Não há a mínima dúvida que o maior artíficie do poste não foi Lula. Foi José Agripino Maia, senador pelo DEM, quando não sustentou as suas afirmações a respeito de Dilma Rousseff, sendo por ela calado e humilhado dentro do Senado. Não teve coragem para a tréplica. Viu ali enterrada a sua chance de ser o vice de José Serra, pois aquele momento de covardia destruiria a campanha. Mais tarde, na cisão do DEM, que deu origem ao PSD, Agripino ficou até a última hora, até a undécima hora, escolhendo de que lado estaria. Sem chance de protagonismo no novo partido, ficou com o DEM e virou presidente da legenda. A partir daí, moveu uma furiosa perseguição contra o PSD, primeiro tentando inviabilizá-lo juridicamente, posteriormente comandando uma rede de mentiras e, finalmente, assumindo uma posição agressiva e infantil, tentando manchar reputações, enquanto o seu partido mingua e desaparece. Abaixo, a "corajosa" entrevista do "corajoso" Agripino, publicada pelo Estadão.
Depois de perder 17 de seus 43 deputados federais, um de seis senadores e um dos dois governadores eleitos em 2010 - a maioria para o PSD do prefeito paulistano, Gilberto Kassab -, o DEM quer recuperar espaço nas eleições municipais de 2012 e se fortalecer para 2014, incluindo a hipótese de voo solo para a sucessão presidencial. Para o senador José Agripino Maia (RN), presidente nacional do DEM, o partido perdeu em número de quadros, mas não na essência. Mantendo o discurso crítico ao PT e a defesa de políticas como as privatizações, Agripino afirma que o apoio a um candidato do PSDB em 2014 "não é compulsório". "Se crescermos nas eleições municipais, é evidente que teremos condições de disputar uma eleição presidencial", afirmou. O senador disse que as relações com os ex-correligionários que hoje estão no PSD "são civilizadas, mas é eles para lá e nós para cá".
A criação do PSD foi o mais duro golpe dado contra o DEM?
A criação do PSD foi o mais duro golpe dado contra o DEM?
Eu não diria isso. Foi um golpe que nos atingiu numericamente, mas não na nossa essência. As figuras emblemáticas do partido ficaram todas. O partido perdeu aqueles que fizeram uma clara opção pelo seu interesse pessoal. Os que tinham consciência partidária, aqueles que guardam a história do partido, esses ficaram todos.
O sr. assumiu o partido diante de uma crise interna sem precedentes. Algo poderia ter sido feito para evitar essa debandada?
O sr. assumiu o partido diante de uma crise interna sem precedentes. Algo poderia ter sido feito para evitar essa debandada?
Eu poderia ter feito algo se concordasse com a desfiguração do partido. Em um dado momento, ficou claro que não haveria perda numérica se nos anexássemos a uma outra agremiação ou se mudássemos a orientação do partido. Isso aí nem eu nem os que ficaram concordavam.
Alguns sugeriram que o DEM poderia ser incorporado ao PSDB. Essa possibilidade existe?
Alguns sugeriram que o DEM poderia ser incorporado ao PSDB. Essa possibilidade existe?
Essa hipótese não está nas nossas conjecturas. O DEM é um partido que, se perdeu as eleições, a ele está reservado o papel de oposição. A democracia é governo e oposição.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o PSDB perdeu, até certo ponto, o rumo. O sr. também pensa assim?
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o PSDB perdeu, até certo ponto, o rumo. O sr. também pensa assim?
O PSDB não está sem rumo. Ele está precisando se reencontrar. O PSDB é outro partido que, como nós, tem história. O que é preciso é o partido se reencontrar com sua história. O PSDB tem de se reencontrar com a formulação programática que deu os ganhos que o Brasil teve com o governo Fernando Henrique Cardoso/Marco Maciel.
E o que fez o PSDB se desencontrar?
E o que fez o PSDB se desencontrar?
Fica difícil fazer uma avaliação crítica de um parceiro, mas vamos lá. Nas campanhas eleitorais, o PSDB - e isso é uma crítica feita de modo geral - permitiu que transformassem o processo de privatização em uma coisa demonizada, quando na verdade foi importante. O PSDB intimidou-se da necessidade de defender a modernidade frente à caridade defendida pelo PT.
Quem é hoje o maior inimigo do DEM? É o PT ou o PSD?
Quem é hoje o maior inimigo do DEM? É o PT ou o PSD?
São as ideias atrasadas. O tamanho gigante da máquina pública, o gasto público desmesurado, a carga de impostos incivilizada, esses são nossos grandes inimigos. E é claro que o PT defende isso tudo. O PT pratica isso. O PT e todos aqueles que dão guarida ao PT.
Como ficaram as relações do partido com os ex-filiados que migraram para o PSD?
Como ficaram as relações do partido com os ex-filiados que migraram para o PSD?
São civilizadas, mas eles para lá e nós para cá.
Há a hipótese de o DEM fazer alianças regionais ou nacionais com o PSD?
Há a hipótese de o DEM fazer alianças regionais ou nacionais com o PSD?
O PSD é um partido feito por pessoas que não têm uma história. O DEM tem uma história. Na hora que fizermos uma aliança com o PSD, nós estaremos emprestando nossa história a quem não tem história.
Então não há possibilidade de o DEM apoiar em São Paulo uma aliança que inclua o PSD?
Então não há possibilidade de o DEM apoiar em São Paulo uma aliança que inclua o PSD?
Não posso falar sobre fatos que vão ocorrer no ano que entra, mas não está nos planos.
Como o DEM pretende recuperar o espaço perdido nas eleições municipais de 2012?
Como o DEM pretende recuperar o espaço perdido nas eleições municipais de 2012?
O DEM não tem hoje nenhum prefeito nas capitais, mas temos candidatos fortes em Aracaju, Campo Grande, Salvador, Recife e Fortaleza. Nós entramos na disputa de 2012 com uma chance de sermos maiores do que somos hoje. A expectativa para as eleições municipais, considerado o quadro que existe hoje, é de franco crescimento.
Os partidos de oposição falharam no primeiro ano de gestão da presidente Dilma Rousseff?
Os partidos de oposição falharam no primeiro ano de gestão da presidente Dilma Rousseff?
Eu acho que não falharam. Toda administração em começo de governo é muito forte. A oposição tem feito seu papel. Agora, infelizmente, nós não temos mais um número suficiente de parlamentares para instalarmos CPIs. E o governo federal tem conseguido, apesar de tudo, com o número que dispõe, evitar processos efetivos de investigação. As demissões ministeriais têm ocorrido por pressão da imprensa, da oposição e da opinião pública, nunca por iniciativa do governo. Essa história de faxina é para inglês ver.
O DEM leva a sério a hipótese de candidatura própria em 2014?
O DEM leva a sério a hipótese de candidatura própria em 2014?
É claro que é para valer. Um partido com a história do DEM não pode perder de vista a perspectiva de participar de eleições presidenciais. A meta, de forma muito pragmática, é crescer em 2012. Se crescermos, é evidente que teremos condições de disputar uma eleição presidencial. Nossa interlocução preferencial é com o PSDB, mas não é compulsória. Temos a obrigação de buscarmos os caminhos do nosso crescimento e, mais na frente, vamos avaliar as conveniências partidárias para termos alianças ou não.
O sr. considera desgastada a polarização entre PT e PSDB?
O sr. considera desgastada a polarização entre PT e PSDB?
Os fatos estão mostrando que, dentro da própria base do governo federal, há o surgimento de pretensões novas. A aliança do PSB com o PSD em torno do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a posição do PMDB de luta por hegemonia mostram claramente que esses partidos têm pretensões e que, na hora certa, essas pretensões vão ser colocadas na mesa.
9 comentários
Que fiquem com a história, enquanto isso o PSD avança.
ReplyEu nutria uma grande admiração pelo senador José Agripino, pelo combate que ele dava ao velhaco, até o dia fatidico em que ele se calou diante do "Poste".
ReplyNum momento de vacilação, ele acabou com todo trabalho que até então que até então, ele tinha feito.
O DEM e o PSDB esqueceram que o adversário político é o PT.
ReplyNão tenho muita simpatia com o DEM, mas não tenho nenhuma pelo partido do Kassab, ainda mais que eles estão trocando sorrisos com a bandidagem petista e sua base aliada.
ReplyEsse partido do Kassab vai vender muito caro o seu apoio.
Dá dó do Agripino, que já teve melhores dias. Melhor nem comentar.
ReplyLembra aquele personagem da tv, o "ah, é?!", que só dá uma de macho depois que o fato passou.
Coronel,
Replynão só contra a Dilma, também contra o velhaco. Bastou o líder do governo no senado lembrar seus empréstimos subsidiados no BNDES e o "valente" se calou.
Não é verdade que José Agripino pensou em ir para o PSD,ele, Demóstenes,Ronaldo Caiado e Onyx Lorenzoni sempre foram os que mais defenderam o partido.Os que saíram,fizeram com desculpas esfarrapadas tendo em vista projetos pessoais e na oposição seria mais difícil,daí fundaram este partido meia bomba.
ReplySera que Agripino Maia será eternamente condenado por um ato falho?Ele fez e faz muitas coisas boas pró-Brasil,se errou 1% já vem todos em cima,ora cobrem do Aécio,vejo muitas pessoas defendendo o Aécio mesmo depois não de atos falhos,mas de falta de compromisso mesmo.
Acho que o Agripino é até complacente com este PSD,o que fizeram foi sacanagem mesmo,usaram o partido para se elegerem,até porque duvido que muitos seriam eleitos se estivessem em partidos de pouca expressão ou representação histórica e com a história mais furada e armada do mundo montaram este frankstein.
ReplyCel
ReplyLi por aí que o Kassab está procurando fazer aliança com o PT aqui em S. Paulo, nas eleições p/ a prefeitura. Será o seu fim se assim agir. Não vai ter Meirelles que supere esta pisada de bola. Espero que não seja verdade, afinal o Kassab é uma pessoa inteligente que não iria enterrar sua carreir apolítica assim tão fácil.
Esther