Dilma demite Mantega de mentirinha para enrolar o mercado.

Um dia após ter indicado mudanças na equipe e nas políticas de governo num eventual segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff sinalizou nesta quinta-feira (4) que o ministro Guido Mantega (Fazenda) será substituído se ela for reeleita. 

Em entrevista em Fortaleza, a presidente foi questionada especificamente sobre o futuro do titular da Fazenda caso vença as eleições. "Eleição nova, governo novo, equipe nova", disse."Quero dizer o seguinte. Não nomeio ministro em segundo mandato. Eu não fui eleita. Como é que eu saio por aí nomeando ministro? Não sei se vocês lembram quando sentaram na cadeira antes da eleição", completou. 

Foi uma referência a Fernando Henrique Cardoso, que sentou na cadeira de prefeito de São Paulo às vésperas das eleições de 1985 e acabou derrotado pelo então adversário Jânio Quadros. A presidente ainda seguiu no tema: "Eu não falo isso [nomes da equipe], sabe por quê? Porque dá azar. Falar de uma coisa que ainda não ocorreu. Mas é governo novo, equipe nova. Não tenha dúvida disso". 

Um dia antes, em discurso a representantes da indústria em Belo Horizonte, a petista já havia sinalizado mudanças na equipe no caso de reeleição. Até então, Dilma resistia a falar em ajustes em sua equipe e na política econômica, apesar das recomendações do ex-presidente Lula nesse sentido. À Folha, assessores presidenciais disseram ontem à noite que a fala de Dilma no Ceará faz parte de um "processo" de reaproximação com o setor empresarial e que, de fato, indica troca no comando da equipe econômica caso ela seja reeleita. 

No cargo desde março de 2006, Mantega é o ministro que ficou mais tempo à frente da Fazenda no país durante o período democrático. A declaração da presidente foi mal recebida no ministério. Na avaliação de assessores da Fazenda, a presidente enfraqueceu o ministro durante o exercício do cargo. Em setores do empresariado, que vêm demonstrando simpatia pela candidata Marina Silva (PSB), a notícia foi bem recebida. 

A Folha conversou com dois líderes empresariais e eles disseram que o setor privado avalia como positiva a sinalização feita pela presidente no Ceará. Dilma vinha sendo cobrada pelo ex-presidente Lula a sinalizar mudanças em sua política econômica num segundo mandato e também em sua equipe para reconquistar o apoio do empresariado. 

O petista chegou a sugerir a troca de Guido Mantega, o que Dilma prometeu analisar no ano passado, mas acabou não acatando o conselho do antecessor. Nos últimos dias, Mantega passou a adotar um tom mais político em suas entrevistas. Atacou primeiro o candidato tucano Aécio Neves e, depois, Marina Silva.(FSP)