(Por Maria Lima, de O Globo) Em um ato que contará com representantes dos movimentos de rua, os
líderes da oposição vão acompanhar nesta terça-feira a entrega ao
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do novo pedido de
impeachment da presidente Dilma Rousseff, assinado pelos juristas Hélio
Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal.
Sem os aditivos barrados
por liminares dos ministros Teori Zavaski e Rosa Weber, do Supremo
Tribunal Federal (STF), o novo pedido condensa todas as informações
anteriores sobre as pedaladas fiscais de 2014 e inclui ainda o relatório
do Ministério Público que aponta indícios da prática também em 2015. O
outro pedido foi questionado por utilizar, como argumento para o
impeachment, fatos ocorridos no mandato anterior, o que não está
previsto na Constituição.
A oposição diz que agora Cunha não tem mais impedimento jurídico para
deferir o novo pedido e vai usar o ato da entrega para turbinar
novamente o assunto que o Planalto achava que estava enterrado com a
liminar do STF, que suspendeu o rito do pedido de impeachment fixado
pelo presidente da Câmara.
—
O assunto do impeachment tinha esfriado com as decisões do Supremo. Mas
refizemos nosso roteiro, e agora Eduardo Cunha não tem saída, vai ter
que decidir. Vamos dar relevo ao ato de entrega do novo pedido. Ao invés
de só protocolar, vamos turbinar o ato para botar fogo de novo no
assunto que tinha esfriado — disse o deputado Antônio Imbassahy
(PSDB-BA).
Desde hoje à noite, integrantes do Movimento Brasil Livre vão acampar
na frente do Congresso Nacional para pressionar pela aceitação do
pedido que será reapresentado amanhã. O Vem Pra Rua também organiza
manifestações menores em várias cidades a partir dessa semana para
reaquecer o movimento pró-impeachment, independente da complicação da
situação de Cunha na Operação Lava-Jato com a divulgação das contas dele
na Suíça.
— Enquanto for presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha tem o
dever constitucional de encaminhar o pedido de impeachment, independente
das acusações que terá que responder. Estivesse lá o Lula ou qualquer
outro, teria que cumprir sua responsabilidade constitucional — disse o
coordenador nacional do MBL, Rubens Nunes, que estará presente ao ato na
presidência da Câmara amanhã às 10h.
Cunha confirmou que vai receber os líderes da oposição, os autores do
pedido de impeachment e os representantes dos movimentos de rua. — Receberei eles — disse Cunha ao GLOBO. Ele ainda faz mistério sobre o que vai fazer com o pedido, mas seus
aliados dizem que fará o que for melhor para se fortalecer para
responder ao processo de cassação no Conselho de Ética.
Apesar do recuo da oposição, que interrompeu as negociações com Cunha
para que deflagrasse o processo de impeachment após a divulgação da
nota pedindo seu afastamento da presidência, o líder do Solidariedade,
Paulo Pereira da Silva (SP), continua tentando uma aproximação. Mas
lideranças do PSDB não enxergam possibilidade de acordo depois da
divulgação das provas documentais sobre as contas de Cunha na Suíça.
— O Paulinho é muito cartesiano. Queria que a gente desse alguma
garantia no Conselho de Ética. Mas não tem jeito, vai da consciência de
cada um agora. O cara está todo arrebentado, não dá para pedir esse
sacrifício aos deputados diante de provas tão consistentes — contou um
parlamentar tucano.
1 comentários:
Cunha,está nas suas mãos o futuro do Brasil e não se esqueça de que você,Dilma e Lula passarão e o Brasil vai ficar para seus netos.
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