Naquelas partes do mundo com as quais a América Latina aspira a se 
equiparar,  a imprensa e os meios de comunicação em geral vivem tempos 
atribulados. Os modos  convencionais de produzir e difundir informações 
enfrentam, com diferentes  resultados, o desafio sem precedentes da 
revolução tecnológica que criou a  internet. A partir daí, como é 
impossível ignorar, surgiu o fenômeno mundial da  blogosfera e das redes
 sociais, onde o incessante fluxo de notícias - ou o que  passa por 
sê-lo - transformou drasticamente as relações entre a mídia (que, na  
forma clássica, coleta, organiza, expõe e discute os fatos 
presumivelmente  relevantes para a maioria) e o público (que os consumia
 com escassa ou nenhuma  intervenção no processo). Posto em xeque esse 
padrão, também o modelo  tradicional de negócios do setor busca atalhos 
para se adaptar à mudança, sob os  efeitos agravantes da crise das 
economias desenvolvidas.
Essa espinhosa realidade já contém problemas suficientes para 
determinar a  agenda de qualquer evento que reúna executivos de empresas
 de comunicação,  jornalistas em postos de comando nas redações, 
analistas e pesquisadores. Mas  nesta parte do mundo, a pauta da 
imprensa inclui forçosamente a questão política  das ameaças à sua 
liberdade. Eis por que, além dos debates sobre o futuro do  jornalismo, 
como os que se travam em toda parte, a 68.ª Assembleia-Geral da  
Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), encerrada ontem em São Paulo
 depois  de cinco dias de atividades, concentrou-se em boa medida no que
 o ex-presidente  Fernando Henrique, falando na segunda-feira, chamou 
"um ressurgimento do  pensamento contrário à democracia", que se traduz 
em crescentes pressões contra  a imprensa na região. "Governos 
democraticamente eleitos", apontou por sua vez o  presidente da 
entidade, Milton Coleman, do Washington Post, "estão tratando de  
promulgar leis que solapam a liberdade de expressão."
O quadro latino-americano se tornou mais sombrio, portanto. Extintas 
as  ditaduras nascidas de golpes militares - e com a evidente exceção da
 tirania  castrista em Cuba -, líderes que chegaram ao poder pelas urnas
 adotam políticas  deliberadas de cercear o jornalismo independente, 
enquanto cumulam de benefícios  a mídia chapa-branca ou pura e 
simplesmente estatal. Na Argentina, Bolívia,  Equador, Nicarágua e 
Venezuela, a pretexto de democratizar o acesso à  informação, busca-se 
institucionalizar o garrote ao redor das organizações  noticiosas, a par
 de outras formas de intimidação, como é o caso da verdadeira  guerra de
 extermínio que a presidente Cristina Kirchner move ao grupo  
empresarial que edita o Clarín, desde que o mais importante diário 
argentino  cometeu o pecado mortal de opor-se à Casa Rosada no seu 
confronto com os  ruralistas em 2008. É a aplicação do princípio 
chavista segundo o qual ou o  órgão de comunicação se alinha 
automaticamente com o governo ou é inimigo a ser  tratado como tal.
No Brasil, no que dependesse do PT, esse tratamento já estaria em 
curso, sob  o assim chamado "controle social da mídia", a ser exercido 
por grupos sociais  controlados pelo partido. O mais recente rosnado 
nessa direção, como se sabe, se  seguiu à condenação dos 
grão-mensaleiros por um imaginário conluio entre o  Supremo Tribunal 
Federal e a imprensa conservadora (ou golpista). A mídia não  pode ser 
um partido político, esbravejam os petistas. Se não opera em regime de  
concessão, pode ser o que queira - e se entenda com o seu público. O 
Estado,  como lembrou o governador Geraldo Alckmin no encontro da SIP, é
 que não pode ser  juiz da imprensa. É o que também parece pensar a 
presidente Dilma Rousseff, para  quem o melhor controle da mídia é o 
controle remoto em poder das pessoas.
De todo modo, 72% dos diretores de veículos de comunicação no País - 
ante 67%  na média da região, numa pesquisa patrocinada pela SIP - 
entendem que a  liberdade de imprensa "é esporadicamente ameaçada ou 
coagida"; pelos governos em  primeiro lugar, mas também por medidas 
judiciais (como a que há mais de dois  anos impede este jornal de 
noticiar a investigação da Polícia Federal sobre os  negócios da família
 Sarney) e ainda pelo crime organizado. (Editorial do Estadão)

3 comentários
O próprio editorial que reclama da censura elogia a presidente que pertence ao PT.
ReplyDilma representa a censura, o mensalão, Celso Daniel, a ditadura do PT...
O Estadão está há quase 2 anos censurado e não pode publicar nenhuma linha com relação às falcatruas de um certo filhinho de político senador do Maranhão! (E claro do restante da família)
ReplyIsto em pleno julgamento do Mensalão pelo STF.
Acorda STF! Libera o Estadão para publicar os mensalões da família do atraso do Maranhão!!
Vamos aproveitar a temporada de caça e enquadrar os tais bandidos e o filhinho do papai Sarna.
Coronel, os jornais NÃO FUNCIONAM COM CONCESSÃO NEM ALVARÁ NEM LICENSAS, só precisa ter jornalistas e isenção ou ser um jornal partidário, a censura é proibida pela constituição mas o poder judiciário o asno poder que inconstitucionalissimamente fazem a censura prévia ( operação boi barrica a censura judicial contra o Estadão o impede há 3 anos de publicar qualquer coisa sobre o CORONÉ José Sarney.
ReplyOutros veículos da mídia publicam alguma coisa sem problema e o fato já é histórico e não dará mais nenhuma complicação ao Sarney o LAMPIÃO DO CACHACEIRO-MOR.
O quase coronel Zequinha Sarney e Roseana Sarney ( coronel do mal ) são os braços da sençura petralha no nordeste selvagem onde o PSDB não entra e LULA E SARNEY são Deus que ficam no altar junto de santos.
DEPOIS RECLAMAM DE DISCRIMINAÇÃO SE CHAMAREM O POVINHO DE APEDEUTAS.