A farsa das eleições cubanas.


“Este povo, supostamente tão politizado e com alto apoio aos que governam, vive sua agonia cada dia com menos resignação, já se queixa mais abertamente, porém as expectativas novamente insufladas estão se convertendo em mais uma decepção.

Andar por Havana no começo de 2008 não se diferencia muito de épocas anteriores. As paradas de ônibus estão cheias de pessoas com semblante faminto e resignado de suportar uma longa espera. Em Cuba, o tempo parou e involuiu e as mentes estão adormecidas, Possivelmente este é um dos maiores lucros desde 49 anos de poder único e repressão. Enquanto isso, as pessoas tornam-se mais criativas, trabalhadoras e produtivas no mundo, incluindo os cubanos que imigram, e se esforçam por aplicar com rapidez os descobrimentos em todas as áreas, obtidos no século XX.


O povo desta ilha sempre se destacou pelo temperamento dinâmico, a chispa hilariante e o otimismo criativo. Sucumbiram estas características no curso dos anos de decepções e esgotamento pelas carências cotidianas. A maior parte da população nasceu depois de 1959. Seus pais apoiaram entusiasticamente um processo de mudanças chamado “Revolução”, que prometia igualar oportunidades, resolver as necessidades e proporcionar os bens materiais fundamentais a todos os cidadãos.

A mudança da vida é uma luta permanente para sobreviver. Este é o verdadeiro combate em Cuba. Os salários e pensões não chegam ao mínimo vital; as casas não acomodam a família crescida e os jovens não podem aspirar a uma própria; a comida não enche a barriga; o transporte supostamente melhorado segue demorando infinitamente; o emprego e os estudos dependem das recomendações políticas e...e se não gostas, vá embora. Para onde e como? Se conseguires quem te queira e um visto para qualquer lugar, o governo não dá permissão de saída. Se cometeres a loucura de jogar-te ao mar, podes morrer.

Quando a Assembléia Nacional do Poder Popular falou de resolver tudo isto no período recente? Nunca. Continuaram as louvações aos êxitos. Que o Produto Interno Bruto é de gigantes e que continuarão as proezas. Enfim, que o vital para o povo é voltar a acreditar nas promessas.

Insiste-se em acusar de inimigos a quem expressa as suas próprias idéias e aspiram um lugar no cenário político, econômico e social de Cuba, como se a pátria fosse patrimônio daqueles que mandam e determinam como se deve pensar e atuar.

As causas da carência de entusiasmo pelas eleições, a apatia para ir votar e as listas fechadas não há que buscar em nenhum inimigo. O inimigo do sistema é ele mesmo.”
Leia aqui a crônica completa de Mirian Leiva, para Nuevo Encuentro.