Os efeitos da crise econômica internacional no mercado de trabalho brasileiro criaram despesas extras para o governo com o seguro-desemprego, que contabilizou recordes de requerentes em janeiro e de pagamentos em fevereiro.Levantamento feito pela Folha no Siafi, o sistema eletrônico de acompanhamento dos gastos federais, aponta que os desembolsos do programa atingiram R$ 1,417 bilhão no mês passado, com crescimento de 19% -bem superior aos índices de inflação e de reajuste do salário mínimo, piso do benefício- sobre o mesmo mês de 2008. No bimestre, a expansão do pagamento chega a 25%.Embora o impacto no caixa do Tesouro Nacional tenha se tornado mais palpável agora, o aumento do número de desempregados em busca do seguro começou no último trimestre do ano passado, quando a economia brasileira deixou bruscamente uma trajetória de crescimento e sofreu a maior retração medida na série histórica do IBGE, iniciada em 1996.Segundo dados obtidos no Ministério do Trabalho, em novembro, dezembro e janeiro, o número de requerentes do benefício -que só é pago a trabalhadores com carteira assinada demitidos sem justa causa- ultrapassou o patamar de 600 mil mensais, que só havia sido atingido duas vezes, em março de 2006 e de 2007. Em janeiro, aquele recorde foi quebrado: foram exatos 658,3 mil, um aumento de 17,1% em relação a janeiro de 2008.Desde novembro, o mercado de trabalho formal perdeu 797,5 mil vagas, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).O secretário de Políticas Públicas de Emprego, Ezequiel Nascimento, avalia que os números do seguro-desemprego foram fortemente influenciados pela crise econômica. "Sempre que há aumento do salário mínimo, há aumento da despesa com o benefício, mas isso agora se sobrepôs a outro fator, que foi o maior número de pessoas [requerentes] por causa da crise."Nascimento diz também que as demissões ocorridas em janeiro deste ano ainda não chegaram aos gastos do programa, porque normalmente há um prazo de pelo menos 30 dias entre o desligamento e o início do pagamento do benefício ao trabalhador. Isso indica que as despesas em março podem continuar crescendo."Devemos sentir esse efeito agora em março. Ou não, o trabalhador pode conseguir um novo emprego. O fato é que não dá para falar em tendência ainda." Em fevereiro, mesmo com os gastos em alta, o número de requerentes voltou ao normal.Devido ao formato do programa, a relação entre o crescimento da quantidade de segurados e o volume de desembolsos nem sempre é direta e imediata. Os benefícios variam de R$ 465 a R$ 870, com 3 a 5 pagamentos, dependendo da remuneração anterior do trabalhador e do tempo em que permaneceu empregado.De acordo com o governo, cerca de 40% dos demitidos sem justa causa permaneceram na empresa por um tempo médio de dois anos, o que significa direito ao número máximo de parcelas do seguro -ou seja, seu impacto no gasto público pode perdurar por quase um semestre inteiro. Pelas estatísticas, menos de 10% conseguem um novo emprego no mesmo mês da demissão.Em altaAo menos neste início de ano, a onda recessiva iniciada há seis meses acelerou uma tendência de expansão das despesas com o seguro-desemprego que já preocupava o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Antes da crise, porém, era o bom momento da economia brasileira que, paradoxalmente, elevava as despesas.A aceleração do consumo e do investimento nos últimos anos, impulsionada pelos ventos favoráveis da economia global, permitiu o aumento do mercado de trabalho formal no país. Pelas estatísticas, o número de vagas com carteira assinada saltou de 22,3 milhões, no início de 2002, para 29,1 milhões, no fim de 2007.Essa expansão também multiplicou o número de candidatos em potencial ao seguro-desemprego -e, mesmo durante o período de prosperidade, o mercado de trabalho manteve altas taxas de rotatividade. No primeiro semestre do ano passado, por exemplo, os pagamentos do seguro cresciam a um ritmo de 12,5%, a metade do registrado no bimestre janeiro-fevereiro deste ano.Em 2008, os desembolsos somaram R$ 13,8 bilhões, o que torna o programa a segunda maior iniciativa de transferência direta de renda do governo federal, atrás apenas da Previdência Social. O aumento do número de segurados neste ano deve tornar ainda maior a necessidade de cortes em outras despesas do Orçamento, em razão da queda da arrecadação motivada pela crise.
Gastos com seguro-desemprego sobem 25%.
domingo, 15 de março de 2009 às 08:43:00
Da Folha de São Paulo:
5 comentários
Coronel,
ReplyPalavras do Pinóquio Marolinha Pitu 51 da Silva:
“Meninos, podem continuar tomando a cervejinha de vocês. Não se deixem impressionar com esse negócio de crise que está aí e continuem aproveitando os prazeres da vida”
Lula, no seu gabinete, encontro com o governador da Bahia Jaques Wagner.
Fonte: Reuters
21/10/2008
MAs como mente nosso Presidente!
Átila
Coronel,
ReplyAcabou o jogo de cena!
"Governo promete mais e investe menos
Apesar do discurso de "ousadia e coragem" de Lula, o investimento público caiu nos últimos meses
O Estado de São Paulo"
Mas como mente nosso Presidente!
Átila
Outro momento de lucidez:
Replyhttp://oglobo.globo.com/economia/miriam/post.asp?t=nau-sem-rumo&cod_Post=168649&a=496
Coronel:
Replyo burocrata afirmou para puxar o saco do Lulla:
"O fato é que não dá para falar em tendência ainda."
É como se um sujeito que caiu de um edifício de 50 andares, falasse ao passar pelo 21° andar:
"O fato é que não dá para falar em queda ainda; faltam 20 andares. A lei da gravidade poderá ser suspensa pelo STF."
Hereticus
Coronel:
Replysaber que perdeu o emprego é uma agonia muito grande, principalmente para um chefe-de-familia.
Durante a época do terror da Revolução Francesa, havia um deputado da Assembleia Nacional, uma espécie de Suplicy, que insistia que fosse utilizada uma máquina mais eficiente, e que poupasse o prolongado sofrimento dos condenados. Em vez da forca (os enforcados custavam a morrer e esperneavam muito; para evitar atentado ao pudor as enforcadas tinham suas pernas amarradas) ou do machado dos carrascos (estes eram bastante incompetentes, e tinham que dar varios machadaços antes de arrancar a cabeça do condenado). Tanto ele insistiu que a Assembléia Nacional acabou por aprovar o uso da máquina, que nessa altura fora apelidada de guilhotina. (Ver Usina de Letras, para a história da guilhotina)
Pois bem, o nome completo do Suplicy francês era Joseph-Ignace Guillotin. Note-se que êle não fora o inventor da eficiente e humanitária máquina de separar cabeças de seus respectivos troncos. O noço Ignacio vai querer abreviar o sofrimento dos desempregados e usar a guilhotina neles. Por razões humanitárias, é claro. E para cortar (com perdão do trocadilho) gastos do governo, não é isso o que os neo-liberais tanto pedem?
Hereticus