Assessor especial do ministro Alexandre Padilha (Saúde) até dezembro,
Edson Pereira Oliveira admitiu ter recebido R$ 200 mil de propina para
pagamento de dívida de campanha. De acordo com reportagem da revista "Veja", Oliveira afirma que passou,
desde então, a ser alvo de chantagem de um grupo de parlamentares do Rio
de Janeiro que teriam o objetivo de manter um esquema de corrupção em
órgãos de saúde do Estado.
Em entrevista na manhã de ontem, Padilha afirmou que só soube da
história ao ser procurado pela revista, na segunda-feira, e que pediu
investigação à Polícia Federal ainda na semana passada. Segundo ele, uma auditoria da CGU (Controladoria Geral da União), ainda
em andamento, avalia todos os contratos de empresas e laboratórios com
os seis hospitais federais no Rio, foco dos desvios, segundo a revista.
"Consideramos o fato extremamente grave, que se associa a outros fatos
graves que o ministério detectou desde que começou a reforma
administrativa dos hospitais do Rio, em fevereiro de 2011", disse o
ministro da Saúde. "Os fatos serão apurados até o fim, vamos tentar
reaver os recursos desviados da saúde". Sobre a guerra partidária pelo controle dos recursos e dos hospitais
federais no Rio, que segundo a "Veja" envolve o PT, partido do ministro,
e PMDB, sigla de seu ex-assessor especial, Padilha afirmou não
acreditar em uma guerra político-partidária. "Há um combate contra o
desperdício do dinheiro publico na saúde".
Segundo dados do Ministério da Saúde, 40 contratos da pasta com
instituições médicas -como contratos de obras, locação de equipamentos e
fornecimentos de medicamentos- foram suspensos desde o início do ano
passado. A revisão de contratos teria resultado em economia de mais de
R$ 50 milhões. Amigo de Padilha desde os movimentos estudantis, Oliveira acusa os
deputados Nelson Bornier (PMDB), Aúreo (PRTB) e Marcelo Matos (PDT) de
exigirem a indicação de diretores de hospitais federais no Rio de
Janeiro, especialmente Bonsucesso, Lagoa e Ipanema, com objetivo de
obter uma mesada.
Oliveira disse que foi chantageado após aceitar dinheiro de um deputado
hoje sem mandato, Cristiano (PTdoB), para pagamento de uma dívida de sua
campanha a uma prefeitura no interior da Bahia, nas eleições de 2008. Procurado pela Folha, Bornier nega que tenha chantageado o
ex-assessor do ministro: "Padilha está querendo virar o jogo. Encontrei
esse Edson uma vez. Nunca pedi nomeação. Pedido de nomeação se faz em
papel".(Folha de São Paulo)