Depois de disputar e perder
dividido as últimas três eleições presidenciais, desde 2002, o PSDB de São
Paulo se engajou efetivamente na cruzada do senador mineiro Aécio Neves para
despejar o PT do Palácio do Planalto. Pode ser temporário, mas no momento José
Serra, Fernando Henrique Cardoso e até o governador Geraldo Alckmin, entre
outros tucanos bons de voto na capital, estão juntos com o candidato do
partido, algo impensável há pouco mais de um ano. O governador paulista é um
potencial candidato em 2018 e tem alianças regionais que colidem com o projeto
de Aécio Neves, mas hoje atrapalha menos que semanas atrás, quando vislumbrava
uma reeleição bem mais difícil para o Palácio dos Bandeirantes.
Vários fatores contribuíram para
a boa convivência de Aécio com o PSDB de São Paulo, o maior e mais influente do
país, e com o qual atravessou às turras as eleições presidenciais de 2002, 2006
e 2010. O perfil do candidato, um político formado na melhor escola mineira do
diálogo entre adversários, foi decisivo. Mas o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso também teve um papel fundamental para que Aécio chegasse à esta altura
da campanha numa zona de conforto partidário, o que não aconteceu com José
Serra nem com Geraldo Alckmin, os candidatos que antes dele tentaram desalojar
o PT.
Em maio do ano passado, quando já
dispunha da maioria para receber a indicação do PSDB à sucessão, Aécio teve uma
reunião em São Paulo com o ex-presidente Fernando Henrique e o ex-ministro e
hoje vereador em São Paulo Andrea Matarazzo. Na conversa o vereador tucano
mostrou para Aécio o modelo das campanhas presidenciais de FHC, assentadas
sobre uma estrutura própria nos Estados, especialmente em São Paulo.
Tucanos passam por um momento de
contida euforia
Concebido por Sérgio Mota, homem
forte do primeiro mandato de FHC, falecido em 1998, a chave do modelo é a
separação das campanhas nacional e estadual. A campanha presidencial não
atrapalha a do candidato a aliado a governador, por mais diferente que sejam as
suas coligações. Matarazzo pode constatar a praticidade do modelo, sobretudo,
na campanha da reeleição de FHC, quando o presidente era apoiado, em São Paulo,
por Mário Covas e Paulo Maluf, adversários inconciliáveis. E atribui ao apoio
de Maluf boa parte dos votos que fizeram FHC levar no primeiro turno a eleição
de 1998.
É o modelo atualmente em prática
em São Paulo. Cada um faz sua campanha, normalmente, e juntos onde não há
nenhum conflito de coligação. A estrutura própria da campanha presidencial
rende mais e elimina eventuais atritos. Desde a conversa com FHC e Matarazzo,
que virou coordenador da campanha na capital, Aécio circulou muito no interior
e fez mais de 15 eventos com o grupo de prefeitos que conheceu na época e que
hoje fazem a coordenação regional da campanha. Pegou o jeito e as
peculiaridades do lugar, segundo os paulistas.
Além de potencial candidato em
2018, logo um concorrente de Aécio dentro do PSDB, Alckmin tem coligação com
partidos com outros candidatos a presidente da República, como é o caso do PSB
do ex-governador Eduardo Campos. Entre os integrantes da estrutura de campanha
de Aécio entende-se que de nada adianta pressionar o governador: Alckmin até
poderia não fazer campanha para Campos, nos municípios onde está associado ao
PSB, mas poderia hostilizar o candidato do PSDB. Esse tipo de atrito diminuiu
com a existência de uma estrutura própria para cobrir tais situações.
A estrutura de Aécio em São Paulo
é integrada por Alberto Goldman, ex-governador, o candidato a vice, senador
Aloysio Nunes Ferreira, Matarazzo, que tem a memória do modelo concebido por
Sergio Mota, e José Aníbal, adversário figadal de Serra, mas que concordou em
ficar na primeira suplência no chapão do PSDB. O simples fato de Geraldo
Alckmin "estar junto" já é considerado de grande ajuda para a
campanha. Não foi fácil para os tucanos desenhar essa configuração de forças.
Quando José Serra desistiu formalmente
de uma nova candidatura presidencial, em dezembro do ano passado, se
prontificou a concorrer à Câmara ou ao Senado. Sempre esteve evidente que o
ex-governador paulista preferia o Senado, mas estava isolado no partido.
Primeiro, Serra pressionou por um acordo para o ex-prefeito Gilberto Kassab ser
o vice na chapa de Alckmin à reeleição, pois isso o levaria naturalmente à
indicação para a vaga em disputa no Senado.
Alckmin boicotou o acordo com o
PSD de Kassab, de todas as formas, e ao fim compôs com o PSB de Eduardo Campos.
Serra ficou solto no ar. Durante um tempo Aécio sugeria seu nome para candidato
ao Senado, enquanto Alckmin sugeria que Serra fosse o vice de Aécio. Parecia
jogo de empurra. Aécio, viu-se mais tarde, estava sinceramente empenhado em ter
a seu lado um candidato com "recall" de disputas passadas e que já
derrotara o PT em eleições para a prefeitura e o governo do Estado. Nesse
momento interveio FHC. O ex-presidente teve uma conversa dura com Alckmin. A
união é questão de sobrevivência para o PSDB.
Se Aécio ganhar a eleição de 5 de
outubro, é provável que José Aníbal assuma a cadeira no Senado, porque o
titular José Serra pode ser chamado para um ministério. Nos bastidores do PSDB
fala-se no Ministério das Relações Exteriores. Aécio vende bem a expectativa de
que em seu governo, se ganhar a eleição, haverá espaço para todo o PSDB,
especialmente o de São Paulo.
Quem participou de todo o
processo testemunha que Aécio teve um papel vital nas negociações. A imagem que
se faz hoje de Aécio Neves, entre os tucanos de São Paulo, é de um político que
"cisca para dentro", ou seja, agrega ao invés de dividir, como
ocorreu nas últimas campanhas do PSDB. Nesse aspecto, ajudou muito a identidade
com FHC, o ideólogo da reorganização tucana. Com os bons números observados
nas pesquisas, nas quais Aécio já aparece empatado com a presidente Dilma
Rousseff em eventual segundo turno, os tucanos atravessam um momento de contida
euforia, justamente quando o PT reconhece que passa por um mau bocado em São Paulo. (Raymundo Costa - Valor Econômico)
14 comentários
rumo a vitoria!
Replytchau, PeTê!
Só a vitória do Aécio interessa, de preferência no primeiro turno!
ReplyFORA PETRALHAS !
Chris/SP
OFF - PIADA DO DIA !!!!
ReplyENTENDI: O PRIMEIRO MANDATO DE DILMA FOI SÓ A FASE “ESCOLINHA DO PROFESSOR RAIMUNDO”! ELA PROMETE CORRIGIR OS ERROS SE FOR REELEITA!
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/entendi-o-primeiro-mandato-de-dilma-foi-so-a-fase-escolinha-do-professor-raimundo-ela-promete-corrigir-os-erros-se-for-reeleita/
Quem não a conhece, que a compre!
FORA DILMA!
FORA PT!
AÉCIO NEVES PRESIDENTE !
Chris/SP
Coronel,
ReplyÉ tempo de trabalho e não de "sentar na cadeira" antes de eleito!!
JulioK
A matéria é explicativa, desejo com todas as forças a vitória do Aécio já no primeiro turno. Mas aguentar a chapa EDUALDO é de lascar Coronel! A gente tolera pois tudo que for feito para tirar a canalha corrupta do poder, temos que apoiar. Eduardo campos é um comunista incompetente, não é muito diferente da Dilma.
ReplyVamos ver se agora a diferença entre o Aécio e a Dilma em São Paulo cresce na mesma proporção deste acordo de união dos tucanos paulistas.
ReplyCel, vc ouviu falar que Aécio convidou o ministro JB para ser seu ministro da justiça?
ReplyVi essa notícia no face de Orlando Scarpati.
Veja a foto!
Lourdes
Aécio leva já no primeiro turno! Bye bye petralhas incompetentes e criminosos!
ReplyEnviei hoje ao JORNALeco NACIONAL.
ReplyDe novo o JN me desaponta, reservando um tempo desproporcional para alardear a verdadeira barriga que se configurou o "aeroporto de Aécio", que não passa de uma simples pista de pouso, e tem o fétido cheiro de falso dossiê característico de um certo partido, cujos líderes estão na Papuda. Que tal investigar os 150 milhões de dólares que Dilma deu para construção do aeroporto de Cuba? Nem falo do porto, só quero saber do aeroporto do "camarada" Fidel. Ou o JN só atua em mão única? Fica aqui registrado meu desprezo, repúdio e nojo pela linha editorial do JN, claramente tendenciosa, sempre com o cuidado de blindar a maior incompetente que já passou pelo Brasil, uma figura política que sequer pode aparecer em público. Cuidado com possíveis próximas barrigadas. O brasileiro não é tão simplório nem desinformado como vocês pensam, e o tal ódio pela Globo não é por acaso. O Brasil está mudando. Mudem ou atolem junto com a "soberana" que de forma porca, irresponsável e conivente com todo tipo de falcatruas está afundando nosso país. Sou jornalista e tenho vergonha de ser companheiro de profissão de vocês.
Pedro Schmitt
O que esses petistas corruptos já prometeram e não cumpriram nesses 12 anos de desgoverno, encheria uma folha corrida grande o suficiente para dar voltas no planeta.
ReplyFarão de tudo para não perderem a mordomia e continuar a farra com dinheiro público.
É preciso acoplar uma impressora às urnas, porque o eleitor tem direito a um COMPROVANTE DE VOTO, como tudo na vida, o voto também tem que ser documentado com um comprovante do ato. É um direito do eleitor e UM DEVER DA JUSTIÇA ELEITORAL.
Cel
ReplyQuase que o Serra atrpalha de novo querendo enfiar o Kassab como vice do Alkmin. Será que ele ainda não aprendeu que o Kassab não presta, nem com a traição feita por ele quando das últimas eleições para a prefeitura? Valha-me Deus! Ainda bem que o Akmin não topou, pois perderia muitos votos com esta parceria. O Skaf baixou de 21% para 16% das intenções de voto exatamente após ter-se aliado a Kassab e Maluf. A Jumenta Escarlata quer subir no palanque do Skaf, o que vai ser a pá de cal em sua candidatura, se acontecer.
Esther
Prezado Pedro Schmitt, 22 de julho de 2014 10:02
Replyparabéns pelos seus escritos corajosos!
Flor Lilás
Flor Lilás,
ReplyAdmiro seus escritos. Estamos todos juntos nessa!
Saudações
Pedro
Afinal, Serra colocou o botton azul ou não?
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