Um general e dois ex-guerrilheiros.

Quando um governo, afundado nas denúncias de corrupção, apela para a "segurança nacional" para tentar justificar o injustificável, é porque este governo, dito de esquerda, está reproduzindo o mesmo discurso dos piores anos de chumbo da ditadura de direita.

Hoje o porta-voz do Governo Lula é Jorge Armando Felix, General-de-Exército do Exército Brasileiro, que exerce o cargo de Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

Não é Dilma Roussef, a Ministra Chefe da Casa Civil, que coordena a Secretaria de Administração da Presidência da República, responsável direta pelos cartões corporativos e por transformar militares em "pessoas jurídicas", mascarando despesas de milhões de reais com o Aerolula. É dela a competência para fazer "verificação prévia da constitucionalidade e legalidade dos atos presidenciais".

Não é Franklin Martins, Ministro de Comunicação Social, que é o responsável pelo relacionamento com a imprensa e com a mídia.

Por que o General Jorge Armando Felix está falando em nome do Governo Lula? Estamos, por acaso, em meio a um trabalho de "prevenção da ocorrência e articulação do gerenciamento de crises, em caso de grave e iminente ameaça à estabilidade institucional"? Pois olhando as atribuições e competências da GSI esta é a única justificativa para que ele esteja falando sobre cartões corporativos. E não venham com esta conversa mole de que alguns quilos de filet mignon e alguns vinhos importados coloquem em risco a segurança do presidente Lula. Que as compras em supermercados e as despesas para manutenção da casa da filha do presidente, em Florianópolis, possam ser usados por terroristas escondidos em caixas de alface.

É ou não é uma ironia? Em nome da "segurança nacional", estamos assistindo um militar de carreira, um homem da tropa, respeitado no seu meio, um dos maiores especialistas brasileiros em inteligência militar, oferecendo o seu "sangue" para que dois ex-guerrilheiros não coloquem a sua cara à tapa. Escrevam aí, senhores e senhoras. Se alguém cair neste governo afundado na lama, será alguém acostumado a seguir ordens: o General Jorge Armando Felix. Que os seus pares de farda tenham a hombridade e o patriotismo para evitar que tal fato aconteça. Não tenho procuração para defender ninguém. Mas, entre um milico e dois ex-guerrilheiros, fico com o primeiro até prova em contrário.