Exclusivo! O discurso de final de ano do Lula.

Brasília, DF, 27 de dezembro de 2007

Minhas amigas e meus amigos,

Nunca nestes 507 anos de Brasil, a gente tivemos um ano que nem esse que, mesmo assim, nem chegará perto do que será o ano de 2008. Podemos dizer que teve um Brasil de Cabral até Lula e outro de Lula em diante. Claro que este Brasil não é resultado apenas do trabalho de um presidente ou de um governo, mas do sofrimento, digo, do esforço de todos os brasileiros e brasileiras. Mas o sofrimento agora está curando as suas feridas e mesmo sem a CPMF vamos garantir que o SUS cumpra a sua função de continuar dando uma saúde quase perfeita a todos os necessitados que, aliás, já são menos, muito menos.

Você aí de casa, que lê muito jornal, vê muita televisão e folheia muita revista pode não estar percebendo a tamanha mudança do Brasil, pois a imprensa não mostra tudo. E pobre tem mania de só ver as dificuldades passageiras e não estou falando aqui das companheiras que penaram nas filas dos aeroportos que, por sua vez, também não estão mais tão apagados assim, pois hoje mesmo vi vários aviões passando por cima da Granja do Torto. A verdade é que o Brasil vive hoje um período de solidez econômica e política. Nunca fizemos tantas inclusões. É inclusão social, inclusão digital, inclusão quilombola, inclusão de boiola, inclusão até na selva colombiana, onde hoje estamos buscando alguns reféns das FARC nos aviões do companheiro Chávez.

Em 2007, mais de 8 milhões de brasileiros saíram da linha de miséria. E mesmo que outros 6 milhões de brasileiros ainda estejam na fila da penúria do seguro-desemprego, tudo melhorou. O crescimento se espalha por todos os setores e por todo o País. A renda aumentou mais de 2%, mais de 2%! Mais um pouco e a gente vamos pegar a danada da inflação, que vai aumentar mais de 4%, por causa daquela “herança maldita” que vocês sabem bem de quem veio. Já o IGP-M chegará a 7,8%, portanto, o aluguel vai subir e por isso vou financiar mais casa própria para todos vocês. Porque não vai ter IGP, IPG, GPI que vai impedir que o nosso seja o governo de um pobre para os mais pobres.

O emprego cresce muito, o diabo é que a juventude cresce muito mais. Crianças viram jovens. Jovens viram adultos. Adultos viram velhinhos e temos que governar para todos, não importando se tem dentes ou se já perderam os dentes, pois todos merecem comer nem que seja uma sopinha. Hoje já temos 4,5 milhões de jovens entre 15 e 29 anos que estão desempregados, fora da escola e sem o ensino fundamental completo. Mas isso não é nada, o PAC vai resolver, vai ter muito emprego de pedreiro, de auxiliar de pedreiro, de assistente de pedreiro, uma verdadeira cascata de empregos, uma panela de siri de emprego, você vai puxar um emprego e vai vir mais outro emprego grudado, vocês vão ver, vai ter emprego para todos.

O investimento se amplia, o PAC vai investir mais de 500 bilhões. O crédito se multiplica, o consumo aumenta e a conta a gente paga depois, porque senão pobre não compra. Veja o caso dos aposentados, mais de 5 milhões de velhinhos estão felizes com os seus empréstimos , comprando pela primeira vez o que precisam. Demos prazos de até 60 meses para eles, com um jurinho baixo de 5,4% ao mês. E nós vamos emprestando e eles vão devendo, eles devendo e nós emprestando, é o círculo virtuoso do crédito consignado, esta coisa linda que faz tantos velhinhos sorrirem com as suas dentaduras novinhas doadas pelo Brasil Sorridente.

Nosso País também reforça sua presença no mundo e assume a vanguarda em setores estratégicos, como o dos biocombustíveis. Para isso, estamos plantando como nunca, estamos entupindo a Amazônia de cana e cana. Este ano o desmatamento aumentou 10%, mas não é culpa nossa. É a “herança maldita” dele, que abriu o mercado para as motosserras. Mas não vamos admitir que os estrangeiros venham aqui dizer como é que nós devemos usar o machado nos nossos mognos, depois que eles acabaram com os matinhos deles, que nem chegavam perto da nossa imensa Amazônia, que eles vêm pra cá com os olhos compridos para levar as nossas ervas, os nossos animais, arriscam até querer levar nossos indiozinhos para mostrar na Quinta Avenida.

Mas quero dizer também que há motivos de sobra para não nos deitarmos nos loiros da nossa camisa canarinho pois, como o Corinthians, nós podemos acabar na segunda divisão mundial dos países. Temos que buscar resultados cada vez melhores, temos que nos classificar para a Libertadores do desenvolvimento e temos que levantar a Copa do Mundo do progresso, dando de goleada nos outros países. O Lula tem que ser o Kaká, a Dilma tem que ser a Marta, o Mantega tem que ser o Burú e assim vamos formar um time que vai jogar em qualquer terreno.

Estamos melhorando muito. Já somos mais de 30 milhões de brasileiros fazendo dupla jornada, acima das 44 horas semanais, trabalhando até 70 horas por semana para completar a renda. É ou não é um povo danado de trabalhador? E é um povo que tem responsabilidade social, que paga a segunda maior tributação do mundo sobre os salários, 42,5%. De cada 10 real que ganha, mais de 4 real fica pra gente governar cada vez mais e melhor. Só a Dinamarca ganha de nóis, com 42,9%. Em compensação, arrasamos a Argentina, onde eles pagam miseráveis 27,7% de impostos sobre os salários.

Amigos e amigas:

Vejam vocês que o Índice de Competitividade Mundial 2007 já mostra o Brasil em 49ª. colocação. Estamos na frente de outros grandes países como a Tunísia e Serra Leoa. A gente perdeu algumas posições, mas é só como aquele time que recua para poder atacar com mais força, que é que vamos fazer em 2008, como o Corinthians que vai sair lá debaixo e chegar lá nicima.

E assim como dois e dois não são cinco, vamos mostrar que as nossas crianças vão melhorar em matemática. Afinal de contas, considerando que toda a criança nasce analfabeta como a minha mãe nasceu, estar em 54ª. posição na frente daTunísia, Catar e Quirguistão nem é tão ruim assim. Em leitura, já estamos na 49ª posição e nossos estudantes foram lá e superaram eles, os argentinos que são todos metidos a leitores, vivem com jornal na mão só pra enrolar os pobres dos brasileiros.

Também continuamos avançando na corrupção. O que importa não é quem está na frente do 79º. lugar dos mais corruptos, que é onde estamos, mas sim os que estão atrás. E novamente tiramos 3,5 e ganhamos da Argentina de novo, que tirou 2,9 e da Venezuela, que tirou 2,0 e da Bolívia que tirou 2,9. Por isso, a Polícia Federal nunca trabalhou tanto, pois nunca teve tanto corrupto pra prender como agora.

Por fim, já somos o 70º país no Índice de Desenvolvimento Humano, o que nos coloca entre os melhores do mundo. Estamos em último lugar entre os grandões, lutando contra o rebaixamento e vamos conseguir, porque não vamos vacilar como o Corinthians vacilou.

Esta é a transformação que estamos fazendo do nosso querido Brasil. Por isso, tenho viajado tanto, sempre com a Dona Marisa do meu lado, que é a companheira que todo o companheiro sempre sonhou na história deste país, uma verdadeira guerreira silenciosa. Foram 32 viagens ao exterior, fui nos Estados Unidos, no Congo, na Angola, na Índia e perdoem a brincadeira, fui até lá onde o diabo perdeu as “burkinas”. Se contar nos dedos, foram um mês de 30 dias mais um mês de 31 dias, deixa eu ver, então isso dá 61 dias de viagem em 2007, sempre vendendo o Brasil e ainda criticam um presidente que se deu um avião à sua altura, pois o “sucatão” não teria entrado no espaço aéreo nem da Bolívia.

Fico sastifeito porque os juros também baixaram de taxas. A SELIC baixou de 13,25% para 11,25% ao ano, mesmo assim os estrangeiros ficaram investindo aqui com a gente, porque acreditam no Brasil e é crítica dos derrotados que é só porque pagamos os juros mais altos do mundo e que não cobramos impostos das aplicações dos investidores de outros países. Os juros do cheque especial já baixaram muito também. Em 2007, a média foi de 8,24%! E a Caixa Federal cobrou ainda menos, só 7,20%. E não venham fazer terrorismo contra o primeiro governo deste pobre metalúrgico, só porque estas taxas são mensais.

Estou sastifeito porque temos novos programas modernos, e não estou falando aqui do Café do Presidente: é PAC, é FUNDEB, é PRONASCI, é PDE, é a PQP de tanta coisa boa que estamos fazendo para este país. Hoje, por exemplo, demos mais de 500 bolsas de estudo em dinheiro para cubanos, angolanos, bolivianos, sem exigir nada em troca destes países, só para que eles estudem aqui nas vagas dos brasileiros nas universidades públicas. Eu sou um Presidente que gosta de dar sem receber, perdôo dívidas e dou de presente até refinarias de petróleo, às vezes penso que sou a reencarnação de São Francisco de tanto que dou sem receber. Aliás, com a transposição do Velho Chico nem bispo vai mais morrer de sede no Nordeste, eu garanto para vocês. De fome não sei, mas de sede não morre mais ninguém. E prometo que, além da Luz para Todos, vou garantir a Descarga para Todos, antes do final do meu governo, dando o direito supremo ao esgoto, que ninguém merece fazer no mato em plena sociedade do conhecimento.

Poderia aqui ficar falando, falando, falando, mas cansei que nem as madames de São Paulo. Sabem o quanto falei em 2007? Dei 162 entrevistas e vou dar muito mais, porque já reservei R$ 350 milhões para fundar a TV Pública. Aí sim, vou poder estar todos os dias junto com o meu povo e não duvido que o pessoal queira, além do Café, um Almoço, um Lanchinho e até um Jantar com o Presidente.

Tudo isto me deixa muito sastifeito. Mas estou insastifeito porque ainda há uma forte dívida social a resgatar com os mais pobres. Tanto é que os jovens de 15 anos pra cima também vão ganhar Bolsa Família. Serão mais um milhão de bolsistas, totalizando 12 milhões, quase 35 milhões de eleitores, porque isso de votar é cidadania.

Minhas amigas e meus amigos:

Quero desejar aos mais de 30 milhões de trabalhadores informais que encontrem uma empresa que não dê tanta importância aos mais de 40% de carga tributária e lhe assine a azulzinha em 2008. Que os 5 milhões de aposentados consigam pagar os empréstimos de hoje, para poder fazer um novo amanhã. Que os 6 milhões de desempregados da fila do seguro-desemprego sejam atendidos com maior rapidez nas filas da Caixa. Que possamos trabalhar muito, unidos, para pagar os juros da nossa dívida de R$ 1 trilhão e 200 bilhões, que aumentou R$ 600 bilhões nos meus governos, devido a uma certa “herança maldita", vocês sabem, dele, aquele que vocês sabem quem é. Eu fiz o que pude: paguei o FMI, que cobrava 3% de juros ao ano e disse para mim mesmo, vale à pena pagar 12% ao ano para os banqueiros, mas vamos nos livrar desta praga deste FMI, daquela mulher que vinha aqui com o nariz empinado e levava o leitinho das nossas crianças para os sobrinhos do Tio São, aquele da cartola cheia de estrelinhas.

Minhas amigas e meus amigos,

Existe uma hora para falar, outra hora para calar e, principalmente, uma hora para brindar. E eu devo confessar que, de tanto falar, já estou com a goela seca. Portanto, encerro dizendo: acreditem no Brasil a acreditem em Lula. Desde Cabral, passando por Colombo, Bolívar, Napoleão Bonaparte, até hoje, deste lado do Pacífico, o Brasil nunca me teve, agora quando me tem deve aproveitar, porque eu sou uma metamorfose ambulante, mas não arredarei pé um melímetro de construir um país como nunca na história deste país teve outro. Um feliz e infinitamente melhor 2008 para todos os brasileiros de todo o Brasil. Tim-tim!

(Obviamente, o discurso acima é uma brincadeira com o nosso Presidente Peter Pan, aquele da Terra do Nunca. Qualquer "parecência" é mera coincidência)