PSB rouba a cena em São Paulo.

O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, negou que tenha firmado qualquer compromisso pessoal com a presidente Dilma Rousseff ou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que seu partido apoie a candidatura do PT em São Paulo. "Meu compromisso é só com o PSB, de conduzir bem o PSB. Tenho uma relação com a presidenta Dilma, de grande estima, respeito, ajudei a sua eleição, sou da base de sustentação dela. Tenho ajudado ela, mas nunca trocamos posições eleitorais por circunstâncias políticas na base de apoio; nunca fizemos isso", disse Campos, depois de proferir uma palestra sobre seu governo na Associação Comercial de São Paulo.

No evento, estavam presentes o prefeito Gilberto Kassab e o vice-governador Guilherme Afif Domingos, ambos do PSD, que já anunciaram apoio à eventual candidatura do ex-governador José Serra (PSDB).O PSB é tradicional aliado do governo federal petista, do qual participa com dois ministérios, mas seu diretório estadual prefere apoiar os tucanos. O presidente regional da legenda, Márcio França, é o secretário de Turismo do governador Geraldo Alckmin.

No PT, a declaração de Eduardo Campos foi interpretada como uma forma de "esticar a corda" e se cacifar em outras negociações pelo país, especialmente em Belo Horizonte, onde o PT ainda não se decidiu por apoiar a reeleição de Márcio Lacerda (PSB), e em Recife, onde Campos estaria tentando emplacar o deputado federal licenciado e seu secretário de Governo, Maurício Rands, como o candidato petista à prefeitura.

"Ele sabe o que disse para o Lula...", disse um dirigente do PT, afirmando que o governador também teria se comprometido com Dilma Rousseff, em jantar durante visita da presidente a Pernambuco, no mês passado.
Se esse foi o objetivo, Eduardo Campos o cumpriu à risca. Afirmou que a política de aliança em São Paulo, por ser uma cidade com mais de 200 mil habitantes, será debatida pelos diretórios municipal, estadual e, finalmente, nacional, num processo que pode durar até junho. "Por que decidir agora?", perguntou. E negou que a cúpula nacional é que decidirá.

"Não é exatamente assim. Ninguém vai impor a ninguém uma decisão. Essa decisão tem que ser pactuada dentro do partido. O partido não é o desejo de Márcio [França] nem o meu desejo. Temos que ouvir o partido no município, a nossa bancada na Assembleia, no Congresso Nacional, nos outros municípios importantes onde vamos disputar eleições. É um processo de diálogo", disse. Questionado sobre a versão divulgada pelo PT, de que haveria um suposto compromisso com Lula de levar seu partido a apoiar a candidatura do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, Eduardo Campos reafirmou estar livre para a tomada de decisão. "Não posso cuidar de versão, minha gente. Nós não temos nenhuma decisão pré-estabelecida em relação a município nenhum no Brasil, muito menos em relação a São Paulo. Nunca tratamos desse assunto", afirmou.

Eduardo Campos lembrou que já disputou o governo de Pernambuco, em 2006, contra um candidato do PT, o atual senador Humberto Costa; que o PSB já deixou de ter candidato próprio (Ciro Gomes) à Presidência, em 2010, a favor de um palanque único para Dilma Rousseff; que o PSB já abriu mão para que Aldo Rebelo (PCdoB) fosse candidato a vice na chapa de Marta Suplicy, na última eleição à Prefeitura de São Paulo; e que os próprios petistas têm alianças com tucanos em vários Estados. "Você vai a Pernambuco e tem aliança do PT com o PSDB em vários municípios", disse. Campos afirmou que não teme uma retaliação do PT caso o PSB apoie Serra e tentou minimizar a importância do partido no Estado. "O PSB não tem força política ainda para definir o quadro. Somos força que tem importância, mas somos coadjuvantes", argumentou.

O governador também citou sua aliança com o PSD do prefeito Gilberto Kassab. "Não polarizamos. Temos uma relação construída com o prefeito Kassab, que vocês conhecem qual é, de parceria, do partido a nível nacional", ressaltou. Eduardo Campos também lembrou a aliança com os tucanos em outros Estados, como Minas Gerais, Paraná e Paraíba. "Nós somos um partido diferente do PT. Somos aliados do PT, mas temos aliança com o PSDB em outros Estados, o que é natural que tenhamos. Construímos o processo político de redemocratização ao lado do PSDB, não satanizamos o PSDB, de forma nenhuma, nem devemos fazer isso", disse.

O presidente do PSB reconheceu que, caso os diretórios municipal e estadual decidirem pelo apoio aos tucanos em São Paulo, ficará difícil a direção nacional revogar a aliança. "Óbvio que dificulta. Se quando todo mundo decide de um jeito já tem dificuldade de fazer aliança..." Eduardo Campos chegou a São Paulo no domingo, quando jantou com Gilberto Kassab. O governador disse que o tema da conversa foi política, embora o prefeito tenha negado. Kassab negou ainda que tenha oferecido a Secretaria de Esportes para o PSB, de modo a atrair a legenda para a candidatura de José Serra. "Não houve oferta da secretaria, e de nenhuma outra".

A palestra de Campos na Associação Comercial atraiu um grupo expressivo de integrantes do PSB paulista, a maioria com interesse direto na aliança com os tucanos. São os casos do deputado federal Jonas Donizete, pré-candidato em Campinas, e do prefeito Valdomiro Lopes, de São José do Rio Preto, que busca a reeleição. Nestas cidades, o PSDB já mostrou disposição de abrir mão de candidatura própria em troca de receber o apoio do PSB na capital. A presença de seis deputados estaduais e cinco federais foi qualificada como uma estratégia para convencer Campos. O presidente do diretório municipal, vereador Eliseu Gabriel, afirmou que em reuniões, no domingo e ontem, ficou acertado que a decisão deve sair em até quatro semanas. (Valor Econômico)

6 comentários

"Tenho uma relação com a presidenta Dilma, de grande estima, respeito, ajudei a sua eleição, sou da base de sustentação dela. Tenho ajudado ela, mas nunca trocamos posições eleitorais por circunstâncias políticas na base de apoio; nunca fizemos isso", disse Campos,"

uma das grandes piadas do ano...

Reply

"PE: cisternas do 'Brasil sem Miséria' chegam com defeito no sertão"

mais um fiasco para a coleção de incompetências do desgoverno da búlgara autoritária...

e ainda querem se meter a influenciar nos assuntos internacionais...

querem dar pito nos EUA e emprestar grana para a Europa...

só rindo...

Reply
a mão que embala o berço mod

Essa corja vagabunda acha que engana quem? É só entregar um cargo em troca de “apoio” que elles descambam para o outro lado com a maior cara de paisagem.
Os safados vivem falando em governabilidade, mas isso são palavras ao vento, o que realmente importa são os cargos e a porteira fechada do curral, o resto é balela.

Reply

O PSB esperava o quê?
E quem esperava algo do PSB?
É política.
Nas eleições presidenciais apoiou Dilma em Pernambuco, contra Serra e contra Jarbas Vasconcelos.

Em São Paulo, se aparecerem levantamentos dando conta de subida do candidato escolhido pelo chefe do PT, tudo pode demorar.

Reply

Agora que o "Agente 51" está inoperante, este Judas 2012 vai desembarcar, aos poucos, do desgoverno de coalizão e aumentar o preço de seu passe. Ou seja, a Dona Doida vai pagar mais para receber menos. Quem cria serpentes é picada por elas.

Reply

Não se pode servir a dois senhores.
Neste momento temos de evitar críticas e confrontos, pode haver segundo turno. Não sejamos radicais. Antes um falso amigo do que um inimigo declarado.
Vamos com calma que chegaremos lá.
José Serra, para Prefeito de São Paulo, cidade do trabalho e do rpgresso.
José Serra, Honestidade, Competencia.

Reply