Tudo pá tê voto.

De repente, a burocrata Dilma Rousseff virou uma caipira de apartamento. Na busca de uma proximidade maior com o povo e como o coração, os olhos, o sorriso e a alma não falam a verdade, ela mudou o jeito de falar. Passou a falar errado, a forçar a barra nos regionalismos, a tentar ser o que não é. Quando não soa falso, o discurso fica incompreensível. De uma hora para outra, Dilmin passou a usar o "i" no lugar do "e", soltando frases como "não posso isquecê a minha participação no governo Lula". Também passou a comer os "r" e a dizer "pá tê" em vez de "para ter".O "você" foi banido. Virou "ocê". E o "para você", agora é "procê". É o dilmês cínico, fingido, forçado. O "pode" virou "pó", tipo assim: " pópôpó?", quando fala em fazer um café. E como todos os diminutivos passaram a acabar com "in", virou "pópômapó poquin?" Fora os "piquininin", "mininin", "nenezin..." Se alguém convida a Dilmin para uma entrevista e ela não sabe, responde: "cofófô eu vô", cuja tradução é "conforme for eu vou".Para passar humildade, a fórmula passou a ser o "né". Em cada afirmação, para não parecer arrogante, ela põe o "né?": "Eu sintetizaria procê em autoridade, carinho e apoio, né?". Não, não é apenas esta tentativa de virar a mineirinha caipira que nunca foi, nascida na burguesia e curso o Clássico no melhor colégio de Belo Horizonte. Além disso, incorporou o "uai", o "tchê" e o "sô", ao ponto de usar todos juntos, nos discursos mais longos. Só falta mesmo, se o Serra disser que vai dar cinco, ela gritar: "Dôseis!" O resultado desta transformação da Dilmin é um discurso cada vez mais incompreensível. Se a candidata, pela sua triste e pobre biografia, já está na rabeira das pesquisas, mostrar que não sabe nem ao menos falar corretamente é uma ofensa à inteligência do povo pobre deste país. É nivelar o discurso por baixo. É a prova mais concreta de que o que vale é engambelar o eleitor. É a relação da candidata com a mentira atingindo o seu estado da arte.