Código Florestal: o que é bom eles faturam, o que ruim eles escondem.

"Eu não tenho escrúpulos: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".

A famosa frase é de Rubens Ricupero, ministro da Fazenda de Itamar,  falando do Plano Real, vazada em entrevista para Carlos Monforte, em 1 de setembro de 1994, nunca foi tão atual. Seis dias depois ele pedia demissão. Hoje o ex-ministro da Fazenda ataca o Código Florestal, sem nenhum escrúpulo, em artigo na Folha de São Paulo. Não tem o mínimo prurido ético em faturar as teses fáceis e fúteis do ambientalismo, em vez de estudar os números e dados concretos que derrubariam a sua tese.

Ricúpero escreve que o Brasil tem 70 milhões de áreas degradadas, que deveriam servir para aumentar a agricultura ou reflorestamento. E quem é contra? Os Censos Agropecuários realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que as áreas de florestas cresceram 72,5%  dentro das propriedades rurais brasileiras, nas últimas décadas. Enquanto a área dos estabelecimentos agropecuários cresceu 32,1% entre 1960 e 2006, de 249,8 milhões de hectares para 329,9 milhões de hectares, a área de florestas dentro das propriedades aumentou de 57,9 milhões para 99,9 milhões de hectares. Ou seja: para mais 80 milhões de áreas plantadas, os produtores rurais destinaram 42 milhões para preservação. Para cada 2 hectares utilizados, a agropecuária manteve 1 hectare intocado. É por isso que o Brasil mantém o recorde mundial de 62% do seu território com vegetação nativa.

O debate do Código Florestal está sendo desvirtuado justamente pelos Ricúperos da vida, estes que faturam o que é bom e escondem o que é ruim para os seus interesses. O setor do agronegócio tem repetido milhares de vezes: não queremos um hectare a mais, podemos triplicar a produção na mesma área, a única coisa que queremos é que o que está sendo utilizado não seja retirado dos cinco milhões de produtores rurais que, à época, não descumpriram lei alguma. Ao contrário, foram financiados e instados a abrir novas fronteiras agrícolas. E o fizeram com sangue, suor e lágrimas, dotando o Brasil da agricultura mais moderna e mais produtiva do mundo.