Em busca da convergência perdida.

A senadora Kátia Abreu (PSD-GO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), afirmou ontem que não vê problemas na escolha do ex-deputado federal Fábio Feldmann (ex-PV, atualmente sem partido) para escrever o programa do PSD sobre preservação ambiental e desenvolvimento sustentável. "O Fábio Feldmann é um moço preparado, uma pessoa de muito valor e vou poder ter com ele um diálogo maduro, sem radicalismo", disse a senadora, depois de participar da abertura do 22º Congresso Brasileiro de Avicultura, em São Paulo. O ex-deputado, um dos fundadores da SOS Mata Atlântica, fará o programa a convite do prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, sem, no entanto, se filiar ao partido. 

A declaração da senadora segue a linha de pensamento do prefeito, que defendeu, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de anteontem, o confronto entre as ideias da presidente da CNA e as do ambientalista para elaborar o programa partidário. "Temos que saber encontrar a convergência", afirmou. Tida como uma das principais integrantes da bancada ruralista no Congresso, Kátia negou que seja adversária de Feldmann no projeto do Código Florestal. "Não existem lados opostos na questão ambiental. Existe unanimidade. Todos nós queremos produzir comida e queremos preservar o meio ambiente", disse. "O desentendimento pode estar nos detalhes, [incentivado] às vezes por um pouco de ideologia, de radicalismo", completou. 

Feldmann, que concorreu ao governo de São Paulo em 2010 pelo PV e saiu da legenda acompanhando a ex-senadora Marina Silva (sem partido), defendia versão mais restritiva ao agronegócio, com mais áreas de preservação permanente e sem a anistia aos desmatadores. A proposta, que também tinha apoio do governo federal, foi derrotada na Câmara dos Deputados e está agora em análise nas comissões do Senado. Em entrevista ao Valor no dia 18, o ambientalista também minimizou as possíveis divergências com a senadora. "A visão da agricultura para médio e longo prazos envolve também o desenvolvimento sustentável dos meios de produção. Estudos mostram que o aquecimento global prejudica muito o nosso modelo de agronegócio", afirmou na época. (Do Valor Econômico)