Futuro ministro da Justiça vira advogado de defesa de José Dirceu.

Saiu hoje na Folha de São Paulo:

Folha de São Paulo:  Como avalia o mensalão?

José Eduardo Cardozo: Diria que houve toda uma investigação, há um processo em curso na Justiça e acho que ela decidirá a respeito. Tenho afirmado que, ao menos na fase de investigação no Congresso, vi casos que considerei decisões injustas. E cito um caso com grande tranquilidade, porque a pessoa não é da minha corrente política, que é o do José Dirceu. Eu analisei o caso, e ele foi condenado pela Câmara sem prova, foi uma condenação política. Afirmei na época, afirmo hoje e voltarei a afirmar depois. E não falo como petista, mas como advogado e professor de direito.

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Está claro na declaração que o Ministro da Justiça do governo Dilma será um advogado de José Dirceu, no processo do Mensalão. E é ele quem está dizendo. Mesmo que o processo esteja correndo dentro das regras, ainda em fase de oitiva de testemunhas, o Ministro da Justiça já declara o réu inocente. Este blogueiro não é "professor de direito". No entanto, o que fica claro, é que em vez de defender a ordem jurídica e as garantias constitucionais, o futuro Ministro da Justiça está interferindo no rito processual, manifestando-se fora dos autos, desrespeitando tanto o Parlamento, em termos políticos, quanto o Judiciário, em termos legais. José Dirceu foi cassado por 293 a 192 votos, em processo onde teve amplo direito de defesa. Naquela oportunidade, como deputado, Cardozo fez parte do "juri" e seu voto foi respeitado. O mínimo que se exige de um Ministro da Justiça é ética, isenção e respeito às decisões legais. Cardozo, a partir de agora, deve tirar a fantasia de "Porquinho", de petista, de advogado, de professor de direito e ser apenas Ministro de Estado. Sob pena de chafurdar na mesma lama do chefe da sofisticada organização criminosa e dos seus mensaleiros, o que, dada a sua origem, não seria nenhuma surpresa.