Problema.

O ministro José Antonio Dias Toffoli afirma que não tinha conhecimento do patrocínio de R$ 50 mil da Caixa Economica Federal à festança organizada por associações ligadas à magistratura, caso que foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo. "A festa não foi iniciativa minha nem do Supremo. Eu fui apenas um convidado", argumenta o ministro. "Não pedi festa nenhuma e não sei onde obtiveram o dinheiro. Supus que os recursos vieram dos associados, mas de onde veio o dinheiro não é problema meu", reagiu o ministro. "É problema de quem ofertou, e não meu."
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Se o ex-advogado do PT e reprovado duas vezes em concurso para juiz, agora alçado por Lula à condição de ministro da Suprema Corte do país, entende que existe um "problema" para quem ofertou, deveria ser mais explícito. Mesmo assim, é possível interpretar a fala de Toffoli. Ele chegou a "supor" que a festa tivesse um patrocinador, no caso da Ajufes, Associação dos Juízes Federais. Também reconhece que existe um "problema" para quem fez o patrocínio. Quando um ministro do STF fala em "problema", está se referindo, com toda a certeza, a uma ilegalidade. Se o ministro Toffoli entende, com justa razão, que existe um "problema" de ordem legal, envolvendo o seu nome, deveria fazer uma denúncia, pedir uma investigação, exigir a devolução do dinheiro aos cofres públicos, punir os criminosos que usaram um banco social para pagar um evento social, onde estava reunida a mais alta casta do país, a casta dos magistrados, aqueles que recebem os maiores salários da nação. Toffoli não vai fazer isso, obviamente. Vai esperar o tempo passar até o assunto ser esquecido, pois nada melhor que uma nova corrupção para apagar uma antiga. Agora, cá entre nós, é nojento que um ministro do Supremo, que tem o dever de julgar até juízes, aceite ser homenageado por eles. Dizem que Toffoli tem uma belíssima casa em Brasília. É para lá que deveria ter se dirigido, depois de ser empossado, para pagar a própria festa, aí sim, com o direito de convidar quem bem entendesse, até mesmo José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoino e outros mensaleiros, companheiros de partido, a quem sempre defendeu.