A Petrobras assinou pelo menos R$
90 bilhões em contratos nos últimos três anos sem fazer qualquer tipo de
disputa entre concorrentes, escolhendo, assim, o fornecedor de sua preferência. O valor contratado sem licitação
corresponde a cerca de 28% dos R$ 316 bilhões gastos pela Petrobras entre 2011
e 2013 com empresas que não pertencem à estatal ou que não são concessionárias
de água, luz, entre outras.
As modalidades normalmente
adotadas pela administração pública, como concorrência e tomada de preços,
representam menos de 1% dos contratos da Petrobras. Em 71% dos casos, a forma
de controle é mais branda, como carta-convite.
O levantamento da Folha foi feito
em registros de extratos de contratos disponíveis da companhia. Eles apontam
ainda que compras bilionárias, serviços previsíveis e outros sem complexidade
foram dispensados de concorrência. Em suas justificativas, a estatal
alega, principalmente, que o contratado era um fornecedor exclusivo ou que
havia uma emergência.
Para dispensar as disputas, a
Petrobras se baseia num decreto de 1998 que lhe dá poderes para firmar
contratos de forma mais simplificada que a prevista pela Lei de Licitações,
promulgada em 1993. Esse decreto usa os mesmos termos
da lei --como concorrência, convite, dispensa, inexigibilidade-- para
classificar as formas de contratação. A principal diferença é que a estatal
pode dispensar a disputa em compras de valores elevados, o que é proibido pela
Lei de Licitações.
Desde 2010, a companhia briga na
Justiça com o Tribunal de Contas da União, que a proibiu de contratar por esse
formato. O TCU alega a necessidade de uma lei para que a estatal possa realizar
os procedimentos simplificados. Para continuar assinando
contratos com base no decreto, a Petrobras se vale de uma decisão provisória
(liminar) do Supremo Tribunal Federal, que lhe permitiu manter o procedimento
até uma decisão definitiva da corte.
Em 2009, a análise dos contratos
sem concorrência foi um dos focos da CPI da Petrobras no Senado, que acabou
praticamente sem nada investigar. Caso vingue a instalação de uma nova CPI, em
discussão no Congresso, essas contratações estarão na mira dos congressistas. A análise dos contratos indica
que o volume sem disputa começou a diminuir em 2012, com a chegada da nova
diretoria da estatal comandada por Graça Foster.
Mas, como em 2013 também foram
reduzidos os gastos totais da empresa, o percentual contratado sem concorrência
voltou a aumentar e chegou a 30%. No caso do Comperj (Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro), por exemplo, chamam a atenção os valores: duas
obras --R$ 3,9 bilhões e R$ 1,9 bilhão-- não tiveram concorrência em 2011.
A Petrobras apresentou como
justificativa para as obras das estações de tratamento de água e esgoto do
complexo dessa refinaria, tocada por um consórcio liderado pela UTC Engenharia,
falta de tempo hábil para uma disputa. As obras estão anunciadas desde 2006.
No caso da obra chamada Pipe Rack
(suportes para tubulações), cujo consórcio é liderado pela Odebrecht, a
Petrobras achou o preço da concorrência elevado e preferiu chamar um grupo de
construtoras para fazê-la. Mas, como recebeu vários aditivos depois, a obra está
mais cara que o previsto inicialmente.
Duas companhias, a Vallourec
Tubos e a Confab Industrial, são contratadas em valores que ultrapassam os R$
20 bilhões, sob a alegação de que o material delas é exclusivo. Ambas são
fornecedoras de tubos. A exclusividade também foi a justificativa para
contratar a BJ Services e a Schlumberger, responsáveis pela cimentação de poços
de petróleo.
Até contratos como terceirização
de pessoal dispensam concorrência. Em 2012, a Personal Services ganhou R$ 38
milhões sem disputa sob a alegação de emergência para oferecer apoio
administrativo. (Folha de São Paulo)
3 comentários
Coronel,
ReplyConheço muito bem a Lei 8666/93 e sei que os funcionários da Petrobras sentem-se acima dela.
Porém, participei de licitações na Petrobras após 1998, e era "pura pauleira" nos preços(gov. FHC).
Anote ai: Não existe LEI MUNDIAL que contenha um corrupto. Só a CADEIA!!!
O responsável pelo descalabro dentro da Petrobras atende pelo seguinte codinome: PT Sindical!!
JulioK
Também, não é a toa que os PTistas ladrões aumentam seus patrimônios em mais de 50 VEZES na era do governo Lula/Dilma, e isso, também vale para os dois presidentes.
Replytomando conhecimento das farras que ocorreram na Petrobrás, principalmente quando o negócio é coleta de preços, dá para entender o porque da obstinada recusa de permitir que a oposição faça qualquer verificação. A roubalheira deve ser grande e tem muitos companheeeeros que ainda querem participar da panela.
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