenha uma renovação não onerosa quatro meses atrás e hidrelétricas na
mesma condição da Cemig não tenham o mesmo tratamento. Então essa é uma
questão central que estamos discutindo.
Valor: Na sua avaliação, há espaço para mudanças no Congresso da MP 579?
Aécio: O que parece grave nisso é a forma
desrespeitosa como o Congresso vem sendo tratado nessa matéria. Eu vi
algumas declarações ontem [quinta-feira] de terceiros que atribuíam à
presidente da república a afirmação que não ela aceitava que o relator
modificasse através da aceitação de qualquer emenda o texto da Medida
Provisória. Seria, segundo os jornais reproduziram e ninguém desmentiu,
um teste de lealdade para que ele pudesse ser presidente do Senado.
Mas seria, na minha avaliação, um teste de deslealdade com o Senado. O
Congresso existe para analisar as propostas do governo e aprimorá-las. E
quando o governo estabelece o prazo de 4 de dezembro para a assinatura
de contratos, portanto uma adesão às regras, antes sequer de o
Congresso apresentar o texto da MP, é um desrespeito absoluto ao
parlamento e à democracia.
Valor: A disputa pela Presidência no Senado, na sua avaliação, vai dificultar mudanças do texto da MP?
Aécio: Espero que não. O senador Renan é experiente
e ele não pode deixar que o governo trate do Senado como extensão do
próprio governo, onde a presidente impõe suas vontades sem aceitar
qualquer discussão. Se ele [Renan] inicia sua caminhada submetendo o
Congresso à vontade unilateral do governo federal sem possibilitar o
debate da matéria no Senado e o aprimoramento do texto ele começa numa
mão inversa.
Valor: Voltando à Cemig, a MP ameaça os investimentos da Cemig e sua capacidade de fornecimento de energia?
Aécio: No caso da Cemig e de outras empresas,
haverá um comprometimento grave na capacidade de investimentos,
certamente. Eu já citei uma frase do ex-presidente Juscelino que
energia cara é aquela que vc não tem. Já houve uma perda muito
expressiva no valor dessas empresas com a edição da MP e a quebra de
contratos. A Cemig já perdeu R$ 11 bilhões no seu valor de mercado.
Obviamente que isso significa que ela perde capacidade de
investimentos.
Valor: A direção da Cemig tem dito que vai
lutar pelo que considera direito de seus acionistas em ter as
concessões de três de suas usinas renovadas pelas regras em vigor, e
não pelas que o governo propõe. O senhor pretende agir de que forma
nesse caso da Cemig?
Aécio: No caso da Cemig e no que diz respeito a
essa questão do contrato assinado, nós não vamos aderir e vamos
judicializar a questão. Se o governo impuser um rolo compressor nessa
matéria, nós vamos ao Supremo Tribunal Federal e acho que vamos ganhar.
Até porque temos informações e documentos que mostram que a cartilha
do Ministério das Minas e Energia publicada em 11 de setembro, quando a
presidente fez o anúncio, não incluía essas três hidrelétricas da
Cemig, São Simão, Jaguara e Miranda. Quando a presidente anunciou as
medidas, as estaduais contribuiriam com 6.800 MW e com isso eles
chegavam a um cálculo de 20,2% de diminuição das tarifas. Dezessete
dias depois é que a Aneel publicou uma lista incluindo essas três
usinas e outras menores de primeira renovação.
Valor: Mas o senhor planeja alguma iniciativa concreta em prol da Cemig?
Aécio: E eu estou apresentando - e é a primeira vez
que estou falando isso em público - alternativas. E eu vou demonstrar
na comissão da MP que com a retirada com a taxa de pesquisa e
desenvolvimento, que o governo ainda não tirou da conta de luz, com a
retirada da taxa de fiscalização da Aneel, e a conta de desenvolvimento
energético (CDE), que o governo retirou 75%, se o governo zerar, o
impacto é de 3% na tarifa; muito maior que a inclusão dessas
hidrelétricas proporcionaria. Sem falar na PIS-Cofins, que se fosse
retirada da conta de luz, geraria um impacto na redução da tarifa de
7%. Na discussão com o Renan, ele pode apresentar isso na medida
provisória.
Valor: O risco de falta de energia a que o senhor se referiu, caso a MP seja aprovada da forma que está, seria algo no curto prazo?
Aécio: É a médio prazo. O setor é ainda carente de
investimento e não se pode brinca com algo tão sério. Esse viés
intervencionista do governo faz mal à saúde do setor, mas faz mais mal
para a saúde da democracia no Brasil.
6 comentários
Coronel,
ReplyDigo que o "Menino de Minas" é burro e a prova esta ai!!
O PSDB sempre é o partidinho do passo certo, garantindo a governabilidade, enquanto o PT vai se eternizando no poder.
A Dilma já tem o discurso pronto: - A "luz" não baixou porque o Aécio não deixou!!!
Oposição sem sujar os punhos de renda!! Ir ao STF é terceirizar as decisões!!
Que vá discursar no Senado, que de entrevistas, que desmascare a Anta, mas ASSUMA POSIÇÃO!!!!
Esse carinha acha que TODOS são burros???
JulioK
Será que para o traécio existe um país chamado BANÂNIA ou BRASIL, pois ele está vendo apenas o seu umbigo, ele é senador da republica ou só de MG?
ReplySr Coronel:
ReplyQuanta valentia.
Quanta traíragem
Perdoa-me mas a vontade de versejar é incontrolavel
Uma vez traíra
sempre traíra
traíra sempre
ha de ser....
Saudações
Ps Não sou repetitivo,quem é repetitivo é o traíra,que se repete sempre em traíragens.
Traécio, se sair, vai perder até para o Levy Fidelix !!!
ReplyA Dilma violou a constituição quando por medida provisória alterou os contratos em vigor e também tem outra pois A CÂMARA DOS DEPUTADOS PODE NEGAR A MEDIDA PROVISÓRIA POR FALTA DE URGÊNCIA, RELEVÂNCIA e também por quebrar a cláusula pétrea de alterar o DIREITO ADQUIRIDO. Se o Sarney em nome da constituição que a Dilma e os deputados e senadores JURARAM QUANDO TOMARAM POSSE, DEFENDER A UNIDADE DO BRASIL, A CONSTITUIÇÃO dentro estão as cláusulas pétreas.
ReplyEstas cláusulas são imutáveis e só uma nova ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE tem poder direto do povo para INSTAURAR UMA NOVA CONSTITUIÇÃO. Quem tem direitos adquiridos não pode perdê-los com a nova constituição, ela só teria valor para o futuro.
A dilminha concorda com os 4 primeiros comentarios, e agradece o apoio.
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