Certa imprensa deveria estar revoltada contra o anonimato no STF e não nas redes sociais.

Em meio à campanha Lula no SUS, que corre como um rastilho de pólvora nas redes sociais, o que mais incomoda os jornalistas pelegos ou cínicos é o anonimato. No entanto, Gilberto Dimenstein e outros assemelhados não demonstram indignação alguma com o fato de que 152 políticos, cujos crimes são investigados pelo STF, são mantidos na suprema corte na condição de anônimos. Mesmo quando não há segredo de Justiça, o supremo órgão do Judiciário esconde os nomes os réus. Só divulga as iniciais. Este anonimato é que deveria incomodar determinada imprensa, supostamente democrática. Leiam, abaixo, matéria do Estadão.

O Supremo Tribunal Federal (STF) mantém em sigilo a identidade de 152 autoridades suspeitas de cometer crimes. Um procedimento adotado no ano passado como exceção, que visava a proteger as investigações, acabou tornando-se regra e passou a blindar deputados, senadores e ministros de Estado. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo em aproximadamente 200 inquéritos mostrou que os nomes dos investigados são ocultados.  Apenas suas iniciais são expressas, mesmo que o processo não tramite em segredo de Justiça, o que torna praticamente impossível descobrir quem está sendo alvo de investigação. O jornal já havia revelado, em dezembro do ano passado, a adoção dessa prática no STF.

O inquérito aberto contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada recebendo dinheiro do esquema do mensalão do DEM no Distrito Federal, aparece no site do Supremo apenas com as iniciais da parlamentar: JMR (Jaqueline Maria Roriz). Outros seis inquéritos trazem as iniciais L.L.F.F. Só foi possível identificar que o investigado era o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) porque outra investigação com a mesma sigla foi levada ao plenário do tribunal recentemente.

Em outros casos, é possível inferir quem é o investigado por meio de uma pesquisa. Sabendo que a investigação foi aberta em um Estado específico, é necessário cruzar as iniciais com todos os nomes de deputados e senadores eleitos por esse mesmo Estado. Por esse procedimento é possível inferir que um inquérito aberto contra L.H.S. em Santa Catarina envolve o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC). Nesse caso, o jornal O Estado de S. Paulo confirmou que se trata efetivamente do parlamentar e ex-governador catarinense. Mas na maioria das vezes essa pesquisa não é suficiente para saber quem está sob investigação no Supremo.

A regra de identificar os investigados no STF apenas pelas iniciais foi baixada pelo presidente do tribunal, ministro Cezar Peluso, no fim do ano passado. O levantamento nos mais de 200 inquéritos mostrou que apenas o ministro Celso de Mello tem como padrão tirar essa proteção a investigados com foro privilegiado. Ele já tem despacho padrão para esses casos e é a primeira providência que adota quando o processo chega a suas mãos. O primeiro desses despachos foi dado no processo que envolve o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ari Pargendler, acusado de injúria por um ex-estagiário do STJ. Na decisão, Celso de Mello afirma que o sigilo e o tratamento diferenciado a essas autoridades são incompatíveis com o princípio republicano: "Cabe acentuar, desde logo, que nada deve justificar, em princípio, a tramitação, em regime de sigilo, de qualquer procedimento que tenha curso em juízo, pois, na matéria, deve prevalecer a cláusula da publicidade".

"Não custa rememorar, tal como sempre tenho assinalado nesta Suprema Corte, que os estatutos do poder, numa República fundada em bases democráticas, não podem privilegiar o mistério", acrescentou. Crítico do procedimento criado por Peluso, o ministro Marco Aurélio Mello também retirou esse segredo em três dos processos que estavam em seu gabinete.  Num deles, ressaltou ser "princípio básico, na administração pública, a publicidade dos atos". E lembrou que o processo, antes de o investigado se tornar deputado, tramitou em outro tribunal sem esse sigilo. Por isso, mandou que fosse retificada a autuação para que constasse o nome inteiro do deputado Fernando Jordão (PMDB-RJ). No entanto, apesar de ter alterado alguns dos inquéritos que estão sob sua relatoria, Marco Aurélio ainda cuida de alguns que trazem apenas as iniciais dos nomes dos investigados.  Os demais ministros do Supremo não alteram a autuação dos inquéritos. Por isso, praticamente todos os procedimentos que chegaram ao STF nos últimos meses tramitam sem que se possa saber quem está sendo investigado.

15 comentários

E aí galera do STF, cadê a turminha do mensalão?

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Escudeiro da Verdade mod

É incrível como, ainda, possam existir pessoas que vivem do jornalismo (comunicação) e mal compreendem a personalidade do povo brasileiro.

Não temos um senso de humor britânico, nem menos uma postura dinamarquesa ou um comportamento nipônico frente aos problemas de ordem político-social.

O brasileiro há muito tempo, já escolheu sua forma de luta contra os poderosos. Derruba políticos na chacota.

É fazendo sátira, humor negro, execrando o mal feitor até tatuá-lo um estigma.

Da mesma forma somos extremamente tolerantes com a corrupção e boa parte da população vê um político como uma espécie de homem divinizado.

Se estas características são boas ou ruins, não importa. E, só cresceremos - em termos éticos - quando os bons exemplos forem modelos comportamentais por parte daqueles que estão no comando.

Como diria Jorge Kajuru: "Nos tiraram tudo, querem tirar também o nosso sagrado direito à indignação?"

Aos jornalistas, blogueiros e políticos que se dizem politicamente corretos, mas adoram uma bolsa-mídia:

VÃO TOMAR NO SUS!!!

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Só mesmo o braço jurídico do PT para puxar o saco desses bandidos.

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E aí, distintos senhores do STF, quando é que esse governo vai cumprir ordens judiciais? É uma vergonha!

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É simplesmente vergonhoso esse comportamento. Não creio que haja, no mundo inteiro, um tribunal que se submeta à esses expedientes. Cagliostro

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Coronel,
quando a única instituição, a última esperança do cidadão recorrer para se proteger dos desmandos e agressões está corrompida, apelar à quem?

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nenhum vagabundo das redações ira escrever sobre isso...

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Justiça, ora, a apenas dita justiça ...

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Mas não existe um telefone para fazer denuncias anônimas?Quer dizer que é inconstitucional?SAFADOS.

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Que coisa vergonhosa o STF, bota vergonha nisso!!!!!

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Além do que, caso estivessem preocupados com a realidade, ao invés de ficarem elogiando a doença tratável do ex-presidente, teriam percebido que por pouco, os mensaleiros não conseguem emplacar um projeto de anistia deles na CCJ da Câmara dos deputados. E nada impede que consigam livrar os envolvidos no mensalão, se ficarem preocupados com o que ocorre na rede.

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Os 3 poderes se amam.
Tudo pelos 20, 30, 40, 50% de roubo de dinheiro público, brasilia Anonymous hahahah

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Esse procedimento adotado mostra muito bem de que lado esta a IN-justiça Brasileira.

Tá uma beleza !

TÁ TUDO DOMINADO !

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CORONEL, a mais nova campanha da internet é - O MINISTÉRIO DA SAUDE ADVERTE- MENTIR MUITO DÁ CANCER NA GARGANTA.

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Que tal um anonimato diferente? Os Ministros do STF poderiam julgar sem saber quem são os réus!
Será que faz diferença para eles saber se o réu é um Ministro ou um caseiro?
Deve fazer já que estão ocultando o nome de réu quando político sem necessidade. Só pode ser para protege-los!!!
Que vergonha, me sinto em Cuba.
Gino/SP

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