Do tempo da ideologia.

Hoje o colunista da Folha, Fernando Barros Filho, atira-se com paus e pedras contra o PP, por este estar analisando, em nome das suas bases, se apóia José Serra(PSDB) ou Dilma Rousseff.(PT) Chega ao ponto de escrever que o partido sustentou a ditadura militar, como se José Sarney(PMDB) e José Alencar(PRB) fossem diferentes de Delfim Netto(PP), hoje conselheiro de Lula(PT). E que, hoje, o partido está fazendo um leilão do seu tempo de TV. Encerra dizendo: "não há ideologia envolvida nesse processo. É só um escambo de caráter utilitário. Primeiro, o PP verificará se elegerá mais deputados, senadores e governadores apoiando o candidato a presidente do PT ou o do PSDB". Como se o PT tivesse um pingo de ideologia ao montar a tal "base aliada" e como se o mensalão não tivesse continuado, não mais em moeda corrente, mas em moeda transformada em dotação orçamentária de ministérios leiloados ou em emendas parlamentares, quando não em dinheiro distribuído para ONGs de deputados e senadores. No fundo, o colunista está defendendo o interesse da sua própria ideologia, que é nitidamente de esquerda, pois sabe que com o PP coligado ao PSDB os tempos de TV se aproximam e a expressiva vantagem de Serra no Sul e Sudeste se consolida. Não há nada de errado com o PP. Talvez seja ele o partido mais ideológico, ao optar, em primeiro lugar, por defender os interesses das suas bases, do seu eleitorado, pois, afinal de contas, para que políticos são eleitos? Não é para ter aquela estradinha? Não é para ter uma nova policlínica? Não é para receber uma escola técnica? O PP, pelo menos no Sul do país, faz isso com perfeição, tanto é que sobreviveu forte mesmo com os rótulos que certa imprensa tenta lhe imputar. Os deputados do PP são tão utilitários quanto tratores e é por isso que os agricultores, por exemplo, elegem tantos deputados do partido. O colunista deveria tirar a bunda da cadeira e tomar um banho de Brasil. Está trabalhando pouco e escrevendo mal.