Em 2012 e 2014, o PSDB está condenado a estar unido...inclusive com o PSD, afirma senador mais votado do partido.

Expoente do grupo serrista que saiu das urnas com mais de 11 milhões de votos, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) sabe que o ex-governador José Serra e o senador Aécio Neves não se bicam, mas só vê um caminho para a vitória do PSDB em 2014. "Estamos condenados a estar juntos para chegarmos ao que queremos, que é o poder", afirma, destacando que cabe à sigla criar condições para a unidade interna. Convencido de que a direção partidária pode converter rivalidades em força motriz do projeto tucano, integrando os concorrentes a partir, por exemplo, da garantia de prévias para a escolha do candidato a presidente, o senador adverte que 2014 passa por 2012 e que a desunião pode levar à derrota na briga pela Prefeitura de São Paulo. "Com Lula conduzindo seu pupilo (Fernando Haddad) pela mão, como aqueles domadores de elefante (risos) conduzem seu animal de estimação, não há lugar para uma terceira via."

O problema maior do PSDB continua sendo o racha interno?
O problema não é a desunião; é a falta de união dinâmica e direcionada. Não há racha interno. O que há são lideranças com projetos inevitavelmente conflitantes quando a ambição se dirige a um único cargo.

O sr. se refere a Aécio Neves e José Serra?
Não são só a Serra e Aécio. Tem os governadores. Basta lembrar que, na convenção do PSDB, o governador Marconi Perillo (GO) tinha seguidores gritando ‘Marconi presidente’. Acho que um Geraldo Alckmin é alguém que não pode ser afastado de uma cogitação presidencial, assim como nosso líder no Senado, Álvaro Dias (PR), que é ex-governador, está colando sua imagem na oposição e é muito articulado. O que está na ordem do dia hoje não é o conflito. É a busca do entrosamento que faça com que diferenças de temperamento se transformem em força motriz do nosso projeto. Nenhuma dessas lideranças tem condições de tocar sozinhas um projeto de poder.

Serra e Aécio convivem ou apenas se toleram?
Eu não saberia te dizer. Não tenho a radiografia da alma de cada um e nem é isso que me interessa. O que me interessa é que são líderes importantes, de prestígio, que podem, um ou outro, e sem a exclusão de terceiros, conduzir uma eleição vitoriosa do PSDB em 2014. Todos sabemos que estamos condenados a estar juntos para chegarmos ao que queremos, que é o poder. E o partido tem que criar condições para que Serra e Aécio estejam juntos e presentes. O que precisamos é de uma ação política em que a coexistência de projetos divergentes se transforme em uma força motriz. Basta que o comando partidário crie um mecanismo para que os dois possam conviver e para que esses conflitos tenham uma resultante positiva.

E que mecanismo seria esse?
Vou lhe dar um exemplo: a prévia. Estabelecendo que faremos prévia para a escolha do candidato a presidente, temos, em primeiro lugar, uma garantia contra a antecipação desnecessária da escolha do candidato. Em segundo, o partido terá de fazer uma revisão de seus quadros, saber quantos somos, aonde estamos e recadastrar nossos militantes. Terceiro: aqueles que pretendem ser candidatos serão levados a desenvolver uma atividade pública junto ao partido e junto à sociedade, explicitando suas ideias. Isto transforma eventuais conflitos em uma rivalidade positiva.

A direção não está mobilizada?
Está cada um pro seu lado. Falta integração. É preciso mobilizar este povo todo.

Com Serra fora da presidência do partido, da secretaria-geral e do comando do Instituto Teotônio Vilela (ITV), os aecistas avaliam que têm hegemonia na direção partidária. O sr. concorda?
Não. Não adianta ter a hegemonia agora. Mas não me sinto bem em ser porta-voz de serristas, nem de fazer avaliação sobre aecistas. Eu não gosto de colocar a questão nesses termos.

Em entrevista ao Estado em outubro, Aécio se colocou à disposição para ser candidato contra Lula ou contra Dilma. Serra teria a mesma disposição?
Você tem que perguntar ao Serra. Eu acho que o Aécio fez muito bem de dizer algo que até o porteiro do Senado sabe, que ele gostaria de ser candidato a presidente. E acho ótimo que tenha se colocado com disposição de enfrentar a parada, qualquer que seja ela. Agora Serra, só falando com ele. Condições ele tem. Agora, não sei se tem disposição. Acho o Serra um homem extraordinário, capaz, com belíssima história política, prestígio eleitoral. Se quer ser candidato, só ele pode dizer.

Aécio começou a fazer um giro pelo País, mobilizando os tucanos. O que o sr. acha disso?
Acho ótimo que faça essas visitas, sobretudo aos locais onde o partido estiver mais fraco. Mas imagine se fosse uma caravana do PSDB, uma coisa dirigida pelo partido no estilo das caravanas da cidadania que o Lula fez, com Serra e Aécio participando. Quando falo em criar formas de convivência e transformar rivalidades em força, me refiro a formas como esta.

O sr. imagina mesmo os dois juntos em caravanas?
Não estamos falando de um convescote, de um chá de comadres. Estamos falando de política e os dois são perfeitamente maduros. Não se pode fazer política como se faz crônica social. Essas questões não podem depender dos humores e subjetividades de cada um.

O PSDB tem quatro pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. O sr. acredita numa candidatura Serra a prefeito?
Não. Não acredito.

Pode haver uma aliança com o PSD na cabeça e PSDB na vice?
Esta eleição municipal em São Paulo vai ser muito polarizada. O Lula está movendo céus e terras para unir todos que puder contra o nosso campo político. E o nosso campo político é comum ao PSDB e ao PSD, a todos os que não querem o PT em São Paulo e sim a continuidade de uma experiência exitosa que já dura oito anos. Esse campo político é majoritário no eleitorado paulistano e mostrou isso na votação do Serra, do Alckmin, e na minha, para senador. Em uma eleição polarizada, com Lula no primeiro plano conduzindo seu pupilo pela mão, como aqueles domadores de elefante conduzem seu animal de estimação, não há lugar para uma terceira via.

O sr. está dizendo que ou o seu campo se une ou perde a eleição?
Exatamente. Na eleição municipal passada foi assim. O Alckmin tem extraordinário prestígio popular em São Paulo e, no entanto, não foi para o segundo turno em 2008 porque o eleitor simplesmente não entendeu o que ele estava fazendo ali. Eu não vejo muito sentido em o PSDB brigar no primeiro turno com o vice-governador do Alckmin. Também não vejo muito sentido em ver o Guilherme Afif (vice-governador) brigar com o PSDB. Quem vai ser o cabeça da chapa e o vice, a gente vê depois. Alguém que é candidato em uma prévia é no máximo pré-candidato. O PSDB precisa entender que a aliança não se faz só quando nos beneficia.

Tem 2014 sem 2012?
Claro. Uma coisa não está necessariamente vinculada à outra, mas eu considero que nós - e assim tem trabalhado o governador Alckmin - devíamos já, a partir de agora, ir juntando nossas forças com vistas a 2014.

2014 será mais fácil ou mais difícil que 2010? Serão 12 anos de PSDB fora do poder.
É perfeitamente possível ganhar a eleição presidencial e 2010 mostrou que isto. Não foi contra a maré que remamos. Foi contra um tsunami, com Lula no auge, a economia bombando e o pré-sal como o novo eldorado brasileiro. Com tudo isso, ganhamos no primeiro turno em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, e Serra ainda teve 43% dos votos no segundo turno. As condições da reeleição da presidente Dilma serão muito menos favoráveis do que foram as da eleição de 2010.

O governo Dilma é mais fraco na gestão do que Lula?
É o governo Lula sem um presidente com a vocação para o picadeiro que o Lula tem. Com 40 ministérios, é inviável. Temos escândalos e promessas não cumpridas demais e carisma de menos. E tudo indica que a economia estará longe do esplendor de 2010. Mas não podemos acordar três meses antes, contratar um marqueteiro e achar que vamos ganhar a eleição.

(Entrevista concedida ao Estadão)

ATÉ QUANDO VAI PERMANECER A TOLERÂNCIA DE KASSAB EM RELAÇÃO A ALGUNS TUCANOS DE RAPINA, QUE QUEREM IMPEDIR A ALIANÇA PSD-PSDB?

Do Estadão de hoje:

O tucano Geraldo Alckmin foi saudado na noite de anteontem, durante jantar de confraternização promovido pelo PSD, como "governador para oito anos". O encontro foi mais um aceno do prefeito Gilberto Kassab, presidente do PSD, em prol da aliança com os tucanos para a eleição municipal de 2012. Kassab quer o apoio do PSDB à candidatura do vice-governador Guilherme Afif (PSD). Em troca, ele e seu grupo apoiariam a reeleição de Alckmin em 2014. O acerto esbarra na disposição de parte do PSDB de lançar candidato próprio. Alckmin conseguiu adiar as prévias tucanas de janeiro para março. Até lá pretende ter uma coalizão mais robusta. Kassab, nas tratativas com o PSDB, só aceita abrir mão da cabeça de chapa caso José Serra seja o candidato.

11 comentários

"O problema não é a desunião; é a falta de união dinâmica e direcionada."

não entendi nada, mas adorei...

eh isso que dificulta os tucanos, a preferencia pelas curvas ao invés de seguirem pelas retas...

Reply

"Mas não podemos acordar três meses antes, contratar um marqueteiro e achar que vamos ganhar a eleição."

já aqui entendi tudo, concordo plenamente, mas não adorei...

mesmo porque sei que um plano politico para ser elaborado e colocado em pratica com eficiência leva anos e anos...

e aqueles bobões que foram naquela tal convenção, reunião, sei la, querendo "se aproximar mais do povo", parecem achar que isso se faz da noite para o dia...

o único efeito certo dessa bobajada eh perder o apoio de parte da população que o partido já possui, pois ganhar adesões, duvido muito...

o povaréu esta inebriado pelo petismo, a tarefa de mostrar o quão nefasta eh essa turma não eh pequena, mesmo porque o povaréu parece ser bastante egoísta, interessando-se apenas pelo que pode ganhar de imediato...

esse papo de "pensar no pais" não comove ninguém daquelas bandas...

o lance eh redução de IPI...

a boia de salvação do governo socialista (de mentirinha, claro) petralha tem sido o suprassumo do capitalismo: o consumismo escancarado.

Reply

"e assim tem trabalhado o governador Alckmin...

cuma?????

o governador tem trabalhado por 2014?

só se for a favor da candidatura da búlgara, porque a cada entrevista concedida pelo governador os elogios a governanta que nada governa se multiplicam...

Reply

Parabens Senador Aloisio Nunes.
E tem mais o Aécio não tem influencia fora de Minas.
O PSDB precisa de um candidato MACHÃO que suba às favelas, desça às Baixadas Fluminense e Santista, que vá às portas das fabricas,dos sindicatos, que enfrente vaias e receba aplausos com a mesma naturalidade, QUE ENFRENTE A CORRUPÇÃO DO PT COMANDADAS PELO LUIZ INACIO DA SILVA, PELO DIUUUMA, PELO JOSÉ DIRCEU, QUE ENFRENTE AS PEDRADAS COMO O MARIO COVAS, PRECISA DE UM MACHÃO, que saiba denunciar e enfrentar o nivel que o PT atua, o esgoto moral.
O Aécio não é este individuo, acho que o Serra tambem não é.
O Serra perdeu porque andou sozinho, foi educado e o PT roubou dinheiro e as instituições para a Diuuuma Poste.
Candidatos MACHOS e a Vice pode ser a Katia Abreu.

Reply

Aécio não tem influencia nem em Minas...

pra se manter em cima do poleiro do poder tem que dançar agarradinho aos petistas...

as outras regiões do Brasil simplesmente ignoram esse senhor...

Reply

Ainda tenho esperança que o PSDB acorde!!! e faça aliança com o PSD de Kassab para a Prefeitura de São Paulo!!!!

PT, AQUI, JAMAIS !!!!!


Chris/SP

Reply

Em tempo: Se quizerem um candidato correto, MACHÃO de Minas Gerais para Vice,em 2014,do PSDB, chamem o DEP. JOÃO LEITE.

Reply

Em março, Jose Serra prefeito de São Paulo.

Reply

Tenho certeza que no final das contas o PSDB fará uma chapa puro sangue com José Serra na cabeça da chapa.

Reply

Por que Kassab, do PSD, pode bater o pé e o PSDB, não?

Reply

Serra serah candidato a prefeito, e com o apoio do Alkmim, eh dificil perder.

Reply