Legislando para o próprio bolso(1).

Da Folha de São Paulo:

Ao dizer que não arredará o pé do aumento médio de 56% no salário dos servidores do Judiciário, o Supremo Tribunal Federal rebateu ontem as críticas do ministro Paulo Bernardo (Planejamento) de que a proposta enviada ao Congresso é "delirante". Para o diretor-geral do STF, Alcides Diniz, não tem "nenhum delírio" no pedido, que é necessário para evitar um "colapso" na Justiça do país. "Existe uma explicação lógica para isso, que é equiparar os salários do Judiciário ao de outras carreiras." Hoje o mais alto cargo entre os servidores do Supremo, o de analista judiciário, tem salário inicial de R$ 6.551,52 e final de R$ 10.436. A ideia, de acordo com Diniz, é nivelar a remuneração do servidor do Judiciário ao que ganha hoje o gestor do Executivo, cujos vencimentos variam de R$ 12.960 até R$ 18.474. O diretor do Supremo afirma que, mesmo com os 56% de aumento, os salários dos servidores da Justiça ainda continuarão cerca de 20% menores e que, inicialmente, imaginava-se um reajuste ainda maior, superior a 70%.
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Um artigo de Eduardo Graeff, ex-secretário-geral da presidência no Governo FHC, publicado na Folha de São Paulo, em 2008, apontava alguns dados interessantes sobre os salários do Judiciário:
  •  O salário médio de um juiz nos Estados Unidos é de 102 mil dólares por ano. O salário inicial de um juiz estadual no Brasil, o equivalente a 142 mil dólares; o de um juiz federal, 166 mil dólares, noves fora, de novo, a paridade de poder de compra.
  • Um juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos ganha 4,6 vezes o salário de um professor primário americano. De um ministro do STF para um professor primário municipal brasileiro, a relação é de 24 vezes. Entre um teto e um piso tão distantes, não há escala de remuneração que faça sentido. Por isso uma luta de classes permanente tenciona as estruturas do Estado brasileiro.
É absolutamente revoltante ver juízes defendendo que burocratas recebam mais de U$ 10 mil mensais para fazer o quê? Para trabalhar dentro de uma Justiça incompetente, muitas vezes corrupta, que delira de alegria em eventos boca livre pagos por empresas as quais eles têm o dever de julgar? Sem comentários.

11 comentários

O aparelho estatal virou um fim em si mesmo.Nosso judiciário um ajuntamento de gente pendante ,soberba, altiva e ineficiente.

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O mensalão já foi julgado, tem algum preso?

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Salomão Carvalho

Ótima matéria, Coronel!

Mais pessoas devem sabem destas manobras.

Coronel, se voce me permitir, quero dar uma idéia aos nossos amigos para ajudar a difundir este blog e multiplicar todas as suas idéias, sem fazer muita força.


Eu faço o seguinte: coloco nas configurações de férias do meu e-mail a resposta automática com o endereço deste blog, assim como o nariz gelado, o veneno veludo, o vídeo de Ana Carolina (aquele que o Sr. postou outro dia) e o portal "Xô, CPMF"(todos colando o link). É fácil.

Desta forma, todos que escrevem e-mail pra mim, recebem automaticamente uma mensagem para se conscientizar e se mobilizar, sem dizer que divulgo os blogs inteligentes. E, agora, até mesmo os spans diminuiram, Coronel.

Pensa que se cada um de nós trouxer mais dez para o blog, e para o perfil de oposição via conscientização/mobilização dobraremos em pouco tempo os 44 milhões, voce não acha, Coronel?

Fica aí esta idéia do 'e-mail consciente'.

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Excelente matéria. Temos um judiciário (minusculo)atrasado, retógrado, impotente, imponente, mas também incompetente (até rima).
Seus integrantes se consideram semideuses, melhores que os outros.
Como não há espaço para todos os filhos na carreira da magistratura, nem competencia, o bom a fazer é melhorar o salário dos serventuários.

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Pequena correção, Coronel, que não invalida o argumento.

O salário de um professor de escola primária nos EUA é em torno de US$41K, ou seja, o salário de juiz federal é 2,5 vezes maior.

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JOMAR JOMARFERREIRA@GMAIL.COM
o PODER JUDICIARIO NO BRASIL É MUITO BEM PAGO, A CLASSE MÉDICA,PROFESSOR, O 1ºSALVA VIDAS O 2ºMODELA AS CRIANÇAS, SÃO OS MAL PAGOS DO PAÍS,TENHO PARENTE APOSENTADO COMO DEZ.NO PARANA,25MIL MES, P/FUNCIONARIO PUBLICO É MUITO.

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Já vimos esse filme. É o preço dos juízes para se venderem ao novo governo e fazererm vista grossa aos ataques à lei.
Lembram daquela quase greve há alguns anos?
Mesma coisa.

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Não estou me posicionando nem contra nem a favor, mas acho relevante mencionar que não dá para comparar a carga de trabalho da Suprema Corte americana com a do STF. Enquanto que aquela julga bem poucos processos por ano, esta julga milhares de processos/ano.

Números STF: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=estatistica&pagina=movimentoProcessual (mais de 7000 acórdãos publicados em 2010)

Números da Suprema Corte americana: http://www.supremecourt.gov/about/justicecaseload.aspx (média de 80 a 90 acórdãos por ano)

Enquanto ao salário, o de juízes federais americanos em 2010 foi de $174,000 dólares; o de juízes de tribunais federais, $184,500 dólares; o de ministros da Suprema Corte, $213,900 dólares; e o do Presidente da Suprema Corte, $223,500 dólares.

Extraído do site governamental americano: http://www.uscourts.gov/Viewer.aspx?doc=/uscourts/JudgesJudgeships/docs/JudicialSalarieschart.pdf

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sou analista judicário. e posso te garantir: quem ganha mal é o professor. já o nosso sindicato aviltou-se diante de lula e agora é que parece que não consegue mais nada. até fhc nos tratou melhor.

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Coronel.

Sou analista judiciário há 3 anos, logo conheço a problema por dentro.
Hoje no judiciário, temos uma discrepância muito grande entre o salário dos antigos e dos novos.
Enquanto novatos ganham entre 6mil, antigos ganham em torno de 16mil, o que leva muitas cabeças, as melhores, a buscar outros concursos como o TCU, onde a remuneração começa em 12mil.
O que o judiciário está buscando é eliminar essa diferença em relação a outros orgãos para manter as melhores cabeças como é no setor privado. No entanto, a discrepância interna ainda continuará a até se acentuará. Para este último problema, foi apresentada a solução da adoção de um subsídio que, a médio e longo prazo, acabaria com a alta diferença entre antigo e novos.
Não está em discussão a remuneração de juizes, mas do quadro técnico e de apoio.
Por fim, não creio que se deva fazer demagogia em cima de salários, impedindo uma boa remuneração a uns em nome do baixo salário mínimo ou do restante dos trabalhadores. O que se deve buscar é o aumento de quem está embaixo e não puxar pra baixo ou dificultar a ascensão de quem está em cima.
Se não posso ganhar mais de U$ 10K porque a justiça é incompetente, tornando-a competente mereço então ganhar mais? No entanto, não somos nos do quadro técnico que julgamos ou que definimos os códigos de processo. A justiça não
e lenta por capricho do judiciário, de juizes e técnicos, mas das leis com seus vários recursos que tornam as causas longas e demoradas.
Por fim, todo mundo gosta de malhar funcionário público dizendo que a gente não trabalha, uma generalização estúpida, a grande maioria de funcionários públicos trabalha e muito, a aí se incluem os burocratas como eu. Por favor, não caia na tentação de generalizar um grupo composto de uma maioria honesta e trabalhadora que merece sim, ganhar bem.
Mais razão e menos demagogia.

Ronaldo Parente

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Caro Ronaldo Parente:

Se você recebe R$ 6.500, parabéns. Você é da classe A neste país pobre que é o Brasil. Deve trabalhar 6 horas por dia, no ar condicionado, de terno e gravata e sem ninguém a lhe aporrinhar o saco por produtividade. Você sabe quantos porcento dos brasileiros ganham mais do que 10 salários mínimos como você? Se informe e vais ficar surpreso. Quer dizer que o seu problema é ganhar R$ 12 mil? Não, Ronaldo Fenômeno, o problema deveria ser reduzir o salário de quem ganha este absurdo para ser analista que, em qualquer outro ramo, não recebe nem perto disso. Vai lá na Catho e tecla emprego "analista" e veja qual é o salário. A verdade é que a Justiça é uma casta no Brasil. Ganha muito mais do que a maioria e produz muito menos. A culpa é das leis? Promovam um movimento para mudá-las. Chamem a população para as ruas. Indiquem 10 gargalos que estejam travando a Justiça. Coloquem metas. Quer nada, não é mesmo Ronaldo Fenômeno? Assim é que bom, basta culpar as leis e não os julgadores. O que a Justiça está querendo receber é uma bofetada na cara e a justificativa é mais absurda ainda. Quer dizer que os analistas, então, passam a fazer concursos para outros cargos? Mas que vão com Deus! É um direito que eles têm. Há lugar para todos? Não, não há. É assim que funciona no "mercado", Ronaldo Fenômeno: maior procura que oferta e os preços cai. O preço de vocês, analistas judiciários, está caríssimo e ninguém mais está disposto a pagar. Não está bom assim? Vai pro TCU! E demagogia quem faz é você.

Um abraço.

Coronel

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