Tasso Jereissatti, que perdeu o cargo de senador para Lula o cargo, agora vê o PSDB sumindo no Ceará pela ação de Ciro Gomes. No entanto, ele continua presidindo a poderosa Fundação Teotônio Vilela, ditando os rumos estratégicos do partido. 

A volta ao velho domicílio eleitoral foi a senha da gana com que o ex-deputado Ciro Gomes (PSB) retomaria a ação política no Ceará. Arrependido da transferência do título de eleitor para São Paulo, em 2009, a pedido do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro deflagrou uma ofensiva para ampliar interior afora a base de apoio do irmão, o governador Cid Gomes (PSB). E quem pagou a conta da operação foi o agora desafeto Tasso Jereissati, ex-senador do PSDB. As andanças de Ciro já custaram ao PSDB no Ceará a exata metade do cacife de Tasso no interior: 26 dos 52 prefeitos tucanos deixaram a legenda. A bancada federal - que já ostentou o título de maior do Brasil, quando tinha 14 deputados - hoje tem apenas um representante. E também há baixas na Assembleia Legislativa: dos oito estaduais eleitos pelo PSDB, sobraram apenas os dois dos quais Ciro fez questão de desdenhar publicamente.

Ao participar de um seminário sobre o desenvolvimento do sertão cearense, no início de outubro, Ciro disse que o ex-padrinho político 'não merecia' passar pela situação que amarga hoje, 'depois de tudo o que fez pelo Ceará'. Mas arrematou, em tom ácido: 'Não merecia ficar com dois deputados estaduais: um porque é parente e outro porque é doido e ninguém quer'. João Jaime, o 'parente' citado por Ciro, não protestou, mas o deputado estadual Fernando Hugo fez questão de rebater as declarações. Em nota, defendeu Tasso e lembrou que está no sexto mandato consecutivo na Assembleia. 'Tasso Jereissati foi traiçoeiramente apunhalado pelas costas pelos Judas Escariotes (sic) que estão no poder', escreveu Hugo, que devolveu a provocação. Além de lembrar que o 'mundo da honestidade é dos doidos', disse que nunca se prestou a 'lamber botas' de Lula, transferindo o título eleitoral como 'um capacho e serviçal'. (Do Estadão)