Descontruindo Tarso.

De Bárbara Gancia, na Folha:

Questionado semanas atrás, sobre os motivos que o levaram a escolher o Brasil para se refugiar, o então fugitivo da Justiça italiana Cesare Battisti respondeu: "O Brasil, sem uma ditadura, era a imagem de um país sensível aos valores democráticos e de garantias dos direitos fundamentais". Bonito, não? Se fosse menos bronco, Ronald Biggs teria dito a mesma coisa sobre o país que o recebeu de braços abertos -e que até hoje figura no imaginário do cinema como porto seguro para bandidos em fuga. Para quem conhece o Brasil, a impressão é a de que o italiano condenado à prisão perpétua por assassinato estava falando da Suécia. Arrisco dizer que os dois atletas cubanos que buscaram asilo no país (depois do Pan no Rio) e acabaram deportados com violência inédita não seriam capazes de descrever o país com o lirismo usado por esse senhor que agora é um de nós. Mesmo que fossem, duvido que compartilhem da visão de Cesare Battisti. Aliás, sou capaz de apostar um picolé de limão como os boxeadores Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux foram embora achando que o país não oferece garantia nenhuma de direitos. Infelizmente, não pudemos ouvi-los para saber o que pensavam, uma vez que, chegando a Cuba, eles foram imediatamente detidos, não é mesmo? Tarso Genro diz que a decisão de conceder refúgio ao fugitivo italiano foi baseada em razões estritamente jurídicas. O atual ministro da Justiça alega que, na Itália, Battisti não teve "o amplo direito à defesa" e que há "fundado temor de perseguição". Como assim? Não é verdade que até a esquerda italiana queria ver Cesare Battisti extraditado? Alô, ministro Tarso Genro! Não me diga que Benito Mussolini voltou ao poder na Itália e ninguém me avisou. Só pode ser isso. Até onde eu sabia, diferentemente de Cuba, dos vários países africanos e do Oriente Médio -com quem o governo brasileiro gosta de esfregar ombros-, a Itália ainda era uma democracia que respeitava o estado de direito. Até onde alcançava a minha humilde filosofia, os anos de chumbo, que assolaram o país nos anos 70, haviam terminado. E olha que esta humilde datilógrafa lembra desse período. Explico, caro ministro: minha família foi jurada de morte pelas Brigadas Vermelhas. Na operação de resgate do meu tio, Vittorio Vallarino Gancia, sequestrado em 1975, Margherita Cagol, mulher do chefe das brigadas, Renato Curcio, foi morta pela polícia. E nós, que não tínhamos rigorosamente nada a ver com o pato, pois nunca tivemos ligação com os democrata-cristãos, passamos o pão que o diabo amassou nos anos seguintes. Hoje, os tempos são outros. Todos os meus familiares que saíram da Itália por conta das ameaças já voltaram para casa. Mas eu tenho percebido, caro ministro, que o senhor não faz distinção entre aquele tempo e o atual. Tome a nossa Lei da Anistia, por exemplo, que o senhor quer jogar no lixo. O princípio dessa lei não é colocar um ponto final em um período para iniciar uma página nova? Por falar em fazer distinção entre uma coisa e outra, por que, em sua análise técnica do processo, o senhor não levou em conta que Battisti, embora sendo militante da luta armada, não foi julgado por crimes cometidos nos anos de chumbo, mas por crime comum de assassinato?

5 comentários

hummm¬¬
Já li isso lá, dando um rolê na net pra ver as reações sobre o caso.
Deixei até um comentário que nem conferi se foi publicado.

Perguntei se ela não tinha umas palavrinhas pra dizer pro Gabeira que é um dos mais ativos defensores do Battisti assassino de inocentes por vingança.

Ela sabe o porquê.Basta ver os post das eleições no Rio.

Apoiar "bandido" local não pode, mas internacional deve ser chique e não tira pontos de candidato, né não???como se estivessem em lados opostos e não mancomunados com o Lula.

Gosta de posar de engajada,nunca perdeu nem perde oportunidade de soltar o lero 'dos anos de chumbo da ditadura'.

Tem enorme simpatia pelos daquela turma que lutava pra impor aqui o comunismo, pelos similares nacionais de certas 'causas'.
Agora se sente melindrada?
Queria ver se no lugar do Batistti fosse o Ustra, este mané que protegeu o Genro medrosão[ que aparece em site internacionais como 'ministro da justiça que viveu, ele mesmo, os horrores da ditadura militar'].Lá fora são todos idolatrados graças ao eficiente trabalho de...jornalistas(austresbresil), sem falar dos grandes jornais e portais da internet(nouvelobs.com).

Dizem que na Itália "barbara' é um palavrão; foi o que esclareceu um italiano qdo disse que achava uma pessoa bárbara.

Merece o solavanco.Quem sabe acorda,mesmo tarde.Mas duvido.
Ela e mais uma penca vivem em função do beautifulllll people do Rio, os descolados, 'muderrnos',os politicamentes corretos até que levem um picoco; aí nada de 'sou da paz'.

Não me engane que eu não gosto,dona Descolância.

E aproveite pra homenagear o Gabê pela conquista,não se esqueça de convidar para o jantar o Batistti e o Lollo, pra foto da próxima eleição pra governador...
¬¬
lia

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CORONEL, PRA QUEM NAO SABE, AS BRIGADAS VERMELHAS AGIAM ASSIM: DAVM TIROS NOS JOELHOS, NAO MATAVAM A MAIORIA DE SUAS VITIMAS; AS ALEIJAVAM PRA SEMPRE !

PERGUNTE AO CINEASTA NANI MORETTI (DE ESQURDA!) QUE TEVE UM DOS JOELHOS ESTOURADOS E ANDA E BENGALA ATÉ HOJE...

E QUEM RAM AS VITIAMS? TODOS!QUALQUER UM QUWE AOS OLHO DELES PARACESE SER 'BURGÊS'...

RIGOROSAMENTE QUALQUER UM...PROFESSORES, JORNALISTAS (O ATE ENTAO DECANO DOS JORNALISTAS ITALIANOS, INDRO MONTANELLI, COM 72 ANOS FOI UMA DAS VITIMAS!!!) ATORES, DONO DE POSTO DE GASOLINA, UM BANCARIO INDO AO SERVIÇO...ERA SIMPLESMENTE INSANO !!

TERROR PELO TERROR !!

ERA BOMBA TODO DIA ESTOURANDO, JUIZ SENDO MORTO, SEQUESTRO,CASO MORO, OS DINHEIRO INDO EMBORA DA ITALIA...O POVO CANSOU !!

POR POUCO A ESQUERDA NA ITALIA NAO ACABOU A EPOCA LEGISLATIVAMENTE POR CONTA DESTES DOIDOS...E POR MUITO POUCO MESMO, A DEMCOACIA LÁ, NO POS-GUERRA, NAO SOFREU UM RETROCESSO Á DIREITA...CAPISCE?

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Alô Lia...
bárbaro é palavrão no mundo todo com exceção no ....

alô Paulo.
com relação ao dinheiro Italiano que saiu,sabe onde estacionou?

tráfico internacional,spas de luxo em praias calientes,condomínios praianos(aqui junto com Espanhóis)em litorais da américa do Sul,ilhas portuguesas,paraísos fiscais,tráfico de armas internacional.Em comum a tudo isto sómente as leis inexistentes e governos algo complacentes com ENTRADA DE CAPITAIS ESTRANGEIROS.

e dá-lhe um chá
abraços

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BRAVO, BARBARA!!!!
Boccatto, mas quem matou o Aldo Moro foram as Brigadas, não foram?
Sds.,
de Marcelo.

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Anônimo das 12:08

Tem razão no que escreveu.

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