Serra: “vamos para o segundo turno e vamos ganhar essa eleição”.

Na quarta campanha para prefeito de São Paulo, uma vitoriosa, o ex-governador José Serra (PSDB) minimiza a rejeição ao seu nome e a queda apontada pelas pesquisas. Atribui a rejeição aos adversários que ficam dizendo que irá deixar novamente a prefeitura, como fez em 2006. Aos 70 anos, diz que, se eleito, ficará no cargo e não será candidato em 2014. A entrevista foi concedida na terça-feira, antes da última pesquisa Datafolha, que apontou nova queda e aumento da rejeição. Nesta quinta-feira, Serra reafirmou: “Vamos para o segundo turno e vamos ganhar essa eleição”.
 
O senhor já foi prefeito de São Paulo e deixou o cargo para se candidatar a governador. Por que deseja ser prefeito novamente?
Porque é uma questão de vida pública. A prefeitura de São Paulo me motiva bastante. É uma cidade que é um verdadeiro país, com muitos desafios. Minha vida pública tem sido marcada pela vontade de fazer coisas boas acontecerem, e há muita coisa boa para fazer acontecer em São Paulo. E também coisas boas que devemos manter e que precisam aparecer, como inovações.
 
O senhor diz que há pontos a avançar na cidade. Em que pontos a gestão Kassab deixa a desejar?
Essa gestão não fez tudo. Fez coisas boas e positivas quase na totalidade, mas há ainda muito a avançar. Por exemplo, no caso da saúde. É preciso melhorar condições de agendamento de consultas, exames e cirurgias. Há capacidade instalada, foi um avanço enorme, mas tem de se avançar na área. Em medicamentos, chegamos a um ponto bastante satisfatório. É possível ampliar a distribuição de remédios em casa.
 
Pesquisas mostram polarização entre sua candidatura e a de Celso Russomanno (PRB). Mas sua campanha tem focado o debate com o PT. A candidatura de Russomanno não se sustentará?
Não escolhemos nenhuma polarização. Nós rebatemos críticas (feitas pelo PT), o que é diferente. Não é escolher um alvo e dizer que vamos atirar aqui. É rebatendo críticas.
 
O episódio em que seu programa de rádio chamou uma proposta de Fernando Haddad (PT) de “bilhete mensaleiro” não foi revide.
Isso é uma questão menor. O bilhete único mensal (promessa do PT) é um equívoco. Ele vai encarecer o transporte e vai fazer com que quem ande de ônibus pague mais, mesmo que não esteja andando..
 
Qual é a sua expectativa sobre o julgamento do mensalão?
Acompanho, não tenho tempo de assistir aos vídeos, mas está sendo um processo importante e inusitado na História brasileira. Diria que vai trazer uma contribuição muito importante para a vida pública brasileira.
 
E para as eleições? É um tema pertinente?
Essa é uma questão que está na mídia, na cabeça das pessoas, e é possível que esteja no voto. Outra coisa é transformar o mensalão em um objeto de debate de campanha. A campanha tem de ser travada em torno das questões da cidade, o que é muito difícil.
 
O senhor considerou acertado o uso do mensalão na sua campanha?
O mensalão está na imprensa todos os dias, não há quem fale mais de mensalão que os jornalistas. O PT tem uma habilidade extraordinária de patrulhar. Quando eles têm algum ponto vulnerável, eles patrulham. A própria imprensa, às vezes, veste a camisa do PT nesse patrulhamento. É um exagero, não imaginava que eles fossem ficar tão inseguros por conta disso.
 
A que atribui o fato de ter o mais alto índice de rejeição da eleição?
Fui candidato a presidente em 2010, numa disputa grande. É natural que o eleitorado do PT tenha posição mais definida a meu respeito. Segundo, quando aparecem indicações sobre o motivo da rejeição, não há praticamente nada do ponto de vista moral, ético ou de realizações. Os próprios adversários não têm muito o que falar a esse respeito. Isso está sendo explorado pelos adversários. Como eles não têm muito a dizer a meu respeito, ficam batendo na questão da saída da prefeitura, dizendo que vou sair de novo, para ser candidato a presidente ou governador.
 
Ter deixado a prefeitura é a principal razão para isso?
Não. Eu saí naquele momento e tive o apoio da população de São Paulo. Tive mais votos para governador do que tive para prefeito no primeiro turno. Naquele momento, era algo que se impunha. Nas eleições de 2006, o governador Geraldo Alckmin não podia concorrer à reeleição, então, concorri com apoio muito grande da opinião pública.
 
Em 2004, aliados da sua campanha diziam que Marta Suplicy (PT) não venceria a eleição porque tinha rejeição muita alta (32%). O PSDB passa por situação parecida. Preocupa?
Você deveria convidar um pesquisador para vir analisar. Eu sou candidato. Eu vou ganhar a eleição. Tem muito chão pela frente. Serão dias intensos.
 
A prefeitura do Rio, apesar de ter um orçamento menor, recebeu mais investimentos do governo federal do que São Paulo. O sr. fala muito da importância da parceria com o governo estadual. E com o governo federal?
É falso que a administração municipal recorreu pouco ao governo federal. É uma coisa que o PT tem dito, e as pessoas têm repetido sem verificar. Não é verdade. O parceiro prioritário é o governo estadual. Em qualquer estado brasileiro, a parceria fundamental é entre a capital e o governo do estado.
 
Sendo candidato do PSDB, que é oposição no plano federal, o sr. se considera com condições de manter boa relação com o governo federal?
Perfeitamente. Como mantive com o Lula quando fui prefeito e governador. O que está tendo agora é uma questão eleitoral de dizer “se vier algum prefeito ligado ao PT, vamos inundar de dinheiro a cidade”. Isso é fantasia. Fizemos parceria até no Expresso Tiradentes, na época. Agora, não houve leniência da prefeitura. A UPA do Rio, feita dois anos depois, foi baseada nas AMAs (unidades de Atendimento Médico Ambulatorial) de São Paulo. As UPAs foram financiadas pelo governo federal, e aqui a prefeitura vivia pedindo que financiasse as AMAS. Não foi falta de pedido. O programa de creches federal não existiu na prática. Eles ficam falando mas não existiu. Isso é tudo coisa eleitoral.
 
Esperava a entrada do ex-presidente Lula com tanta força em SP?
Sim. A especialidade do Lula nunca foi governar, mas fazer campanha. Imagina se ele vai perder uma campanha!
 
O senhor pediu ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para aparecer na sua campanha?
O presidente Fernando Henrique está aí, é uma reserva moral para o país. O presidente fará o que achar melhor. Ele é um grande amigo nosso.
 
Para 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) é um nome natural?
Não vou falar sobre 2014. Deixa passar 2012. Só faltava discutir agora quem será o candidato do PSDB em 2014. Eu não vou.
 
O senhor fica na prefeitura até o fim do mandato?
Claro.
 
Os planos de disputar a nova eleição presidencial ficam para 2018?
Fico até envaidecido de se preocuparem com o que vou fazer em 2018. Significa que estou em grande forma.
 
O Maluf está apoiando Haddad, mas o PSDB tentou a aliança com ele para a sua campanha. O senhor gostaria de ter o apoio do Maluf?
Não. Hoje não.
 
E no segundo turno?
Não faz diferença.
 
A que atribui o crescimento de Russomanno?
Eu não me sinto confortável de ficar analisando o porquê da subida dos adversários. Não ganho meio voto nem perco meio voto. É inútil.
 
O trânsito é um dos piores problemas da cidade. Qual sua proposta?
É dos piores problemas, e me pergunto o que teria acontecido caso não tivéssemos investido tanto na cidade. Como governador fiz um dos maiores investimentos da História no metrô. O número de passageiros duplicou em relação a meados da década. Passou de 3,5 milhões para 7 milhões. O Rodoanel tirou de dentro da cidade caminhões que iam para o Porto de Santos. A Nova Marginal, não que seja um paraíso, melhorou muito. Qual o problema? É que entram 500 a 700 carros (novos) por dia em São Paulo. De 2005 para cá, os veículos aumentaram 35%. Tem que investir na área de trilhos, o metrô, o monotrilho e o trem.
 
Foi equívoco do governo federal dar isenção fiscal para a compra de automóveis para enfrentar a crise?
Seria demasia dizer que foi equívoco. Naquele momento, ajudou a manter o emprego. Foi opção do governo Lula. Em vez de aumentar investimentos e abaixar juros na crise de 2008 e 2009, preferiram aumentar salário do funcionalismo e turbinar o consumo. Foi uma estratégia. Eu teria feito a outra. O governo da Dilma está tentando fazer o que estou dizendo que seria correto. É uma autocrítica em relação à gestão anterior. O governo federal nunca se voltou para o metrô. Tem o projeto do trem-bala entre São Paulo e Rio que não tem pé nem cabeça. Vai gastar R$ 70 bilhões para uma demanda escassa, sem resolver os problemas.
 
Como pretende, se eleito, conseguir recursos e tirar do papel promessas para a área de transporte?
A prefeitura tem dinheiro em caixa. Mas tem que ter capacidade para fazer operações de crédito (empréstimos), o que, modéstia à parte, é especialidade minha. Fiz muito isso quando ministro do Planejamento. São Paulo tem outras possibilidades de receita. Uma delas são as operações urbanas. Outras são as parcerias com a iniciativa privada. Vocês podem ver que falo com muito mais agrado das coisas que quero fazer.
 
A que horas tem ido dormir?
Varia muito agora. Por mim faria tudo de madrugada, o grosso, quero dizer. Não sou eu que marco os horários. Digo aos candidatos novatos a vereador e deputados que tem que ser paranoico. Candidato que está muito seguro não é uma boa.
 
O senhor está mais para paranoico ou seguro?
Nem um nem outro. Como já fiz muito análise, mais ou menos tenho domínio do quadro psicológico.
 
(Entrevista concedida ao O Globo)

28 comentários

Corona, chega de choro e vamos levar o Serra para o segundo turno. Lá ná frente a gente lava a roupa suja.

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A campanha está muito lenta e sem novidades. Isso é que faz crescer Russomano e outros. Mais nada.

Fazer uma campanha assim é difícil, pois, fica da defensiva enquanto os demais sobem. Essa eleição, normalmente, não teria segundo turno.

Precisa mudar, sim. Senão corre o risco de ficar fora do segundo turno.

Ele já admite segundo turno, mas, precisa melhorar s índices para estar lá. Ou seja, tem de derrubar Russomano e obstaculizar Haddad.
O resto é falação.

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Cel
Sinto muito mas o Serra não irá p/ o 2º turno. Ele está colhendo o que plantou, pois o seu pior adversário é ele mesmo.
Esther

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Ou ataca o Russomanno ou já era.

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Cel

Serra esta delirando!

A cada pesquisa ele perde um pouco justamente por que seus colegas de partido, PSDB, nunca se entendem e para o eleitor não é agora que vão ficar em harmonia.

Com o posicionamento do STF outros partidos que sairão destas eleições com tamanho reduzido são o PT e o DEM.

Agora acabou o papo de marqueteiro. Conversa de vendedor de algodão por veludo a lá Silvio Santos. Os politicos devem mostrar serviço.

Átila

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Segundo turno: Voto NULO!!

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Estranho seria se ele não dissesse isso... Estranho será se ele acertar o seu prognóstico.......

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kkkkkkkkkkkkk


A casa caindo e o marqueteiro repete o programa na TV.





Coronel,

O Senador Aloysio Nunes exibiu FHC na TV em 2010 e foi eleito com 30% dos votos válidos. O Serra só tem 20%, porque não apelar para FHC ? Pelo menos com 30% ele chega ao segundo turno.

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Corona, eu não sou paulista, não vivo o dia-a-dia da cidade e do estado, mas se fosse eleitor em SP certamente votaria no Serra, como já fiz duas vezes para Presidente, porque considero que o Serra é um homem honesto e tem capacidade administrativa, aliás, reconhecida pelo próprio eleitorado paulista. Entretanto, ao que me parece, o Serra perde pra ele mesmo, porque é muito, mas muito ruim de política. Não compreende que com o PT só existe um tratamento possível, que é a porrada, o enfrentamento, o combate. Isso de não mostrar o Mensalão na campanha é ridículo! Não mostra por que? Ora, se fosse o contrário, o PT iria chupar a laranja até o bagaço, não tenha dúvida. Se o Serra sabe que sua rejeição está sendo artificialmente criada pelo PT e pela imprensa companheira, é ora de criar também a rejeição ao Haddad, jogando na TV a incompetência do bobalhão à frente do MEC, o kit gay, associar o Haddad aos escândalos do PT, etc. Posar de bom moço e de equilibrado não conduz a nada, até porque o PT bate sem parar!!!
Será que o Serra já pensou que se perder essa eleição sua vida política estará acabada? Pois é...Bem que ele podia ser valente ao menos uma vez, tirar o comando da campanha da mão dos marqueteiros e fazer o que tem de ser feito. Senão, meu caro, vai perder de novo, infelizmente...

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Voto em José Serra!

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Caro Coronel: Já está na hora do Serra sair.

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Está na hora de explorar aquilo que está claro na cabeça do eleitor, relação MENSALÃO x PT, aliás está passando da hora de começar a atazanar o candidato do PT naquilo que está bem claro: INCOMPETÊNCIA no ministério de educação... munição não falta.

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Russomano tá faturando em função da Movimentação paulatina da IURD contra o Kit Gay, e seu mentor..

Mais de 40% dos eleitores só decide o voto na última semana, quando a pesquiza se cristaliza, até lá, é (15%.. 20%.. 30%..) de
(60%) dos votos..

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O que importa quem será o prefeito de São Paulo? quem escolhe é o povo. Ele que deve enxergar atributos nos políticos; responsabilidade política; trabalho; honestidade e principalmente competência para gerir uma cidade como São Paulo. É direito e responsabilidade do povo. Vou repetir, responsabilidade do povo, o resto é torcida!

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Serra precisa parar de falar manso e começar a chutar canelas, se não, não vai ao segundo turno com esse discurso de sacristão ninguém ouve!

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Coronel,

ele precisa expor a verdade podre do PT!

Não criará falsos dossiês, não jogará lama no nome do adversário.

Só falará verdades, nuas e cruas:
O Haddad acabou com o ENEM, é sim o pai do Kit-gay e dos vídeos contra nossas forças armadas.

Não terminou negociações com os professores universitários e aí está o caos instalado. São quase 100 dias de greve ou mais, das federais!

Se não dá conta de um ministério vai dar conta de uma metrópole como São Paulo??

Mãos à obra Serra: mostre o que de bom fez e mostre os horrores que o adversário praticou. AGORA!

E paulistas e paulistanos, por favor: votem no Serra!
São Paulo não pode cair nas mãos do PT!
Abram os olhos!

Flor Lilás

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Dizer que não fala de 2014 é o mesmo que deixar em suspenso se fica ou não na prefeitura, kcte. Diga que vai ajudar quem for o candidato em 2014.

Mago

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Serra eh uma alma muito pura para estar na politica nacional. Deveria ir para o Vaticano. Um santo.

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A extrema direita vai migrar para a Katia Abreu !

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"Vamos para o segundo turno e vamos ganhar essa eleição”.
Hué! Acordou? Pensei que ele estava se lixando e nós é que tínhamos de fazer todo o esforço...

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Cel
O Serra não vai para o 2º turno e nem ganhará as eleições.
Lutar não é com ele, parece que tem preguiça de fazer propaganda política.
Esther

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Se Serra não for ao segundo turno, anulo o meu voto. No incompetente Hadad eu não voto; e em Russomano e Chalita também não, visto que com êles o PT vai mandar em Sampa de qualquer forma.

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Amigo meu (não posso dar o nome) teve uma longa conversa a sós com o Serra algumas semanas antes dele se candidatar. A conversa girou sobre os erros da campanha de 2010. O amigo quis saber de Serra a razão dele ter começado aquela campanha com uma foto ao lado do Lula. A resposta é esclarecedora -- e estarrecedora: "não dava para brigar contra a popularidade do Lula". Serra podia ter brigado e perdido, mas teria perdido com a bandeira que lhe serviria agora. Hoje é um candidato bom, homem digno, político competente, administrador idem -- mas sem uma bandeira. E velho, cansado, com a cara de quem está sempre sofrendo pelo que está fazendo. Vou votar nele em qualquer circunstância, mas acho que ele não ganha. Talvez vá para o segundo turno. Talvez. Duvido muito. Se o Serra agisse como faz análise política....mas, infelizmente, não consegue.

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Se Serra quer ir para o segundo turno e vencer, tem que fazer uma de duas coisas: a) combinar isso previamente com Russomano e Haddad; b) trocar de marqueteiro e deixar as delicadezas de lado.

Sorriso e acenos não ganham eleição.

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VOTO NULO é votar no pt.

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CONCORDO TOTALMENTE e reproduzo na íntegra pensamento idêntico ao meu.
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Anônimo disse...
VOTO NULO é votar no pt.

31 de agosto de 2012 21:23

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Serra e seus assessores tucanos são burro e, ao que parece, também masoquistas pois vão levar porrada nessa eleição mais uma vez. E reverter o quadro negativo para ele é fácil. BASTA UMA COISA : lembrar ao povo que Haddad esta associado à corrupção do mensalão e que Russomano é um adesista demagogo e, quando no poder fará acordos com o PT.Só isso e o povo responderá positivamente.

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É 10! É 10!

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