Votos não saem do nada.

Quem aposta que Marina Silva vai aparecer grudada em Aécio Neves na próxima pesquisa pode quebrar a cara. Se alguém tem tudo para cair para a ex-petista subir é Dilma Rousseff. Vamos por partes. 

Marina vai deitar e rolar no segmento evangélico? Difícil! Há um Pastor Everaldo que não havia em 2010. Ah, Pastor Everaldo, alguns dirão. Não desqualifiquem. Ele tem 3% no geral, mas aparece com 8% entre evangélicos. Mais do que dobra a sua participação.

Marina vai pegar o voto dos indecisos. Sim, mas isto vai significar quanto, se hoje os indecisos são 11%, segundo o último Ibope? Se pegar 30%, isso significa apenas 3% em intenções de voto. 

Marina vai herdar todos os votos de Eduardo Campos. Improvável. O mais lógico é que parte destes votos sejam direcionados para Aécio Neves. Tanto Campos quanto Aécio tem a maior parcela de votos nas faixas salariais mais altas. E conseguem estes votos em função de serem gestores, de serem uma garantia de mudança na economia. Quem ganha melhor, é lógico, pensa pelo bolso. Marina é o oposto desta visão. Odeia o agronegócio e suas ideias sobre sustentabilidade estão longe de serem uma unanimidade.

Além disso, as regiões Sul e Centro-Oeste, que são agrícolas, não vão dar para Marina Silva os mesmos votos que Eduardo Campos tinha, na faixa dos 8% a 9%. Parte destes votos migrarão para Aécio Neves. 

Aí vem a grande questão: a ex-petista vai fazer grande votação no Nordeste, que era a região forte de Campos? Em termos, pois ele tinha apenas 12% nesta região. Praticamente o mesmo que Aécio, que tem 11%. Se Marina crescer, terá que ser em cima de Dilma, que tem 51% no Nordeste. Quem perde? Dilma! Mas quanto?

Sobram os jovens, que seria o eleitorado com a cara de Marina Silva. Acontece que Campos, talvez por influência da ex-petista, já tinha um bom desempenho, dentro do seu percentual, nas faixas dos 16 aos 24 e dos 25 aos 34 anos. Pode crescer ali, mas não o suficiente para ameaçar a posição de Aécio.

O grande desafio de Marina Silva será conseguir o voto do eleitorado que ganha até dois salários mínimos. Um segmento amplamente dominado por Dilma Rousseff, no qual tanto Aécio quanto Campos estão com imensa dificuldade para penetrar. É o eleitorado da Bolsa Família e dos programas sociais. Marina terá discurso para isso? Terá máquina eleitoral para isso? Ao que tudo indica, não. Seu eleitorado é urbano, de grandes cidades.

No Sul e Sudeste, Marina está muito fragilizada nos acordos. Combateu duramente a maioria deles. Por isso, Campos também não decolava. Em São Paulo, o PSB está com o PSDB. No Rio, o PSB está com o PT. Minas Gerais é terra de Aécio. No Paraná, o PSB também está com os tucanos, assim como em Santa Catarina. Sobra o Rio Grande do Sul, onde os socialistas estão com o PMDB.

Por tudo isso, o mais provável é que Marina apareça com no máximo 15% dos votos. Pela comoção! O patamar correto seria 10%. Aécio Neves pode crescer até 25%. E Dilma tende a cair para um patamar de 35%. Indecisos podem aumentar um pouco, assim como brancos e nulos. Votos não saem do nada. E a cabeça do eleitor é sempre uma caixinha de surpresas.

Ponham-se no lugar do eleitor. O que seria mais fácil de ocorrer?  Ele dizendo: "ah, eu votava no Aécio, mas agora vou mudar para a Marina!". Ou: "ah, eu votava no Eduardo, mas agora vou mudar para o Aécio". Ou, ainda: " ah, eu votava na Dilma, mas agora vou mudara para Marina". Tirem as suas conclusões!