Fui buscar a repercussão dos sucessivos crimes e abusos ocorridos contra mulheres dentro de prisões paraenses, na Pastoral Carcerária, órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB.
Esperei encontrar ali uma nota forte, tendo em vista que, por inúmeras vezes, esta entidade religiosa se manifestou contra diversos fatos ocorridos em prisões e instituições penais do Brasil. Nada. Apenas uma referência rápida a uma notícia do Estadão.
Para não atacar o PT, a Pastoral Carcerária desmerece o trabalho que realiza.
Ali tive acesso a documentos impressionantes, entre os quais um dossiê de fevereiro de 2007, intitulado " Relatório Sobre Mulheres Encarceradas no Brasil", com 61 páginas, produzido por várias entidades e que retrata a caótica situação no país, agravada nos últimos anos.
O Pará já aparece, no estudo, como o estado nortista onde o problema é mais grave. De 2005 até 2006, a população carcerária feminina saltou de 54 presas para 206 presas, um crescimento explosivo de mais de 300%.
A Pastoral Carcerária sempre foi umbilicalmente ligada ao PT e, portanto, a Governadora Ana Carepa deve ter sido municiada com cópia deste relatório, em primeiríssima mão.
Se existe alguma dúvida desta ligação siamesa, também há outro relatório no site, denominado " Situação do Sistema Prisional Brasileiro", de julho de 2006, produzido sob os auspícios da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, em parceria com a Pastoral Carcerária.
O prefácio deste relatório tem fecho de ouro: "Parafraseando Mandela, não atingiremos um padrão aceitável de direitos humanos para o nosso País sem garantir que esses direitos alcancem os homens e mulheres reclusos nas nossas prisões". O prefácio é dele, do Deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, à época Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, que até agora não se indignou contra o ocorrido no estado governado pela sua colega petista. Em outros tempos, ele seria despachado para lá, com o objetivo de constranger e gerar factóides contra as autoridades locais.
( Frente ao silêncio das autoridades nacionais da CNBB e da Pastoral Carcerária é animadora a nota pública da CNBB - Norte 2, que ataca o assunto de frente e exige providências. Leia aqui.)
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