O MEC não sabe o que fazer.

A reação do governo ao resultado do Ideb de 2011, que mostrou a persistência do fiasco do ensino médio brasileiro, não causa surpresa. E, sendo o titular do Ministério da Educação (MEC) um político profissional, sem especialidade na área, os argumentos e propostas que apresentou para melhorar o ensino foram notáveis pelo simplismo, pela retórica e pela improvisação.

Para tentar vender a ideia de que o governo tem um plano bem definido de mudança do ensino médio, o ministro Aloizio Mercadante anunciou um projeto de reestruturação do currículo, que reagrupa as 13 disciplinas desse ciclo de ensino em quatro áreas: ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática. Com isso, em vez de receberem aulas específicas de biologia, física e química, os estudantes do ensino médio participarão de "atividades" que integrem esses conteúdos.

O ministro não esclareceu, contudo, quais serão essas atividades nem deixou claro como elas poderão, do ponto de vista pedagógico, assegurar aos alunos o domínio de conceitos, fórmulas e conhecimentos fundamentais no âmbito das ciências exatas e biológicas. Mercadante também não tratou de outra questão importante - as pressões corporativas que levaram à adoção de modismos pedagógicos, como a introdução de filosofia e sociologia como disciplinas obrigatórias, fragmentando ainda mais os currículos. "Por isso, hoje o aluno sai (da escola) sabendo nada de tudo", diz Priscila Cruz, diretora da ONG Todos Pela Educação.

Para o ministro, o reagrupamento das 13 disciplinas básicas do ensino médio em quatro áreas evitará a dispersão dos esforços dos estudantes, permitindo que tenham uma compreensão "mais integrada" das principais áreas do conhecimento. Segundo Mercadante, o projeto também permite que um professor de biologia ou química, em vez de ensinar a disciplina em três colégios, para garantir uma remuneração à altura de suas necessidades, passe a participar de um núcleo de ciências da natureza numa única escola. Mas o ministro não esclareceu como será feita a distribuição dos docentes em cada um dos núcleos e como fará para que o professor de uma disciplina aprenda a lidar com temas que não são de sua área de especialização.

Mercadante também anunciou que a aquisição de material didático para as escolas privilegiará as quatro áreas de disciplinas reagrupadas. Quase todas essas medidas não são novas. Algumas foram anunciadas há três anos pelo então ministro Fernando Haddad e adotadas em caráter experimental. Na época, o MEC enfrentou mais problemas administrativos do que imaginava, pois a responsabilidade pela rede pública de ensino médio é dos Estados.

Se cada região do País tem suas especificidades econômicas, sociais e culturais e se 97% das escolas de ensino médio são mantidas pelos Estados, não é lógico, nem viável, que um órgão federal adote diretrizes e políticas uniformes sem amarrar esse ciclo numa camisa de força. Há três anos, para estimular os governadores a aceitarem a federalização do ensino médio, o MEC prometeu repassar verbas às escolas que alterassem seus currículos.

Desde 2009, alguns pedagogos afirmam que essas medidas são positivas, mas precisam ser mais bem definidas e são difíceis de ser implementadas. Elas exigem a reorganização das escolas e, principalmente, a requalificação dos professores. Pelo projeto de Mercadante, os professores terão de programar as aulas em conjunto - e isso exigiria uma nova política salarial para a categoria. Quase todos os Estados pagam o professorado pelo número de aulas dadas e a tentativa de impor um mínimo de carga horária para atividades extra classe enfrenta a oposição de prefeitos e governadores.

O ensino médio precisa de mudanças radicais, mas o governo não sabe o que fazer. Também não sabe como superar a resistência dos Estados e municípios a inovações pedagógicas. E não quer promover um debate nacional do problema, pois sabe que isso levaria a uma avaliação crítica da gestão de Fernando Haddad, que certamente prejudicaria sua candidatura. (Editorial do Estadão)

9 comentários

Mensageiro do Apocalipse mod

Pergunta ao "padabobos" PTralhas que de bobinhos não têm nada:

Por que ao invés de ficarem tentando inventar a RODA QUADRADA, gastando dinheiro público publicando KITs GAY para criancinhas, ou ensinando a a ler e escrever errado com livros do quilate do sofrível "POR UMA VIDA MELHOR" cuja autora Helena Ramos que recebeu R$ 700.000,00 por essa verdadeira PORCARIA os senhores não retornam o ensino ao bom e velho sistema:

- Curso primário;
- Ginasial;
- Classico ou Científico, e
- Universitário.

Ah sim! Paguem bem aos professores e NÃO MUDEM O CURRÍCULO TODOS OS ANOS e estabeleçam uma nota mínima para aprovação dos estudantes e principalmente...

ACABEM COM O VERGONHOSO SISTEMA DE COTAS RACIAIS E RESTABELEÇAM A PROGRESSÃO ATRAVÉS DO MÉRITO!

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dias atraz uma jovem estudante em P.G. respondeu-me assim: "eu assisti a uma palestra delle e gostei muito, portanto, é nele que eu vou votar e não quero discutir política porque só dá briga"! -compreendi logo o por quê da miséria intelectual da juventude brasileira. enquanto houver ministros como hadadd, aloisio mercadante e seus consorciados, a decadencia do intelecto-social marcha de peito estufado!


cap price



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De país cujo ministro da Educação conseguiu da maneira mais safada, cínica, ilegal e imoral o título de "dotô" não podemos esperar nada de bom! Epra piorar ainda mais, a tese defendida pelo "Merdaandante" foi o maior e desavergonhado puxasaquismo feito em cima do bêbado vagabundo que atrasou onosso Brasil em 100 anos!!!

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Tudo bull shit.

O revogável/irrevogável não entende nada de educação. Mercadante é um tremendo flor-de-estufa.

Vejam a sequência de ministros da educação (da educação?) - Tarso Genro - Fernando Haddad - Aloisio Mercadante. Desastre desastroso!

Este é o Brazil que não dá certo. Com certeza.

Sds

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Cel,

PT, a escória de Pindorama.

Índio Tonto/SP

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Paulistano Estressado mod


A idéia é formar um estudante "genérico",ou seja,aquele que tem uma visão "geral" das coisa mas não sabe p.....nenhuma !!!
Concordo com o Mensageiro do Apocalipse,acima; isso é a invenção da roda quadrada!!!
Pelamor de Deus ,meu !

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Até quando nossos filhos serão tratados como cobaias de laboratório ?
São humanos aguardando educação séria e fundamental.
O prejuizo é de quem ? Claro, de pais e filhos .
Mais respeito com humanos em formação.

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Quer dizer que o MEC repassou verbas para as escolas que se sujeitassem a mudar as regras para agradar o governo?
Eh o mensalão da educação.
Com nosso dinheiro eles compram tudo e todos.
Haja estômago.

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A atuação patética de Mercadante se torna mais vexatória considerando que ele foi fundador do síndicato nacional de professores universitários.

Ao invés de ficar criando planos, agrupando disciplinas, etc, porque ele não pede sugestões aos interessados. Os alunos e os professores do ensino médio e das universidades federais, p. exemplo. Temos debatido com preocupação a falta de conhecimentos básicos que os alunos apresentam quando chegam nas universidades porque o ensino médio é uma grande porcaria.

Não precisa concentrar disciplinas, a meu ver basta:
1. Salas de aula com no máximo 40 alunos por turma. Aliás, as salas de aula tem que ter espaço suficiente para comportar de forma confortável os estudantes e permitir que as avaliações sejam realizadas a contento.
2. BIBLIOTECAS! Quantos colégios tem biblioteca hoje em dia? Com jornal, gibis, revistas, livros da nossa literatura e qualquer coisa que a gente goste de ler. E toda a bibliografia bem atual. Nada de livros de 1970. Mas tem que ser biblioteca no melhor estilo Saraiva, com uma decoração legal que faça com quê o aluno queira estar lá, como era 30 anos atrás nas escolas que eu frequentei. Tinha esteira e almofada e era muito bom pegar um livro e ler. Que tal redes? Tapetes? Sei lá... depende da especificidade de cada lugar.
3. A educação começa no jardim de infância. A tabuada, caligrafia, o alfabeto, a estrutura das palavras (o famoso be-a-ba) tem que ser ensinados lá, como aconteceu comigo. Tem que acabar esse negócio de jardim de infância para fazer "atividades lúdicas".
4. Instituir programas de educação diferenciada tanto para os alunos com alguma dificuldade de aprendizado quanto para os alunos super inteligentes.
5. Promover os esportes, mas promover os esportes de verdade. Em Maceió tem o CEAGB, onde estão concentradas todas as escolas estaduais. 30 anos atrás o centro tinha pista de atletismo, quadra de jogos e piscina com trapolim para salto ornamentais. As crianças que quisessem participar de um esporte eram estimuladas a estudar para ter uma vaga nos times. Criação de escolinhas para os mais variados esportes (e lá vem a Olim-píadas de 2016).
6. Não precisa de escola de tempo integral necessariamente. NO período que o aluno não tem aula, ele poderia realizar, obrigatoriamente, atividades como escolinha de artes ou ainda aulas de técnicas agrícolas, o que se somaria aos esportes.
7. O professor tem que poder voltar a reprovar alunos livremente. O medo de ser reprovado é o maior estimulo para o aluno estudar. E isso vai se reproduzir ao longo da vida do estudante.
8. Não sou contra o uso da tecnologia, mas o professor tem que ser bem treinado. Aliás, tem que ser obrigado a fazer treinamento para o aproveitamento das mesmas de forma a evitar inclusive o famoso copia e cola.

O que mais me chateia é que tudo o que foi dito acima havia em Maceió (Alagoas), 30 anos atrás. Aí, Collor começou e os outros terminaram de destruir o estado todo.

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