Nem Serra pode salvar Kassab.

De gênio político e estrategista acima da média, Gilberto Kassab transformou-se na maior decepção da área, nos últimos tempos, neste país. Quando todos esperavam que ele fosse mostrar, finalmente, que São Paulo tinha virado um canteiro de obras e que a cidade, lá nos cafundós e arrabaldes, amava o seu prefeito, descobriu-se que ele tem 80% de desaprovação e que não tem nada de impacto para mostrar. Que fez uma péssima segunda gestão, segundo a população. Que quatro em cinco paulistanos não pode nem ouvir falar o seu nome.

Qual o futuro político de Gilberto Kassab? Um ministério? Improvável. O PSD, que ele fundou, não segue os seus desígnios, tanto que ele teve que agir como um cacique ao intervir em Belo Horizonte, sem consultar a Executiva. Perdeu o apoio do maior nome nacional da legenda, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) e de um dos intelectuais do partido, Roberto  Brant, ex-ministro, que pediu o desligamento da legenda, em protesto. E o STF referendou o erro, desconsiderando a decisão estapafúrdia tomada na calada da noite. Kassab vai oferecer o quê para Dilma, que ela já não tenha? A metade dos parlamentares do PSD já apóia automaticamente a presidente e a outra também o faz nas questões de fundo que não afetam as raízes liberais do partido.

Kassab, no plano estadual, sairá derrotado, mesmo que Serra vença a eleição. Os méritos serão creditados ao apoio de Geraldo Alckmin, que possui boa  aprovação entre os paulistanos, jamais a ele. Não terá as mínimas condições eleitorais para disputar qualquer cargo majoritário pelo estado, em 2014. Governador, nem pensar. Senador com risco de uma sonora derrota? Talvez deputado federal, cargo para o qual ainda lhe resta capital eleitoral.

Para a eleição presidencial de 2014, diferentemente de eleições municipais, os dois minutos de TV do PSD não terão tanta importância. Do jeito que a oposição esfacelou-se, João Santana, o marqueteiro do PT, terá tanto espaço de programa eleitoral que não saberá o que colocar nele. Haja super câmeras, helicópteros e  holografias. Serão tantos os partidos oferecendo segundos para Dilma como nunca se viu na história deste país. Se for para a situação, Kassab será apenas e tão somente mais um a oferecer alguns segundos a mais para uma presidente que, olhando-se o hoje, será eleita de lavada no primeiro turno.

Sem cargo executivo, sem popularidade e sem uma boa imagem, Kassab terá dois longos anos de deserto pela frente. Vai pagar o preço do excesso de genialidade política, vendida sem ter nada de concreto sob os pés. Já dizia Tancredo Neves que quando a esperteza é muita, come o dono.