Arcaico e moderno.

A agricultura é a principal base de lançamento estratégico do país na competição mundial. É a sua alta produtividade, em quantidade e qualidade, que abre barreiras, derruba preços e faz a vida melhor e mais barata. Só que essa verdade incontestável e estatisticamente demonstrável, que faz da vida rural, combinada com tecnologia, uma novidade material e econômica, ainda não tem, para toda a sociedade, a visibilidade simbólica que lhe faça justiça.

Muito precisa ser esclarecido sobre nossa maior vantagem comparativa e competitiva. Porque uns, por desconhecimento da moderna revolução agrícola pela qual passa o nosso país, ainda não sabem o que temos de mais promissor; outros fingem não saber, por má-fé e apego aos mitos do país arcaico, o que reduz o ímpeto do crescimento do Brasil. Mas quem vive a vida no campo, integrado ao progresso urbano, compreende bem porque a afirmação dos interesses dos cidadãos do mundo rural combina com a afirmação de princípios de todos os cidadãos do nosso país.

O desafio brasileiro não é a ruptura dos dois brasis -o novo, ter a ilusão que pode, num passe de mágica, expulsar o arcaico da política, da economia, da vida social- mas sim convencer gradativamente o país que o moderno deve assimilar o arcaico e torná-lo disfuncional e desnecessário.

Todo o processo de mobilidade social em nosso país, que permitiu o surgimento e o progresso de diferentes classes sociais, maior transferência de renda e o acesso a bens e produtos de consumo, se deve, fundamentalmente, à estabilização e barateamento dos preços de alimentos. Foram o acesso à tecnologia e a difusão do conhecimento científico aplicado à agricultura que evitaram, todos esses anos, carestia, crise de abastecimento e ameaça à estabilidade política. Ao gastarem menos para alimentar as famílias, urbanas e rurais, puderam viver melhor. E todo esse esforço combina, como em nenhum outro país do mundo, preservação ambiental com qualidade e quantidade dos alimentos produzidos.

Mesmo quando a escassez de mão de obra no campo fez aumentar o seu custo, o domínio da tecnologia impulsionou a produtividade, freando a alta de preços. E nas áreas onde ainda existem baixa produtividade, exclusão social e pobreza -de propriedades e proprietários-, podemos dizer que tal realidade é o espelho da falta de difusão tecnológica.

Uma política pública voltada para gerar e difundir tecnologia, que contemple, entre outras medidas, a reorganização do sistema de assistência técnica, extensão rural e a criação de um órgão inteiramente dedicado a esse fim, é fundamental para consolidar os ganhos da sociedade até aqui e criar condições para que continuemos a avançar. Essa nova política pública, capaz de democratizar o acesso à tecnologia e modernizar a agricultura familiar e as pequenas propriedades pode ser o principal fator de inibição do arcaico que ainda persiste em várias regiões.

E daí deriva uma certeza que incomoda os críticos do sucesso de nossa agricultura: o progresso na área rural é poupador de terra e fator de estabilidade ambiental. Não é a área plantada que reflete a maior produtividade, mas sim a tecnologia empregada.

O historiador e economista inglês Arnold Toynbee afirma que "existem dois fatores constantes na vida social: o espírito do homem e o seu meio ambiente. A vida social é a relação entre eles, e a vida somente se ergue ao cume da civilização quando o espírito do homem é o parceiro dominante da relação -quando, em vez de ser moldado pelo meio ambiente, ou simplesmente preservar-se em tensão com o meio numa espécie de equilíbrio, ele molda o meio ambiente de acordo com seu propósito ou "expressa" a si mesmo "imprimindo-se" sobre o mundo".

A inteligência agrícola brasileira imprime ao país sua marca de sucesso, respeitando a parte intocável do nosso território e preservando e mantendo fértil a parte que cultiva. É muito mais do que qualquer grande visionário de um mundo justo possa aceitar e compreender.

KÁTIA ABREU, 50, senadora (PSD/TO) e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), escreve aos sábados uma coluna para a Folha de São Paulo.

6 comentários

KÁTIA ABREU PRÁ PRESIDENTE DO BRASIL! TEREMOS ENTÃO A PRIMEIRA POR QUE A ATUAL É PRESIDENTA.

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Sr Coronel:

KATIA ABREU 2014
SIMPLES ASSIM
Saudações

Ps.Gostaria de saber se a pitanga entendeu alguma coisa.Fazer comercial chapa branca é facil,plantar e colher da um trabalho

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CEL, a qualidade da sociedade, que é o todo, pauta a qualidade das partes e sob esse aspecto nada escapa, imprensa, partidos políticos e entes oficiais. Tudo muito ruim, de baixíssima qualidade.

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A Senadora com sua lucidez e carisma bem poderá ser aquela que levará nossa Nação a outro patamar de desenvolvimento mas terá bastante trabalho para desinfectar toda a escória petralha destes anos de queda.

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UM EXCELENTE NOME PARA 2014!!!

Katia Abreu, Presidente da República!


Chris/SP

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Ricardo Magalhaes mod

Esta de parabens a Senadora.Mostra sua capacidade,principalmente a de levar ao conhecimento da Nação o que representa nossa agricultura.Com respeito ao comentario que fez sôbre a desinformação do povo sôbre a modernização do campo,acredito que isso se dê em consequencia das imagens comuns que costumamos ver na TV onde sempre aparecem aqueles agricultores com roupas rotas,pisando em lama,desdentados,contrariamente ao que vemos quando mostram os agricultores europeus e norte americanos,sempre com melhor apresentação visual.

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