Cuidar do partido, não do Ministério, foi o primeiro objetivo
anunciado pelo novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, logo depois de
confirmada sua escolha pela presidente Dilma Rousseff. "O fundamental é
a unidade do partido e acabar com qualquer tipo de insatisfação",
disse o pedetista que acabara de ser chamado para um posto no primeiro
escalão do governo. "Não teremos grandes dificuldades para seguir o
projeto de unidade do partido", assegurou. Projeto de governo, se
existe algum, deve ser menos importante - tão irrelevante, de fato,
quanto qualquer projeto ou plano de trabalho para o cargo.
Um dia depois, em seu primeiro discurso numa festa de Primeiro de
Maio, o novo integrante da equipe federal confirmou, para quem ainda
tivesse alguma dúvida, a pobreza de suas ideias e propostas para a ação
ministerial. Mas seu evidente despreparo combina perfeitamente com o
critério adotado para o preenchimento de vagas no primeiro nível da
administração.
A presidente Dilma Rousseff pode ter desagradado a uma parte do PDT,
mas foi fiel ao padrão de loteamento do governo. Manteve o Ministério
do Trabalho sob a chefia do partido, reservando-se apenas a
prerrogativa de escolher um nome. Respeitou também o ritual de dar
satisfação ao comando partidário. Antes de tornar pública a nomeação de
Brizola Neto, conversou em seu gabinete com o presidente do PDT, o
ex-ministro Carlos Lupi. Defenestrado quando sua posição se tornou
insustentável pelo acúmulo de denúncias, ele só deixou o governo depois
de muito esperneio. Mas a presidente, apesar disso, julgou adequado
prestar-lhe contas de sua escolha, como se a sua condição de líder
pedetista o qualificasse para essa deferência, ou, mais que isso, para
sancionar uma decisão presidencial.
Assim, a presidente Dilma Rousseff mantém incólume o sistema de
loteamento da administração federal entre os partidos da base
governista. Respeitou esse critério nas trocas anteriores de ministros,
em geral motivadas por escândalos inaceitáveis, e nunca deixou de
prestar homenagem às siglas da coalizão governamental.
Continua, portanto, agindo como se a nomeação de ministros não fosse
um ato de responsabilidade exclusiva da Presidência, mas uma faculdade
partilhada com os componentes da base governista. Por isso ainda tem
sentido, em termos práticos, classificar este ou aquele Ministério como
integrante da "cota presidencial". No Brasil, quem chefia o governo e é
o responsável máximo pela gestão pública tem cota para nomeação de
ministros e até de dirigentes de agências reguladoras e de estatais.
Nessas condições, a qualidade e os objetivos da administração pública
se tornam irrelevantes para quem participa do banquete do poder -
assuntos menores tanto para os partidos quanto para a Presidência. A
presidente Dilma Rousseff pediu ao novo ministro do Trabalho uma
"agenda positiva", segundo se informou logo depois de confirmada a
escolha. Não houve menção ao conteúdo da agenda nem a programas e
projetos. Uma agenda é positiva, na concepção corrente em Brasília,
quando favorece a imagem do governo. Se contribui ou não para a solução
de grandes problemas e para o desenvolvimento é questão secundária.
O discurso do novo ministro, em São Paulo, comprova essa percepção.
Foi um palavrório vazio, sem qualquer ideia mais significativa do que a
promessa de abrir uma discussão sobre a semana de trabalho de 40
horas. Sobre a manutenção de direitos trabalhistas ele não foi além de
generalidades, próprias de quem não tem o que dizer.
No mesmo dia, em São Bernardo do Campo, o prefeito Luiz Marinho,
ex-ministro do Trabalho e ex-presidente da CUT, dedicou-se a questões
concretas, recomendando ao novo ministro a retomada dos programas de
qualificação e treinamento. "Temos vagas em aberto e pessoas em busca
de emprego, o que sugere a falta de qualificação", disse Marinho.
Questões como essa estão na pauta de empresários, sindicalistas e
estudiosos do mercado de trabalho há alguns anos. Esse e outros
problemas concretos comporiam uma boa agenda para um ministro, se ele
tivesse sido nomeado por seus méritos administrativos, e não por ser
neto do antigo guru da presidente da República.
9 comentários
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1084913-lula-chega-de-bengala-a-evento-no-bndes-no-rio.shtml
ReplyEsse VAGABUNDO a quem chamam de "ministro" do trabalho...
Reply... por acaso tem alguma ideia do que seja TRABALHAR?
...retomada dos programas de qualificação e treinamento....
Replyah ta...
isso esta me cheirando eh a ONG!
vão começar de novo a irrigar os cofres dessas ONGs que não formam ninguém nos seus cursos e dão fim no dinheiro recebido...
o ministro do trabalho que nunca trabalho na vida .. só no brasil mesmo
ReplyCoronel
ReplyIndependentemente de concordar "quase sempre" com suas opiniões, adoro seu estilo.
Amante que sou da língua desta terra descoberta por Cabral, não posso deixar de vibrar com "Cabralhice", vocábulo que se coaduna perfeitamente com o personagem da trama.
Hoje eu já estava feliz com seu conselho ao Poderoso Chefão e você ainda me brinda com essa expressão que, como diria meu velho pai, não é bem de Coronel; está mais para "cabo de esquadra". O que nos reservará o final do dia?
Saudações
M. Rosa - S.Paulo
Aposto duas caixas de um bom chileno Concha & Toro, Cabernet Sauvignon, safra 2010, que o PaTetinha da linhagem do velho caudilho vermelho dos Pampas não esquenta a cadeira de ministro com seu traseiro incomPeTente. Dou-lhe três meses para cair, vítima de fogo amigo...
ReplyCoronel e Amigos,
ReplyO pior é saber que, daqui a alguns meses, a fotografia desse cara-de-pau ainda vai figurar no quadro dos ex-ministros, ao lado de alguns personagens que honraram aquele cargo (e de alguns pilantras, também).
Que baixaria! O Brasil não merece esse desgoverno destrambelhado!
Chamem os americanos!!!
Intervenção, já!!!
Oras, Brizola foi guru da presidente?
ReplyQuando? Como? Por quê?
Ela só filiou-se ao partido, mais nada.
"Brizola e Fernando só trocaram as armas.
ReplyNão trocaram de lado.
Não foram para o Chile..."