Afora as divisões internas, o PSDB convive com trincas no bloco de oposição. O DEM, velho e tradicional aliado do tucanato, está insatisfeito com a parceria. Em entrevista ao blog, José Carlos Aleluia, vice-presidente do DEM federal, içou à superfície um desconforto que vinha sendo mantido nos subterrâneos. “O PSDB não tem dado a nós o tratamento que esperamos”, declarou Aleluia. “De um modo geral, o PSDB tem achado que nós somos aliados cativos. É um erro. Nós não somos aliados cativos do PSDB.”
Dá-se de barato entre os tucanos que, em 2014, o DEM apoiará o candidato do PSDB à Presidência da República, seja ele quem for. E Aleluia: “Trata-se de uma visão totalmente equivocada. Essa ideia do alinhamento automático não existe no nosso partido...” “...Hoje, o que há é um crescente desconforto com a relação. O PSDB não conseguiu se unificar. Por que deveríamos aderir a algo que está esgarçado?” O PPS, outro partido que o tucanato enxerga como aliado irreversível prepara para dezembro um Congresso para redefinir o seu papel.
Conforme já noticiado aqui, a legenda presidida por Roberto Freire previu, em documento preparatório do encontro, o debate sobre a candidatura própria. O texto anota a certa altura: “[...] já neste congresso, discutiremos a possibilidade de candidatura própria para presidente em 2014. O repórter perguntou a Aleluia se o DEM pode seguir o mesmo caminho esboçado pelo PPS. “Essa hipótese está crescendo no partido”, ele respondeu. “Sempre defendi isso. E agora me sinto mais à vontade porque cresce no partido a ideia de uma candidatura própria, sem falar em nomes...” “...É grande o movimento para ter candidato próprio ou construir uma alternativa nova, independente do PSDB...” “...De concreto, há a certeza de que não temos nada acertado com o PSDB para 2014. Não temos e não teremos tao cedo.”
Além de ocupar a vice-presidência da legenda, Aleluia preside a Fundação Liberdade e Cidadania, braço de pesquisa e assessoramento do DEM. Integra, de resto, um grupo em que representantes do DEM e do PSDB analisam as perspectivas de parceria para as eleições municipais de 2012. O grupo já realizou duas reuniões. Prepara a terceira para o início da próxima semana. “Há um esforço para caminharmos juntos. Mas nem eles são cativos a nós, nem nós a eles”, disse Aleluia. Por ora, prevalece o dissenso, por exemplo, em relação a três das mais importantes capitais em disputa nas eleições do ano que vem. “São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte não são lugares de negociação fácil”, disse Aleluia.
Na capital paulista, o DEM nã hesitaria em associar-se ao PSDB se o candidato tucano fosse o ex-presidenciável José Serra. “A ausência da candidatura do Serra criou um quadro de incertezas”, declarou Aleluia. “Podemos ter uma opção própria ou conversar com outros partidos”. Aleluia menciona como alternativa a hipótese de um acerto do DEM com o candidato do PMDB à prefeitura paulistana, Gabriel Chalita. No Rio, praça em que o tucanato cogita lançar o deputado Otávio Leite, o DEM caminha noutra direção. Os ex-rivais Cesar Maia (DEM) e Anthony Garotinho (PR) tentam pôr em pé uma chapa dos filhos –na cabeça, Rodrigo Maia. Na vice, Clarissa Garotinho. Na capital mineira, o PSDB de Aécio Neves prepra-se para repetir em 2012 o apoio ao prefeito Márcio Lacerda (PSB), candidato à reeleição. “Não congitamos apoiar o candidato do PSD. Temos de criar um caminho novo em Minas”, disse Aleluia. “Pode ser um candidato nosso ou de outro.” Por enquanto, o único acordo celebrado por DEM e PSDB envolve Aracaju, a capital sergipana. Ali, o candidato será o ‘demo’ João Alves. O vice deve ser José Carlos Machado, que transferiu-se do DEM para o PSDB.
3 comentários
Deixe-me ver se entendi: depois de expulsar TODOS os presidenciáveis do partido, o DEM quer lançar candidato próprio a presidente? Ah, tá. Vai lá, DEM, vai!
ReplyDeve ser por isso que quando dizem que o DEM é herança da Arena e do PDS, muita gente acredita.
ReplyO DEM sabe que no momento, não tem a menor condição de ter candidato a qualquer cargo majoritário de colégios importantes.
Assim, se quiser fazer voo solo, que o faça. Se quer fazer o impossível e desaparecer, que o faça. Terá conseguido o impossível.
Se pensar melhor e fortalecer seu ideário liberal e aliar-se à social-democracia, terá melhores resultados.
Se quiser sumir de vez, deveria aliar-se ao PT.
Agora? Já era.
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