O marqueteiro Lucas Pacheco está fora da campanha de Geraldo Alckmin, que disputa a Prefeitura de São Paulo pelo PSDB. Em entrevista à Folha, ele culpou os tucanos ligados a José Serra pelas dificuldades enfrentadas pela campanha.Pacheco, que será substituído por Raul Cruz Lima, critica sobretudo os "lobos em pele de cordeiro" -referência velada a José Henrique Reis Lobo, presidente do PSDB municipal e secretário do governador.
FOLHA - O que deu errado?
FOLHA - O que deu errado?
LUCAS PACHECO - Desde o princípio entendi que o Geraldo corria em faixa própria. Costumava dizer que estávamos na Castelo Branco. À direita, o prefeito, contando com a simpatia da máquina estadual. À esquerda, a candidata do PT, também numa faixa muito bem pavimentada. Para nós sobrou o canteiro central: a grama. Eu dizia que o Geraldo era o candidato off-road.
FOLHA - E por que não funcionou?
FOLHA - E por que não funcionou?
PACHECO - Nossa estratégia se baseava em quatro pontos. Primeiro: o Geraldo colocar o dedo na ferida, apontar os graves problemas que a cidade tem. Porque isso aqui não é "Alice no País das Maravilhas". Segundo: apresentar propostas viáveis, criativas. Terceiro: resgatar a obra do Geraldo. Afinal, ele estava um pouco esquecido. Mostrar o que ele já fez, aliado a todos os atributos positivos e à baixa rejeição que ele tem. Quarto -e mais importante: resolver a equação política.
FOLHA - Que equação?
FOLHA - Que equação?
PACHECO - Essa situação de você ter duas candidaturas disputando a mesma fatia do mercado eleitoral. O PSDB alckmista e o PSDB kassabista.
FOLHA - Mas isso não é um dado de realidade, uma vez que o partido está na prefeitura e, ao mesmo tempo, Alckmin resolveu disputar a eleição?
FOLHA - Mas isso não é um dado de realidade, uma vez que o partido está na prefeitura e, ao mesmo tempo, Alckmin resolveu disputar a eleição?
PACHECO - O que sustenta uma campanha é o pilar político. Há um segundo pilar, que envolve mobilização, organização, recursos, e um terceiro, que é a comunicação. Mas o fundamental é o pilar político.
FOLHA - Qual foi a linha decidida antes de o programa de TV estrear?
FOLHA - Qual foi a linha decidida antes de o programa de TV estrear?
PACHECO - O primeiro programa foi para o ar em 20 de agosto. Reapresentava o Geraldo ao eleitor. No segundo programa, dois dias depois, começamos a executar a estratégia de colocar o dedo na ferida. Dos problemas da saúde, da educação. O Tobias da Vai-Vai cantava um samba quase fúnebre que dizia que faltam mais de cem mil vagas nas escolas e nas creches. No dia seguinte, um sábado, o mundo tucano-kassabista, ligado ao governo do Estado, caiu sobre a cabeça do candidato. Começou uma pressão insuportável. Diziam que estávamos batendo na gestão do Serra na prefeitura. Estávamos mostrando os problemas. Não dá para fazer campanha autista.
FOLHA - Quem fazia a pressão?
FOLHA - Quem fazia a pressão?
PACHECO - Os lobos em pele de cordeiro. Que se diziam porta-vozes da insatisfação do Serra. Fizeram uma orquestração para acuar o candidato. Tentar espremê-lo. Assim como tentaram, primeiro, inviabilizar a candidatura, trabalharam depois para tornar seu discurso inviável. Se ele não puder apontar os problemas, vai dizer o quê? Não é o prefeito. Não foi prefeito. É um ex-governador que acredita ter uma missão. E eu acredito que ele tem. Mas não deixaram ele falar. Quero deixar registrado que, no meio de todo esse processo, ele teve dois leões ao lado dele: o Edson Aparecido [coordenador-geral da campanha] e o Julio Semeguini [deputado federal muito próximo a Alckmin].
FOLHA - "Lobos em pele de cordeiro" é referência a José Henrique Reis Lobo, secretário do governo Serra e presidente do PSDB municipal?
FOLHA - "Lobos em pele de cordeiro" é referência a José Henrique Reis Lobo, secretário do governo Serra e presidente do PSDB municipal?
PACHECO - É uma referência a todos os que diziam ao candidato que ele deveria esquecer o Kassab e falar apenas da Marta, que ele podia acreditar que estava muito próximo o dia em que o PSDB ia chegar junto. O PSDB que ele não tem. Foram muitos acenos. Diziam que ele teria apoio explícito, e não apenas gravado em fita. Mas diziam apenas para acalmá-lo e para convencê-lo a não falar da gestão Kassab.
FOLHA - O sr. se refere ao vídeo com declaração de José Serra que lhe foi entregue para ser incluído no primeiro programa de TV?
FOLHA - O sr. se refere ao vídeo com declaração de José Serra que lhe foi entregue para ser incluído no primeiro programa de TV?
PACHECO - O que eu posso dizer é que essas pessoas falavam em nome dele.
FOLHA - O que o sr. achou da declaração gravada por Serra?
FOLHA - O que o sr. achou da declaração gravada por Serra?
PACHECO - Correta. De homem de partido. Nada além disso.
FOLHA - O candidato cedeu?
FOLHA - O candidato cedeu?
PACHECO - Ele foi convencido de que a mudança poderia contribuir para unir o partido em torno dele. Mas isso nunca aconteceu. Não era isso o que queriam. Eles queriam que o Geraldo fosse desidratado.
FOLHA - Como ficou o programa?
FOLHA - Como ficou o programa?
PACHECO - Tivemos que fazê-lo apenas em cima de atributos e propostas. Isso, numa cidade que se divide entre o voto no PT e o voto anti-PT, é mortal. A classe média que vota no PSDB e que vive na Manhattan paulistana, que nunca foi à Brasilândia, a Itaquera, nunca viu uma AMA nem uma UBS, começou a assistir àquele festival de maravilhas [no programa de Kassab] e a achar que está tudo ótimo. Mudar pra quê? É mudança ou continuidade? Eu acho que o Geraldo tem de ser o candidato da mudança. E ficou impossível dizer isso na TV.
FOLHA - Como o sr. responde ao que dizem que a propaganda de Alckmin é tecnicamente ruim? PACHECO - Não temos os recursos das outras duas campanhas, feitas, aliás, por dois profissionais por quem tenho o maior respeito [João Santana, de Marta Suplicy, e Luiz Gonzalez, de Kassab]. E temos menos tempo. Tinha de adotar uma estética mais próxima da vida das pessoas que sofrem. Mas os lobos em pele de cordeiro conseguiram contaminar o noticiário com a versão de que havia crise de formato, não de conteúdo. Vi coisas nesta campanha que fariam o malufismo corar.
FOLHA - Por exemplo?
FOLHA - Como o sr. responde ao que dizem que a propaganda de Alckmin é tecnicamente ruim? PACHECO - Não temos os recursos das outras duas campanhas, feitas, aliás, por dois profissionais por quem tenho o maior respeito [João Santana, de Marta Suplicy, e Luiz Gonzalez, de Kassab]. E temos menos tempo. Tinha de adotar uma estética mais próxima da vida das pessoas que sofrem. Mas os lobos em pele de cordeiro conseguiram contaminar o noticiário com a versão de que havia crise de formato, não de conteúdo. Vi coisas nesta campanha que fariam o malufismo corar.
FOLHA - Por exemplo?
PACHECO - As acusações de compra de delegados [por kassabistas] antes da convenção do PSDB. Isso na cidade mais avançada do país.
FOLHA - O sr. está fora?
FOLHA - O sr. está fora?
PACHECO - Decidi sair depois de conversar com o Geraldo e com o Edson, para o bem do candidato. Quando você insiste numa tese, passa a atrapalhar o processo. Mas ponho a maior fé na campanha, no Raul Cruz Lima, que vai assumir, e na vitória. Depois de três meses, estou louco para ver meus netos.
11 comentários
Coronel,
ReplySobre Alkimim só posso dizer que ele é um bobo.
"Ele se acha!"
Só uma perguntinha:
ReplyPor que Alckmin é candidato mesmo? Faltava outra opção para seu partido na cidade e ele foi convocado por todo o PSDB para a luta?
O cara tem uma "missão"? Ele por acaso é profeta?
Enfim, Alckmin tinha um projeto pessoal, pagou para ver e quebrou a cara. Poderia ter dado certo para ele. Para o PSDB a decisão dele já era ruim de saída. E ele nem ligou.
Não deu certo, agora não adianta culpar o Serra pelo problema que ele mesmo criou para si.
Alckmin pode até ter qualidades, mas bom político não é.
-Pois é!!
ReplyCom toda esta baboseira estes paulistas de araque, estão entregando de bandeija a prefeitura para a Dama de Plastico.
E o povo sério Sif...........
Como publicitário, ele demonstra ser um fracasso. Quer dizer que não passaria incoerência Alckmin bater no próprio governo em que participava? Me poupe. O que o marketeiro queria dizer mas não disse é que ele queria desidratar o candidato que pegaria a mesma faixa de público, e deixar Marta de lado. Aí, dá no que dá: um candidato frouxo, sem discurso e incoerente.
Reply"Se alguém trai você uma vez, a culpa é dele. Se trai duas vezes, a culpa é sua."
ReplyEleanor Roosevelt, Diplomata e ativista dos direitos humanos.
(1884-1962)
O picolé merece ser picado várias vezes!
O chato nesse assunto é que toda vez que o bicho pega as noções que predominam são de fontes altamente comprometidas com Serra.
ReplyA lavagem cerebral campeia.
Ainda vão jogar nas costas de Alckmin o trabalho sujo de bastidor do Serra favorecendo a Martaxa.
Quem renunciou a Prefeitura de São Paulo (corretamente em razão do estado de emergência paulista) foi o Sr. Chirico. Isso tem consequências dentro do partido ?
É lógico que tem.
Lula usar e abusar do cargo usando a imagem da Presidência da República como pano de fundo para a mentirada em cima do Plano de Governo de Alckmin tem consequência ? É lógico que tem!
Mas o sistema ficou bundão depois que enfiaram o impeachment do apedeuta... né.
Então predomina a lavagem cerebral:
Alckmin teve menos votos no 2o. turno então tá morto politicamente.
Serra tem "appeal" ao lado de Lula na frente do povão ? Tem não! Ficou provado.
Kassab tem frente a Martaxa ?!
Essa foi a aposta ?! Pago prá ver.
Mas não se esqueçam:
Sem Alckmin na parada duvido muito que a máquina federal já não teria achatado Kassab enquanto ele ainda estava perto do traço.
Lavagem cerebral, garotada.
Acho que estamos esquecendo que apesar de toda essa "malhação" no alckmin ele ainda aparece com chance de derrotar a marta.
ReplyImaginem se nós, que somos anti-petistas, estivéssemos torcendo por ele.
Nosso inimigo comum é o PT; não vamos favorecer para Marta.
A subida de Kassab não se sustenta..Ou é Alckmin no segundo turno ou adeus SP...
Está provado: marqueteiro é tudo enrolador!!!
ReplyCoronel,
ReplyEsse walkmen não é de nada. Conseguiu ter menos votos no segundo turno. E põe sempre a culpa nos outro.
Seu grande feito foi conseguir casar com uma mulher 'da sociedade', 'rica' e 'ajeitada'. Mais nada. O governo de São Paulo ele herdou do Covas. Só seguiu o figurino que já estava montado.
Quanto ao Serra, como ele quer o apoi do governador criticando seu governo, seu vice na prefeitura ?!!! É um babaca forçador de barra. Um desagregador. Se quer tanto criticar, por que não se aliou à martaxa?!!! Ou será que ele e o mineiro não já são mesmo aliados dos petralhas ?!!!!
Não sei por que você não gosta do Serra. Ele tem tudo para ser o próximo presidente. Óbvio que não é perfeito, mas é muito, muito melhor que todos os anteriores.
Abraços,
m
Quando serra (aaaarrrrghhh! ...cuisp!) for presidente e montar sua quadrilha de bandidos piores que os petistas ...AÍ SIM!
Reply...muitos serão aqueles que sentirão saldades da bandidagem petista.
É muito melhor uma quadrilha de safados ladrões do que uma quadrilha de safados maníacos e ladrões, ainda mais espertos e preocupados em agir nas sombras. Muito mais cautelosos e muito mais criminosos.
Talvez no segundo mandato de serra (aaarrrrgghhhh! ..cuisp!)
...aguém diga: "meu deus!
...esse sujeito é muito perigoso, ele acredita no que faz"
Talvez não acredite tanto, mas apenas use como pretexto para justificar sua patologia (um maníaco com sede de Poder, um psicopata, na minha opinião).
Entre o "ET da garoa" e o "cachaceiro de garanhuns" ...argh! cruz credo! ...mas o cachaceiro é menos perigoso e sua quadrilha apenas quer dinheiro. Já no outro caso o "ET" é muito mais periogoso. Se tiver a chance de aparelhar o Poder ou mesmo aparelhar o seu Poder pessoal ...cruzes ...que saudades o cachaceiro provocará...
Já entendi, vocês não tem coragem de assumir, mas, na verdade, já se renderam ao charme (nhéca) do Dom Inácio.
ReplyOs apelidos são brincadeirinha para disfarçar.