Do governador de São Paulo, José Serra, em artigo contra a visita do tirano iraniano ao Brasil. O artigo é longo, é lúcido e marca as diferenças que existem entre Serra e Dilma.
É desconfortável recebermos no Brasil o chefe de um regime ditatorial e repressivo. Afinal, temos um passado recente de luta contra a ditadura e firmamos na Constituição de 1988 os ideais de democracia e direitos humanos. Uma coisa são relações diplomáticas com ditaduras, outra é hospedar em casa os seus chefes. O presidente Ahmadinejad, do Irã, acaba de ser reconduzido ao poder por eleições notoriamente fraudulentas. A fraude foi tão ostensiva que dura até hoje no país a onda de revolta desencadeada. Passados vários meses, os participantes de protestos pacíficos são brutalizados por bandos fascistas que não hesitam em assassinar manifestantes indefesos, como a jovem estudante que se tornou símbolo mundial da resistência iraniana. Presos, torturados, sexualmente violentados nas prisões, os opositores são condenados, alguns à morte, em julgamentos monstros que lembram os processos estalinistas de Moscou.Como reagiríamos se apenas um décimo disso estivesse ocorrendo no Paraguai ou, digamos, em Honduras, onde nos mostramos tão indignados ao condenar a destituição de um presidente? Enquanto em Tegucigalpa nos negamos a aceitar o mínimo contacto com o governo de fato, tem sentido receber de braços abertos o homem cujo ministro da Defesa é procurado pela Interpol devido ao atentado ao centro comunitário judaico em Buenos Aires, que causou em 1994 a morte de 85 pessoas?A acusação nesse caso não provém dos americanos ou israelenses. Foi por iniciativa do governo argentino que o nome foi incluído na lista dos terroristas buscados pela Justiça. Se Brasília tem dúvidas, por que não pergunta à nossa amiga, a presidente Cristina Kirchner?Democracia e direitos humanos são indivisíveis e devem ser defendidos em qualquer parte do mundo. É incoerente proceder como se esses valores perdessem importância na razão direta do afastamento geográfico. Tampouco é admissível honrar os que deram a vida para combater a ditadura no Brasil, na Argentina, no Chile e confratenizar-se com os que torturam e condenam à morte os opositores no Irã. Com que autoridade festejaremos em março de 2010 os 25 anos do fim da ditadura e do início da Nova República?O extremismo e o gosto de provocação em Ahmadinejad o converteram no mais tristemente célebre negador do Holocausto, o diabólico extermínio de milhões de seres humanos, crianças, mulheres, velhos, apenas por serem judeus. Outros milhares foram massacrados por serem ciganos, homossexuais e pessoas com deficiência. O Brasil se orgulha de ter recebido muitos dos sobreviventes desse crime abominável, que não pode ser esquecido nem perdoado, quanto menos negado. O mesmo país que tentou oferecer um pouco de segurança e consolo a vítimas como Stefan Zweig e Anatol Rosenfeld agora estende honras a alguém que usa seu cargo para banalizar o mal absoluto?As contradições não param por aí. O Brasil aceitou o Tratado de Não Proliferação Nuclear e, juntamente com a Argentina, firmou com a Agência Internacional de Energia Atômica um acordo de salvaguardas que abre nossas instalações nucleares ao escrutínio da ONU. Consolidou com isso suas credenciais de aspirante responsável ao Conselho de Segurança e expoente no mundo de uma cultura de paz ininterrupta há quase 140 anos com todos os vizinhos. Por que depreciar esse patrimônio para abraçar o chefe de um governo contra o qual o Conselho de Segurança cansou de aprovar resoluções não acatadas, exortando-o a deter suas atividades de proliferação?Enfim, trata-se da indesejável visita de um símbolo da negação de tudo o que explica a projeção do Brasil no mundo. Essa projeção provém não das ameaças de bombas ou da coação econômica, que não praticamos, mas do exemplo de pacifismo e moderação, dos valores de democracia, direitos humanos e tolerância encarnados em nossa Constituição como a mais autêntica expressão da maneira de ser do povo brasileiro.
É desconfortável recebermos no Brasil o chefe de um regime ditatorial e repressivo. Afinal, temos um passado recente de luta contra a ditadura e firmamos na Constituição de 1988 os ideais de democracia e direitos humanos. Uma coisa são relações diplomáticas com ditaduras, outra é hospedar em casa os seus chefes. O presidente Ahmadinejad, do Irã, acaba de ser reconduzido ao poder por eleições notoriamente fraudulentas. A fraude foi tão ostensiva que dura até hoje no país a onda de revolta desencadeada. Passados vários meses, os participantes de protestos pacíficos são brutalizados por bandos fascistas que não hesitam em assassinar manifestantes indefesos, como a jovem estudante que se tornou símbolo mundial da resistência iraniana. Presos, torturados, sexualmente violentados nas prisões, os opositores são condenados, alguns à morte, em julgamentos monstros que lembram os processos estalinistas de Moscou.Como reagiríamos se apenas um décimo disso estivesse ocorrendo no Paraguai ou, digamos, em Honduras, onde nos mostramos tão indignados ao condenar a destituição de um presidente? Enquanto em Tegucigalpa nos negamos a aceitar o mínimo contacto com o governo de fato, tem sentido receber de braços abertos o homem cujo ministro da Defesa é procurado pela Interpol devido ao atentado ao centro comunitário judaico em Buenos Aires, que causou em 1994 a morte de 85 pessoas?A acusação nesse caso não provém dos americanos ou israelenses. Foi por iniciativa do governo argentino que o nome foi incluído na lista dos terroristas buscados pela Justiça. Se Brasília tem dúvidas, por que não pergunta à nossa amiga, a presidente Cristina Kirchner?Democracia e direitos humanos são indivisíveis e devem ser defendidos em qualquer parte do mundo. É incoerente proceder como se esses valores perdessem importância na razão direta do afastamento geográfico. Tampouco é admissível honrar os que deram a vida para combater a ditadura no Brasil, na Argentina, no Chile e confratenizar-se com os que torturam e condenam à morte os opositores no Irã. Com que autoridade festejaremos em março de 2010 os 25 anos do fim da ditadura e do início da Nova República?O extremismo e o gosto de provocação em Ahmadinejad o converteram no mais tristemente célebre negador do Holocausto, o diabólico extermínio de milhões de seres humanos, crianças, mulheres, velhos, apenas por serem judeus. Outros milhares foram massacrados por serem ciganos, homossexuais e pessoas com deficiência. O Brasil se orgulha de ter recebido muitos dos sobreviventes desse crime abominável, que não pode ser esquecido nem perdoado, quanto menos negado. O mesmo país que tentou oferecer um pouco de segurança e consolo a vítimas como Stefan Zweig e Anatol Rosenfeld agora estende honras a alguém que usa seu cargo para banalizar o mal absoluto?As contradições não param por aí. O Brasil aceitou o Tratado de Não Proliferação Nuclear e, juntamente com a Argentina, firmou com a Agência Internacional de Energia Atômica um acordo de salvaguardas que abre nossas instalações nucleares ao escrutínio da ONU. Consolidou com isso suas credenciais de aspirante responsável ao Conselho de Segurança e expoente no mundo de uma cultura de paz ininterrupta há quase 140 anos com todos os vizinhos. Por que depreciar esse patrimônio para abraçar o chefe de um governo contra o qual o Conselho de Segurança cansou de aprovar resoluções não acatadas, exortando-o a deter suas atividades de proliferação?Enfim, trata-se da indesejável visita de um símbolo da negação de tudo o que explica a projeção do Brasil no mundo. Essa projeção provém não das ameaças de bombas ou da coação econômica, que não praticamos, mas do exemplo de pacifismo e moderação, dos valores de democracia, direitos humanos e tolerância encarnados em nossa Constituição como a mais autêntica expressão da maneira de ser do povo brasileiro.
11 comentários
Só faltou dar nome aos bois e no caso é sem dúvida o comportamento do Supremo Analfabeto que traz aqui alguém que ele próprio gostaria de ser e só por causa da nossa Constituição é que não é plenamente.
ReplyAgora que esvaziou a função do guardião da Constituição, não demora e colocará as manguilhas de fora, provavelmente com a gerentona para lhe poupar a imagem de sanguinário.
Ufa! Custou, mas até que enfim o Sr. Serra se manifestou claramente como oposição a uma iniciativa do governo Lula. Será esse um indício de que, a partir de agora, a oposição vai começar a assumir o seu papel? Oremos...
ReplyQuem quiser conhecer o verdadeiro José Serra que nós paulistas amamos, admiramos e respeitamos, dê uma olhada no seu twitter e acompanhe algumas entrevistas maravilhosas, como a do programa do Datena, que é especialista em esculhambar nosso estado de São Paulo, para felicidade do lula.
ReplyAssistam, especialmente, o programa do Ronnie Von (tem tudo no Youtube, também), e vejam a diferença entre um grande Ser Humano e os personagens de filme de terror disfarçados de gente que comandam o país.
Obviamente, nós, pessoas livres que se opõem ao petralhismo, não pensamos sempre igual, como fazem os totalitários do lado de lá.
ReplyPor isso mesmo, a gente sempre reconhece os defeitos nos políticos da chamada oposição. Eles não nos representam de forma automática. Somos nós que decidimos quando é conveniente para nós votar neles.
Mas, dado o quadro político atual, não tenho dúvidas de que todo cidadão de bem tem o dever hoje de apoiar a viabilização da candidatura de Serra à presidência e sua vitória no ano que vem.
É uma obrigação.
Não podemos deixar o lulismo se tornar permanente. O que será do Brasil?
Gostei Governador.Dora
ReplyDemorou, mas, saiu do armário. Cabe aduzir, porém, que ainda comete o erro grosseiro de condenar a Contra-Revolução de 31 de Março de 1964. Está certíssimo no que concerne à figura tétrica de Ahmadinejad; tétrica e sanguinária como todos os seus seguidores, coisa bem aos estilo dos que de forma bárbara exterminaram Celso Daniel.
ReplyÉ um bom começo, mas, receio que tenha sido muito tardia a reação, afinal, ametástase petralha está disseminada por todo o corpo.
Brasil, já eras!
Pois é. Pois é. Pois é. Pois é. Parece que ninguém entende o comportamento do Lula, ou entendem e não tem coragem de dizer. Daí sim , tem que perguntar porque será?? Puxa vida!!! Mas sempre foi óbvio que o cara é filho da ditadura e adora uma, senão por conviccção (por não ter capacidade para ser convicto de nada),mas muito mais por ego, e ego exterminador.Bah! O homem é belicista demais e adora os que se destacam como símbolo do terror. Esse é o Lula.
ReplyA VOZ se levanta.
ReplyQual será o caminho mais firme e ao mesmo tempo catalisador da indignação do brasileiro capaz de apontar Lulla, Dillma, o PT e os corruptos notáveis de outras siglas que geram os desgostos políticos mais absurdos num país de analfabetos funcionais ?
Gostem alguns ou não, o Governador José Serra é um político que desperta em nós o espírito cívico, enquanto o presidente e sua quadrilha desperta em nós o espírito de porco.
ReplyA maioria dos que apoia o Lula é porque não conhece os crimes que a truma dele cometeu nos anos 60, 7o.
ReplyNão podemos esquecer também que Serra é discípulo de FHC, e FHC fugiu pra frança porque tinha aprontado aqui no Brasil. Todos precisam saber disso.
ReplyA única esperança seria se as Forças Armadas resolvessem varrer Brasília e moralizar o Brasil novamente.