Colômbia "con aroma" de Brasil.

A primeira vez que estive na Colômbia fiquei surpreso com a semelhança que existia com o Brasil. Não só pelo calor humano, pela beleza das mulheres, mas também pelos hábitos. Estavam sendo encenados os últimos capítulos da novela "Café con aroma de mujer" e os bares e restaurantes, com telões, atraíam jovens, casais e idosos que, durante o jantar, assistiam embevecidos à trama. Aplausos, murmúrios, xingamentos, clima de final de novela das oito no Brasil.  Era 1994 e o país estava a pleno na sua luta contra as FARC, com centenas de seqüestros e muitos atentados em plena Bogotá.  O atentado da moda, nas ruas largas da capital, era praticado por motoqueiros que, em duplas, emparelhavam com o carro da vítima e o metralhavam sem dó nem piedade, sumindo em seguida. Conheci uma comerciante que havia pago U$ 1 milhão para libertar uma das filhas, que havia estado sequestrada durante um ano. Faço esta breve introdução porque, neste momento, a Colômbia está às vésperas de uma eleição. Tido como um presidente de direita, Álvaro Uribe, com imensa popularidade, beirando os 70%, não consegue transferí-la para o seu candidato, o Ministro da Defesa Juan Manuel Santos, o temível comandante que praticamente derrotou às FARC, a maior praga que se abate sobre o país. As pesquisas dão a eleição como empatada, no patamar de 35% para Santos e 35% para Antanas Mockus, do Partido Verde, ex-prefeito de Bogotá. No segundo turno, uma leve vantagem para Mockus, com 46% x 45%. Estes dados fizeram com que lembrasse de 1994 e das semelhanças que, marinheiro de primeira viagem, percebi entre a Colômbia e o Brasil, pois o quadro eleitoral de lá reflete a mesma coisa que acontece aqui. Lula não está transferindo toda a sua popularidade para Dilma, repetindo o fenômeno de Bachelet, no Chile, que perdeu a eleição mesmo tendo altíssima popularidade e tendo pedido votos ostensivamente para o seu candidato. Uribe também foi tentado a mudar a constituição para permitir um terceiro mandato, onde ganharia disparado. Como Lula. A única diferença, neste momento, é que Uribe, ao contrário de Lula, não cometeu nenhum crime eleitoral. Está pedindo que haja continuidade, mas sem ferir a legislação local, colocando-se, da mesma forma que Bachelet, como um democrata. As eleições na Colômbia, em primeiro turno, acontecem no dia 30 de maio, próximo domingo. É bom observar, porque a Colômbia é um país " con aroma" de Brasil. Na novela e na vida real.