Código Florestal: o blog chamou o bispo para falar de plantio às margens de rios.

Ontem, um post abaixo, sobre o protesto de agricultores dinamarqueses, que estão sendo impedidos de usar fertilizantes em áreas plantadas a 10 metros das margens de rios, causou alguma polêmica entre os comentaristas. É que aqui no Brasil, os verdistas e onguistas, adeptos de deixar o povo passar fome para que os europeus venham fazer turismo rural no país ou curtir o maior spa ecológico do mundo, querem impedir o plantio a 30 metros de cursos d'água. Com esta medida, há municípios essencialmente agrícolas, que voltarão a ser mata fechada, mandando os seus agricultores para morar nas favelas urbanas. Será o retorno do velho êxodo rural, freado pelo excepcional desenvolvimento da agropecuária, que não deve ser confundida com o agronegócio. O agronegócio não precisa de dinheiro, tem de sobra, especialmente de bancos internacionais. Não precisa de preço mínimo, pois negocia na Bolsa de Chicago. Com ou sem Código Florestal, vai continuar enchendo os bolsos, porque vai plantar menos e os preços dos alimentos vão subir à estratosfera. Bem, mas vamos ao bispo. O artigo abaixo é do Bispo de Jales, Dom Demétrio Valentini. E foi publicado no site mais vermelho que existe, o Adital. Leiam com atenção e fervor. 

Código Florestal 

Se há um assunto que precisa ser bem pensado é o Código Florestal. Ele implica com o meio ambiente. Mas implica também com a viabilidade da agricultura. E em decorrência, com a produção de alimentos e com a sobrevivência de milhões de agricultores. A abordagem deste assunto requer equilíbrio e bom senso. É necessário levar em conta o conhecimento científico e as advertências da ecologia sobre a preservação do meio ambiente. Mas é preciso igualmente levar em conta os grandes avanços tecnológicos da agricultura, que possibilitam agora colocar em outros termos a preservação ambiental. 

Por isto, o Código Florestal não pode se abrigar debaixo de uma bandeira única. Seja ela bandeira dos ecologistas. Ou bandeira do agronegócio. Ou bandeira dos agricultores familiares. Ele precisa atender ao mesmo tempo a todas as demandas legítimas dos diversos reclamos que devem encontrar audiência num novo Código Florestal, que leve em consideração o conjunto dos aspectos a serem devidamente contemplados.

Uma das evidências que salta aos olhos, e precisa ser levada em consideração, é a grande diversidade de solos existentes no território brasileiro. Um Código Florestal sábio e adequado precisa ter como ponto de partida esta diversidade, que não pode ser impunemente padronizada. Precisa ser um código que comporte adequações e averiguações de circunstâncias. O assunto tem semelhança com os biomas. Demorou tanto para dar-nos conta da diversidade de biomas existentes no Brasil. O retrocesso real seria agora um Código Florestal que ignore esta diversidade. 

Outra evidência é o avanço tecnológico na agricultura, já amplamente assimilado, sobretudo a grande diferença que faz o plantio direto, pelo qual se evita a erosão. Há certos dispositivos do atual Código Florestal que demonstram completo desconhecimento desta nova técnica, que veio revolucionar o cultivo de grãos em nosso país. Com o plantio direto fica mais do que superada a prescrição de não utilizar para a agricultura os solos que tenham 45 por cento de inclinação. Os agricultores que constatam esta distorção se irritam justamente, e passam a desacreditar da validade do atual Código. Na verdade, se aplicados estes dispositivos, ficariam inviabilizados milhões de pequenos empreendimentos agrícolas, provocando um problema social inútil e de grandes proporções, que precisa ser evitado a todo custo, em última análise pela responsabilidade da Presidência da República. 

Tive o cuidado de fazer uma breve pesquisa. No pequeno município denominado Sul Brasil, no Oeste Catarinense, na região de Chapecó, o Prefeito empreendeu um amplo programa de preservação do solo, em vista da viabilização da agricultura, atividade de quase todos os 3.500 habitantes, num território de 114 quilômetros quadrados. Pois bem, em todo o pequeno município foram encontrados 83 veios de água, que formam "sangas”, que demandam aos córregos Pesqueiro e Burro Branco, que delimitam o município. De comum acordo, a prefeitura incentivou os agricultores a preservarem as margens, numa largura de dez a doze metros, em vez dos 30 que o Código prescreve. A solução, incentivada pela Prefeitura que forneceu gratuitamente o arame farpado para as cercas, ficou de bom tamanho, e os agricultores de Sul Brasil continuam, como brasileiros imbatíveis, cultivando com competência e com amor a terra que os acolhe e responde com generosidade ao seu nobre trabalho.

Esta foi a solução para Sul Brasil. Cada município precisa encontrar a sua. E quem quiser opinar sobre o Código Florestal precisaria primeiro passar pelo teste de distinguir entre "fonte”, "vertente”, "sanga”, "córrego”, "riacho” e rio. Se fosse urgir a aplicação do atual Código, ficaria inviabilizado não só o município de Sul Brasil, mas grande parte do Oeste Catarinense, e muitas outras regiões do País. O debate em torno das mudanças a serem introduzidas no novo Código Florestal exigem competência e responsabilidade.

15 comentários

Como disse no outro post, interessa à União Europeia, na defesa da sua criminosa Política Agrícola Comum, (e outros...) lavar a cabeça dos brasileiros - o que tem feito há décadas nas nossas escolas e meios de comunicação. A hora agora é de pragmatismo absoluto e de defender os interesses do Brasil e dos brasileiros do presente e do futuro (todos, os vivos, seus filhos, seus netos e todos os brasileiros não nascidos). Os europeus que se defendam, o Brasil deve defender os interesses e o futuro dos brasileiros.

Coronel, parabéns por essa defesa firme do novo Código. Se há defeitos nele, são os derivados de cessões demasiadas feitas pelo relator...Mas, democracia é assim. É muito melhor do que a loucura atualmente em vigor.
V.

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Dom Demétrio foi o único bispo não emérito a apoiar Dilma. Comunista e, dizem, maçom ao mesmo tempo é considerado por bispos sérios um infiltrado que foi colocado em momento de transição diretiva do Vaticano.
Este senhor foi quem atacou gravemente Dom Luiz Bergonzini o que o levou a escrever ao Papa - que na sequencia disse claramente quem estava com a razão.

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Caro Lucas:

Há tempos que venho dizendo, aqui, que existem temas suprapartidários. O Código Florestal é um deles. O relator é comunista, Aldo Rebelo. O bispo aí é comunista? Neste tema, tem toda a razão. Agora sabe quem está contra em maior escala? O Partido Verde do Zeca Sarney? Não, petistas e tucanos de mãos dadas! E o DEM, que tem na senadora Katia Abreu a lider para a aprovação, já que preside a CNA, ainda nao fechou questão. O PMDB já fechou. O Brasil realmente é um país muito estranho, onde o DEM tem vergonha se ser um partido dxe direita.

Um abraço.

Coronel

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tô na área
Com palavras e explanação DISTINATAS,foi o que EU DISSE em meu comentário.
Cada buraco tem o tatu que cabe nele,ué.Existem regiões que 100 metros será pouco para preservar as águas,em outros uma cêrca é suficiente.Fica fácil imaginar uma diferença entre um rio com margens arenosas e outro ENCRAVADO NA ROCHA,como muitos das Serras catarinenses e gaúchas por exemplo.

fui...

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Mas Coronel. 30 metros não é nada. Qualquer terreno localizado em área urbana, tem mais de 30 metros de comprimento.

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Coronel,
A CF estabelece que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida." Ninguém é contra isso! A PNMA (Lei 6.938/81) tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida. A política agrícola (Lei 8.171/91) é quem deveria fixar os fundamentos, objetivos e competências relativas às atividades agropecuárias, agroindustriais, pesqueira e florestal, respeitada a CF e PNMA.
O Código Florestal deveria cuidar, apenas, das florestas de produção e conservação.

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"Economista propõe campanha nacional para evitar a pilhagem das jazidas brasileiras de nióbio, o mais estratégico minério, que praticamente só existe no Brasil. A pilhagem é feita há décadas, com a cumplicidade dos sucessivos governantes." Leiam mais no Tribuna da Imprensa(Blog).

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Amigo Coronel,

O que o senhor Bispo falou é bem parecido com o meu pequeno comentário feito aqui no post anterior sobre o assunto... Afinal, a verdade é que ninguém sabe o que está fazendo no governo federal quanto a esse assunto. É muito Cacique para pouco índio! Os PTralhas estão brincando de saber fazer, eles sempre possuem uma solução para tudo, mas nunca resolvem nada direito e de vez.

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tô na área
Nióbio não é o tema,mas para o anônimo repassar para a fonte que citou:
www.lafogata.org/08oriente/oriente12/or.8.12.htm
e tem muito mais reportagens na fonte acima,basta buscar por "COLTAN"
fui....

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Agora estou confuso, colega(anônimo das 14:29), veja: “Coltan” é a combinação de duas palavras que correspondem aos respectivos minerais: a columbita e a tantalita, dos quais se extraem metais mais cobiçados do que o ouro. E o nióbio? O que que o nióbio tem a ver com isso?

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Municipio de Sul Brasil no oeste catarinense com 3.300 habitantes, tem como principais atividades econmicas a agropecuaria, avicultura, criação de frango caipira, agricultura familiar, agroindustrias, industria moveleira e de confecção.

O Brasil é um país territorialmente extenso, e não há necessidade de se destruir matas nativas tão proximo a rios, riachos, corregos ,sangas...

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Como assim, "não há necessidade"? Quem decide isso? Os Estados do Cerrado estão condenados ao extrativismo? Toda a Amazônia, sem exceção, está condenada à pobreza? Não, não, não há porque limitar toda a riqueza do Brasil à antiga faixa da Mata Atlântica - essa faixa é a faixa da riqueza por causa do trabalho de séculos de homens e mulheres. E isso envolveu, como em todas as civilizações, em parte, desmatamento.

O que interessa é fazer isso com inteligência e moderação. Mas não impedindo a geração de riquezas.

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A natureza não precisa das Leis dos Homens. Basta apenas que os homens respeitem as Leis da Natureza.

Francisco Cabral
Ambientalista
Ex Secretário Municipal de Meio Ambiente de Carangola MG

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Seu coronel, o Aldo Rebelo é um nacionalista infiltrado e controlando o PCdoB. Um homem sério.
Já sabemos deste fato há vários anos. Partido nenhum no Brasil segue sequer o que o título propõe, quanto mais uma doutrina.

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Olá, vejam esse artigo sobre o assunto nesse link.http://www.noticiasagricolas.com.br/artigos/artigos-geral/85615-um-novo-produto-de-exportacao.html. Uma idéia muito boa sobre nosso codigo florestal, um abraço a todos.

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